III

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Acordei no dia seguinte com muita dor e febre, levantei, fui até o banheiro lavar o rosto e vi que o lado esquerdo perto da minha boca e bochecha estavam roxos. Suspirei, escovei os dentes, tomei os meus remédios, tomei banho, parei na frente do espelho e falei baixinho:

— Só faltam alguns meses, Joseph... Seja forte, você já chegou até aqui.

Me arrumei, peguei minha mochila, fui até a cozinha, peguei uma compressa e coloquei em meu rosto. A cozinheira se aproximou, colocou a mão na minha testa e falou:

— Você está com febre, tomou remédio?

A olhei e falei:

— Tomei sim, Ana.

Ela me olhou e falou:

— Tem certeza de que quer ir assim para a aula? E se você passar mal por lá?

Suspirei e falei:

— Eu não tenho muita escolha, não posso ficar perdendo aula por causa de besteira. Já está perto de tudo isso acabar então é melhor eu não dar vacilo.

Ela suspirou e falou:

— Mas você está machucado, Joseph.

Tirei a compressa do rosto, coloquei no congelador e falei:

— Mais machucado está o meu coração e eu ainda continuo sobrevivendo... E tentando seguir adiante.

Suspirei e falei:

— Obrigado pela preocupação, vou tentar chegar mais cedo hoje, quero tentar descansar um pouco antes de começar a fazer minhas tarefas aqui no orfanato.

Ela sorriu preocupada e falou:

— Hoje você está liberado do serviço, a senhora Marta avisou a todos. Ela disse que você precisa descansar e cuidar do machucado para não piorar ou infeccionar. Parece ser simples, mas pode ficar bem feia a situação se não cuidar.

Cruzei os braços e falei:

— Não acredito que ela fez isso, eu estou bem e vai acabar sobrecarregando alguém... E eu não quero isso.

Ela tocou nos meus braços e falou:

— Não se preocupe, um dia de descanso não vai prejudicar ninguém.

Afirmei com a cabeça, me despedi, comecei a caminhar para fora e escutei uma buzina. Quando olhei vi o Mathew me esperando no carro, fui em sua direção e falei:

— Você não precisava fazer isso.

Ele sorriu e falou:

— Bom dia para você também.

O olhei sério, entrei no carro e falei:

— Bom dia.

Ele me olhou, sorriu e falou:

— Cara, você está péssimo, parece que foi atropelado por um trator.

Coloquei o cinto, cruzei os braços e falei:

— Você se olhou no espelho hoje? Não está tão melhor do que eu.

Ele riu, começou a dirigir e falou:

— Digamos que eu levei um esporro do meu pai.

Suspirei e falei:

— Como se isso fosse difícil de imaginar sendo ele quem é.

Ele riu e falou:

— Você realmente não foi com a cara dele não é?

O olhei e falei:

O amor é um conto de falhas.Onde histórias criam vida. Descubra agora