Alma e coração

Capítulo 12

 Ao descer do carro Nina respirou bem fundo, deu uma bela olhada na faixada do triplex e caminhou contente para entrar em seu lar. David amava ver aquela euforia, olhos brilhantes que nada eram capazes de esconder, um sorriso transparente, olhos pidões transbordando de amor, ele sentia o que ela sentia ao retornar ao ninho de amor. Naquele momento ele era seu cavalheiro vestido em sua armadura brilhante, salvando sua honra e glória, vindo de um passado distante, a salvando no último instante, a levando para o "feliz para sempre" em seu castelo de vidro...

— Está exatamente como você deixou.

— Quero correr pela casa toda, ver cada cantinho, ver cada coisinha... Deus, como eu senti falta desse lugar! É meu segundo lugar preferido na terra! Meu segundo paraíso! Nem posso acreditar que estou aqui, eu tenho até medo de acordar. Por favor, não seja um sonho! Por favor não seja um sonho! — Falava ela enquanto mexia em tudo ao mesmo tempo, o fazendo maravilhar-se ao vê-la extravasar de alegria!

David ficou pensativo, apenas a admirando.

— Ei, qual o seu primeiro lugar preferido? Seu primeiro paraíso na terra?

Ela veio até ele, ficou de ponta de pé para acariciar seus narizes um no outro, e disse que ele era seu primeiro tudo, seu primeiro amor. Disse que seu lugar preferido era em seus braços, e que ele era seu paraíso na terra.

— Qual a primeira coisa que você quer fazer? Assistir um filme, tocar piano, olhar as suas roupas, seja lá o que se passe na cabeça de uma mulher...

— Eu...? Eu quero cozinhar.

— Sério?

— Sim. Vou fazer sua comida preferida. Você pode ir descansar e eu te chamo quando tudo estiver pronto. Você sabe que quando estou cozinhando viro uma fera com distrações!

— Não te largo hoje por nada mulher!

A noite logo caiu e eles estavam vivendo um momento de cura, de regeneração e restauração de suas almas. Estavam juntos nessa jornada, e não iam se largar nunca mais. Prepararam o jantar, comeram no balcão ilha da cozinha, arrumaram a bagunça, se entupiram de doces assistindo filmes na cama do quarto deles até dormirem, sem ao menos desligar a televisão.

Dois corpos caídos, como dois soldados atingidos, assim dormiam os dois abraçados, quase escalando um no outro. De repente Nina começa a falar, estava tendo pesadelos horríveis, tão reais que ela não distinguia realidade de alucinação. Sempre os mesmos sonhos, Dave caindo de um prédio, soltando sua mão, um acidente de carro onde ela não suportava o vê machucado, ele se afogando, ela nunca o conseguia salvar.

Todas as noites acontecia a mesma coisa, mas os pesadelos eram amenizados pelo os remédios que tomava, sendo que esta noite ela não os havia ingerido. David abriu os olhos, a viu agonizando, suando frio, chamando seu nome:

— Acorda meu amor! Acorda! Não pode morrer! Não morre por favor! Me leva com você! Dave acorda, abre os olhos, abre os olhos!

Dave gritava ao seu lado: — Nina abre os olhos! Nina abre os olhos! Acorda! — Ao mesmo tempo que ela o via morrendo em seu sonho! — Amor, acorda! — Ele a sacudia fortemente quando ela acordou gritando desse pesadelo assustador.

— Estou aqui. Estou aqui. Pronto. Respira! Segura a minha mão, segurar a minha mão sempre te acalma, está gelada, Deus está tremendo! Não chora, não chora. Chi! Vai passar, vai passar. Foi só um pesadelo. Eu estou aqui com você, nunca vou te deixar, eu prometo.

O dia chegou tão rápido quanto os dois caíram no sono novamente aquele fim de noite. Acordaram tarde do dia, exaustos, era um sábado lindo de outono, fim de outubro. Eles fizeram café da manhã juntos, correram, treinaram, nadaram, e David aproveitou para conversar com ela sobre esses pesadelos. Ela contou tudo a ele, não escondeu uma vírgula.