Era quinta feira. Adrien teria uma reunião com o dono do hospital, o senhor Damoclès. Passava a ele um relatório semanal a respeito dos pacientes mais graves. O diretor pegou os papéis, passou os olhos e perguntou sobre a moça do acidente.
Dr Adrien:_O senhor quer saber sobre a M?
Sr Damoclès:_Sim. Já descobriram algo sobre ela? Parentes, contatos, qualquer informação?
Dr Adrien:_Estou trabalhando nisso.
Sr Damoclès:_Já comunicou à polícia?
Dr Adrien:_ Sim (mentiu). Não há nada sobre ela.
Sr Damoclès:_Entendo. Bem, nossa política nesses casos, é de manter o paciente por no máximo 30 dias. Se nesse tempo ninguém aparecer para procurá-la, vamos transferi-la para um hospital público. Não posso me responsabilizar pelos gastos de um indigente.
Dr Adrien:_ Eu me responsabilizo pelos seus gastos.
Sr Damoclès:_ Dr Adrien, não torne isso pessoal. A política do hospital não permite tal atitude.
Dr Adrien:_Se está preocupado unicamente com as despesas, elas ficam por minha conta. Ela é minha paciente e a decisão é minha.
Sr Damoclès:_Pelo que sei, ela é paciente da Dra Alya. Não ponha palavras na minha boca ou me subestime, rapaz. Eu não disse que não me importo com a moça. Só estou te lembrando das regras do hospital, regras que você me ajudou a implementar quando aceitou o cargo de chefe da cirurgia - disse seriamente. Nossa reunião acabou, pode se retirar.
Adrien saiu de lá furioso. Tinha uma corrida contra o tempo para fazer com que M acordasse ou ela sairia de sua supervisão. Passou o resto da manhã cuidando de sua rotina. À tarde, faria uma cirurgia em uma criança. Estava nervoso. Por mais que operasse há anos, sempre ficava apreensivo quando o paciente era criança. E seu paciente era Bryan, um menino de 11 anos, com epilepsia. Adrien faria uma cirurgia experimental, que prometia 90% de sucesso. Foi até a cantina, tomou um café e foi para seu consultório receber seu paciente.
Lá estava o menino com seus pais. O Dr Adrien explicou todo o procedimento e lhes tirou todas as dúvidas. Ao final da conversa, o garotinho lhe entregou uma miniatura da torre Eiffel. Os pais disseram que tinham ido com ele lá para fazer um passeio e que o menino pediu que a mãe lhe comprasse duas torres: uma para ele e uma para o doutor que ia operá-lo. Adrien sorriu, afagou a cabeça do garoto e agradeceu o presente.
Prepararam a criança para a cirurgia. Dessa vez, o Dr Nino seria seu assistente, já que era folga de Alya. Começaram os procedimentos e a cirurgia foi um sucesso. Adrien saiu do centro cirúrgico aliviado e exausto. Já eram quase 11 da noite e ele foi para casa. Chegou e seu sofá estava inteiro e limpo. Plagg realmente não tinha gostado dele, ou qualquer outra coisa assim. Tomou banho, comeu e foi pra cama. Pensou se poderia sonhar novamente com M.
A noite passou e Adrien acordou com os latidos de Plagg às 7 da manhã. Era Chloe chegando com café e rosquinhas. Adrien perguntou por que ela estava ali àquela hora e ela disse que teria que ir para seu consultório mais cedo para atender um paciente fora da agenda. Adrien tomou café com ela e logo se arrumou para sair. No caminho para o hospital lembrou de M e se deu conta que não tinha sonhado com ela naquela noite. Ficou meio desapontado, na verdade ele queria muito que aquele sonho se repetisse. Encontrou Alya no estacionamento e os dois entraram no elevador.
Dra Alya:_E então? Sonhou com a sua "Bela Adormecida" hoje?
Dr Adrien:_ Infelizmente não - disse triste
Dra Alya:_Meu amigo, não me diga que está se apaixonando por alguém que você nem sequer conhece!
Dr Adrien:_ Claro que não, Alya. Você me conhece muito bem.
Dra Alya:_E é por isso mesmo que estou perguntando. Adrien, isso foi um sonho. Nada garante que essa pessoa do sonho seja a mesma que está naquele quarto do hospital...
Dr Adrien:_ Alya, você viu os olhos dela?
Dra Alya:_Sim, vi no dia que ela chegou. Por que?
Dr Adrien:_Eu os vi?
Dra Alya:_ Não que eu saiba...
Dr Adrien:_ Os olhos da garota do meu sonho eram azuis. Exatamente o mesmo azul dos olhos de M.
Dra Alya:_Tá, isso é estranho...
Dr Adrien:_Pode parecer loucura, mas eu queria sonhar com ela de novo...
Dra Alya:_Por que você não repete exatamente o que fez na noite que sonhou com ela? Vai alguma coisa influenciou no seu sono...(eu não acredito que tô dando força pra essa loucura)
Dr Adrien:_É, talvez você tenha razão, não custa tentar...
Chegaram ao andar do hospital. Alya foi a procura de Nino e Adrien foi para a sua sala. Colocou seu jaleco branco e sentiu algo em seu bolso. Era a miniatura da torre Eiffel que ele ganhara do garotinho. Colocou-a sobre a sua mesa e foi ver seu paciente mirim. A cirurgia tinha sido um sucesso e o garoto ficaria livre da epilepsia. Precisaria de mais uns dias internado antes de ter alta. Mais um dia exaustivo se passou e ele, dessa vez, foi embora um pouco mais cedo. Passou no restaurante onde Chloe tinha comprado o jantar deles no outro dia e pediu exatamente a mesma comida. Foi para casa, tentou lembrar daquela noite e fez tudo o mais igualmente possível. Ligou a tv, deitou no sofá e fechou os olhos...
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Te vejo nos teus sonhos
Storie d'amoreÉ possível amar alguém que só existe nos seus sonhos? E quando você desperta, consegue viver só de realidade? Um médico que só acredita na ciência, pode acreditar em milagres? Acompanhe essa história de amor e se surpreenda no final...