XVII

49 6 0
                                    

O despertador tocou e confesso que eu abri os olhos com dificuldade. Ela deitou por cima de mim, me abraçou e falou com voz de sono:

— Só mais dez minutos, amor... Por favor.

A abracei forte, suspirei e falei:

— Eu também queria mais dez minutos, amor... Mas nós combinamos com eles e não é legal atrasar. Quando chegarmos lá no hotel a gente dorme um pouquinho.

Ela suspirou, me olhou com carinha de sono e eu falei:

— Mas é muito linda mesmo.

Sorri, suas bochechas coraram e ela falou:

— Você é bem mais.

Nos beijamos, eu levantei e falei:

— Eu vou tomar um banho rápido.

Ela sorriu e falou:

— Eu vou arrumando as coisas aqui.

Peguei a toalha, fui parado banheiro, tomei banho, escovei os dentes, refiz o coque do cabelo, me sequei e fui para o quarto enrolado na toalha. Ela me olhou, mordeu o lábio e falou:

— Credo, que delícia.

Sorri, a olhei e falei:

— Sua vez, amor. Vê se não demora muito.

Peguei uma bermuda, uma camiseta e as vesti. Arrumei minhas coisas dentro da mala, tomei meus remédios, juntei as sacolas de levar, minha mochila e coloquei em cima da cama. Fui até a varanda, me encostei e fiquei olhando.

Eu já estava pensando na despedida, eu não queria ir embora deixando ela para trás, porque eu sabia que seriam meses difíceis até poder encontrá-la de novo. Eu não sabia como iria aguentar a saudade, a falta dos beijos, dos abraços, dos carinhos e dos nossos momentos de amor. Antes era mais fácil porque eu ainda não conhecia, não havia sentido na pele. Mas e agora que eu já sabia? Como eu iria me acostumar? A pele tem memória, ela grava sensações, toques, texturas e leva para uma vida toda.

Pouco tempo depois ela me abraçou por trás, deu um beijo nas minhas costas e falou:

— Estou pronta, amor. Está tudo bem?

Sorri de canto e falei:

— Só estava pensando.

Ela ficou de frente para mim, me olhou e falou:

— Em que?

Acariciei seu rosto e falei:

— Em nós...

Ela fechou os olhos sentindo o carinho, sorriu e falou:

— Em nós?

Respirei fundo e falei:

— Em como vou fazer para aguentar a saudade de você.

Ela me abraçou forte e falou:

— Eu também não sei como vou aguentar.

A abracei forte e falei:

— Queria levar você comigo e nunca mais soltar.

Ela se encolheu dentro do abraço e falou:

— E com certeza eu iria.

A olhei e falei:

— Iria mesmo?

Ela sorriu e falou:

— Iria para qualquer lugar com você.

Dei um beijo em sua testa e falei:

O amor é um conto de falhas.Onde histórias criam vida. Descubra agora