Noah Urrea narrando.
Há momentos na vida em que absolutamente tudo o que você formula é dominado pelo “e se”. Quando a pessoa que mais amei me deixou, o “e se” passou a fazer parte de todos os meus questionamentos.
E se ela se apaixonar por outro homem, o que eu farei? E se ela ficar doente do outro lado do país, quem cuidará dela? E se eu morrer antes de ligar e dizer que a amo? E se ela perceber que não me ama mais? Mas havia uma pergunta que me assombrava mais que qualquer outra. E se ela nunca mais voltar?
Então, nos primeiros dias, recusei-me a deixar que essas perguntas me amedrontassem. Na primeira semana que ela parou de me responder, busquei desculpas para ela. Dizia a mim mesmo que ela deveria estar ocupada com a faculdade, estava tentando se adaptar em um novo lugar, buscando manter a cabeça lúcida longe da família. Porém, minhas desculpas para ela cessaram-se depois de um ano. Fora o pior da minha vida. Tentei usar nossas lembranças mais felizes para me convencer que não havia acabado. Não aceitei que ela pudesse ser totalmente o avesso do que eu acreditava que era. A garota que eu conhecia jamais me deixaria sem respostas. Mas ela deixou.
Quatro anos.
Esse fora o tempo que passei escrevendo para ela, dia após dia, na esperança de uma resposta, mesmo que fosse uma simples palavra. Mas não aconteceu. Eu vi minha vida ruir. Veja bem, eu não estava morto, mas existir sem ela parecia apenas uma obrigação. Não era viver.
Todos me disseram para seguir em frente. Supere-a. Eles falavam. Mas como você supera algo tão grande como este? Como você aceita viver sem aquilo que o fazia se sentir único no mundo? Ela não vai voltar. Diziam. Eles acham que eu não sabia disso todo santo dia, quando corria até a caixa de correio e não havia nada dela?
No dia em que finalmente entendi que havia a perdido, eu chorei. Chorei por tudo o que nunca teríamos. Eu não me casaria com ela na pequena Igreja da cidade, e nem a veria carregar meu bebê. Não seria o rosto dela que eu veria todos os dias ao acordar. Eu não faria uma surpresa para ela no dia do nosso casamento, e não veria seus olhos brilharem ao falar que a amava. Não faríamos sexo de reconciliação depois de uma briga, e nem abriríamos juntos os presentes de Natal.
Então eu simplesmente aceitei. Foi simples assim. Parei de olhar para o passado e me recusei a deixar que minha vida fosse guiada por lembranças que não voltariam mais. Eu decidi que não viveria mais em base dos “e se”. Até essa manhã, quando ela abriu a porta de casa e me olhou como se me conhecesse. Quando olhei em seus olhos e percebi que ela ainda era a mesma garota que eu conheci. E apesar de sentir que quero saber o porquê ela voltou, sei que não me importa mais, porque mesmo vendo em seus olhos que nada mudou, para mim, tudo havia mudado sim.
— Você sabia que Sina está de volta? — entro no confortável escritório de Josh. Ele levanta o rosto para me encarar, parece confuso, então julgo que ele ainda não sabe.
— Sina está de volta? — confirma minhas suspeitas. — Eu não sabia de nada, Noah, eu juro.
Suspiro puxando a cadeira para trás e me sentando. — Ao que tudo indica, sim. — confirmo. — Cheguei para as aulas extras de Teddy e ela simplesmente abriu a porta! Dá pra acreditar, Josh? Porra! Ela ainda me olhou como se...como se...
— Como se? — me incentiva.
— Como se nada houvesse mudado, Josh. — nego com a cabeça. — Que cara de pau!
— Noah... — Josh me encara. Ele parece pensar bem antes de prosseguir. — A verdade é que vocês precisam conversar. — olho-o cínico. — Você sabe disso! Vocês precisam colocar um ponto final nisso.
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Cacos Quebrados
Romance"Quando tínhamos oito anos, você prometeu que no momento certo, se casaria comigo. Aos treze anos, demos o nosso primeiro beijo, e foi a melhor sensação do mundo. Com dezesseis anos, eu disse que te amava, e você respondeu que me amava também. Fomos...