Epílogo

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6 anos depois
Noah Urrea narrando.

Escuto o impacto da porta de trás do carro e sorrio para a garota com uma expressão emburrada que acabara de entrar.

— Olá, boneca. — saúdo-a, acelerando o carro. — O cinto!

— Oi, papai... — murmura entortando a boca e obedecendo ao meu pedido.

Encaro-a pelo retrovisor desconfiando de sua expressão, algo não estava certo.

— Aconteceu alguma coisa, querida? — pergunto, estacionando o carro no acostamento e virando-me para trás para olhá-la.

Vejo os olhos da minha garotinha se encherem de lágrimas e meu peito se contrai com a cena.

— Alguém machucou você, boneca? — pergunto. — Você sabe que pode falar qualquer coisa para o papai, certo?

Noalin assente, limpando as lágrimas com as costas de sua mão.

— Eu dividi meu sanduíche com o Cole, papai. — soluça, se referindo ao caçula de Josh, um garoto que provavelmente me daria trabalho com Noalin.

Estremeço apenas em pensar nisso.

— E ele deu para outra menina!

— Tenho certeza de que ele fez isso para ajudá-la, querida. — tento tranquilizá-la.

Noalin me olha curiosa. — Você acha, papai? Ele disse que fez isso porque ela estava chorando quando deixou cair o dela.

— Viu só? — sorrio, esticando-me para cutucá-la. — Ele só estava sendo gentil, boneca. Cole adora você! — sou sincero.

Aquele garoto só faltava lamber o chão que minha filha pisava, e eu com certeza prestava atenção em suas ações.

Noalin Anne Urrea era a garota mais preciosa do mundo. Eu havia sido abençoado de todas as maneiras. Ela era simplesmente perfeita. Apesar de ser apenas uma garotinha, sua inteligência era admirável, assim como o seu coração era cheio de amor. Eu faria tudo por essa garota, se ela me pedisse para saltar de um carro em plena estrada, eu provavelmente faria sorrindo por ela.

Noalin dormia apenas os finais de semana na minha casa, mas eu a buscava todos os dias na escola e a levava comigo, deixando-a na casa de Joalin quando chegava a noite. Eu a alimentava, ajudava com as tarefas da escola e é claro, tentava responder as inúmeras perguntas que ela fazia em todos os momentos.

— Por que Si não veio me buscar também? — pergunta curiosa quando volto a dirigir em direção a nossa casa.

— Ela anda muito cansada ultimamente, boneca. — sorrio ao respondê-la. — Seu irmão está crescendo rápido demais. — digo contente.

Sina já estava na reta final da gravidez, motivo o suficiente para me assustar toda vez que ela emitia qualquer som que eu julgava ser diferente. Mas cada momento era precioso para nós dois. Sina e eu aproveitávamos cada minuto, todos se tornavam únicos e especiais para nós. E imaginar que em poucas semanas meu filho estaria em meus braços, me causava uma enorme sensação de completude.

Quando estaciono o carro na garagem de casa, saio do carro e abro espaço para que minha garotinha salte para fora arrastando sua mochila da Frozen. Noalin sobe a varanda correndo me fazendo revirar os olhos.

— Sem correr, boneca! — alerto e vejo-a reduzir a velocidade. — Boa garota! — elogio, abrindo a porta da frente e observando-a passar apressada, soltando a mochila na entrada.

O que me chama atenção é uma caixa envelopada jogada na varanda, pego-a vendo estar endereçada para Sina.

Quando entro em casa, minha bela esposa está deitada no sofá enquanto acaricia a barriga e um sorriso se forma automaticamente em meu rosto, deixo a caixa sobre a estante, que se encontra no início.

Cacos Quebrados Onde histórias criam vida. Descubra agora