Capítulo 5

1.4K 166 270
                                    

Sina Deinert narrando.

É estranho estar de volta ao lugar em que passei minha vida inteira. Eu amava essa pequena cidade, e por muito tempo, ela fora o motivo da minha felicidade. Mas agora, enquanto observo a casa que cresci, tudo parece me corroer por dentro. Não que eu esteja infeliz em estar aqui, mas quando lembranças que você quer apagar mais que tudo insistem em voltar, tudo parece se tornar horrível demais para suportar.

A porta da frente se abre e meus olhos logo encontram com o da minha mãe que, apesar das circunstâncias, me recebe com um sorriso no rosto.

— Ah, querida! — desce as escadas da varanda sorridente e me abraça. — Eu falei que você não precisava se preocupar.

Aperto-a em torno de mim fechando os meus olhos. — Mamãe... — sussurro baixo.

Me sinto horrível por não visitá-la em tantos anos. Me sinto horrível por fazê-la achar que eu não me importava mais com a minha família. Me sinto horrível por estar aqui por um motivo tão desastroso, e não porque a amo. — Eu sinto muito. — engasgo em um soluço.

— Tudo bem, amor. — afaga meus cabelos. — Tudo bem...

Então eu desabo em lágrimas, porque sei que mais uma vez, eu estou prestes a perder tudo de novo.

— Eu sinto tanto, mamãe. — soluço enquanto ela segura meu rosto entre suas mãos. — Eu não queria abandonar nenhum de vocês. — nego. — Mas foi tão difícil... Tão difícil!

— Shh. — encosta sua testa na minha. — Você sempre será minha garotinha, Sina , eu sei que você deve ter seus motivos para fazer o que fez, jamais culparia você por algo.

— Eu senti sua falta. — digo. — Todos os dias.

Ela sorri, mas posso ver em seus olhos a tristeza. E isso é algo que eu nunca me perdoarei, ter escondido as coisas das pessoas quando elas poderiam ter dividido a dor comigo também, porque sei que faria parte da vida delas.

— Vamos entrar. — me puxa para a varanda. — Seu pai irá chegar do trabalho logo e Teddy está no vídeo game. Eles sentem sua falta.

Reprimo o choro mais uma vez. — Eu também senti falta deles.

Quando entramos em casa, um flash me atinge. Sei que é a mesma casa, mas tudo está diferente. A sala não é mais da mesma cor, e os móveis parecem novos e modernos. Olho ao redor buscando algo que eu lembre, mas não há. Tudo mudou, e me pergunto o quanto.

— Vocês reformaram a casa. — observo. — Ficou bonito.

— Obrigada, querida. — sorri. — Nós não saberíamos fazer isso, foi Joalin. Ela se tornou uma decoradora. Lembra-se dela?

Assinto levemente. — Ela fez um belo trabalho. — admito, apesar de nunca ter gostado dela. Talvez fosse implicância boba.

— E ela não cobrou nada por isso! — fala animada. — Você está com fome? A viagem foi longa, você deve estar cansada. — caminha até a escada. — Teddy! — grita. — Desça aqui!

— O professor che.... — Teddy para ao me ver. — Sina ? — sussurra.

Olho para o meu irmão mais novo com admiração. Ele mudou completamente. Está quase da minha altura, e as feições de um adolescente. Com certeza faz sucesso entre as meninas, porque sua beleza é indiscutível.

— Hey! — sorrio fraco. — Você não vai me dar um abraço? — questiono sorridente.

Ele caminha relutante até mim. Sei que deve estar confuso, já que a última vez que nos falamos fora por telefone há muito tempo. Teddy para na minha frente e dou um passo abraçando-o.

Cacos Quebrados Onde histórias criam vida. Descubra agora