Capítulo 4

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Noah Urrea narrando - Aos 18 anos.

Eu pisco atordoado quando ouço suas palavras. Por um momento, minha garganta seca e fico sem reação. Sina olha para o chão como se estivesse envergonhada.

- Por quê? - é tudo o que consigo formular. Por que ela precisa cursar uma faculdade do outro lado do país? Nós temos uma faculdade bem aqui!

- Eu quero conhecer o mundo, Noah. - murmura. - Quero sair dessa pequena bolha onde vivemos e ver como são as coisas em lugares diferentes.

Por um lado, entendo sua visão das coisas. A cidade em que moramos é pequena, e a maioria dos jovens quando tornam-se adultos decidem saírem daqui. Mas isso nunca foi algo que Sina me disse. Nunca.

- Sina... - suspiro bagunçando meus cabelos. - Isso é tão ferrado! Não estamos falando de meia hora de distância. São horas! E por quanto tempo? Três anos?

- Quatro... - revela.

Me sento na beirada da minha cama sem saber o que lhe dizer. Como posso falar que não quero isso? Como posso dizer que estar longe dela é como uma faca cravada no meu coração? Como posso magoá-la desse jeito, e o mais importante, que tipo de pessoa eu seria se impedisse-a de realizar seus sonhos? Não é isso o que devemos fazer, apoiar quem amamos?

- Eu vou sentir sua falta. - murmuro. - Eu vou sentir sua falta pra caralho!

- Vai dar tudo certo, baby. - se aconchega no meu colo. - Eu vou te ligar todos os dias enquanto estiver longe. Será como se eu nunca tivesse partido.

- Você promete? - deito minha cabeça em seu peito. Fecho os meus olhos sentindo seu cafuné.

- Eu prometo. - sei que ela está sorrindo. - Você não vai me esquecer, certo?

Rio baixo com sua pergunta estúpida. - Como se eu fosse capaz disso. - respondo sincero.

Aperto Sina contra mim e ela deixa sua cabeça sobre a minha. A parte egoísta dentro de mim quer trancá-la no meu quarto e não deixá-la sair nunca mais. Quero acordar todos os dias da minha vida ao seu lado e lembrá-la o quanto é amada. Não sei como será a vida escutando apenas sua voz.

- Eu poderia te pedir para ir comigo... - começa. - Mas sabemos que isso não acontecerá.

Não digo nada, pois é verdade. Na mesma intensidade que eu a amo, também amo o lugar onde nasci e fui criado. Não posso abandonar meus planos. Ir para a faculdade local, me tornar um professor, quem sabe, e cuidar dos meus pais.

- O que acontecerá se você não quiser voltar, Sina? - levanto o rosto para olhá-la, porque preciso saber disso. E se ela não voltar mais?

- Se isso acontecer... - acaricia meu rosto. - Significa que eu fui estúpida o bastante para te perder e que você não me merece. - beija a ponta do meu nariz. - Se eu não voltar, Noah, nunca me perdoe por isso. Siga em frente e encontre alguém que jamais te deixará por motivo algum.

Suas palavras não me confortam. Não sei o porquê ela diz isso, mas não falo nada. Tudo o que consigo pensar é como sobreviverei a isso.

[...]

- Bom, é o último ano de vocês. - o professor Graham nos observa. - Gostaria que cada um de vocês escrevesse uma carta. Escrevam sobre o que esperam do futuro ou como estão se sentindo. Ou vocês podem falar tudo o que desejam, mas nunca tiveram coragem. - batuco minha caneta na mesa.

- Até mesmo dos professores que não gostamos? - alguém pergunta no fundo da sala atraindo risadas.

- Sim, Matt! - o professor revira os olhos. - Vocês irão me entregar as cartas dobradas, e eu as guardarei.

Cacos Quebrados Onde histórias criam vida. Descubra agora