1.7; Esse cara vale a pena - Michael

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Quero dedicar esse capítulo a 5sosfam, Giulia, no twitter tem o user como (lukepariga) Fiquei sabendo hoje que ela faleceu e a causa foi a
mesma doença do Luke na fanfic, Leucemia.

- Desculpem algum erro, não tive tempo para revisar.

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1.7

Eu estou inquieto. Agarro o travesseiro e sinto vontade de berrar a plenos pulmões.

- Desculpe pela demora. – Diz Calum, entrando em meu quarto.

O sangue corre para meu rosto, e meu coração dispara. Tenho dificuldade para falar, mas finalmente consigo.

- Você sabia disso? – pergunto revoltado.

- Sim, Michael, eu sabia. – diz ele, com um sorriso duvidoso, como se não soubesse se deveria sorrir. E não, ele não deveria.

- Há quanto tempo? – pergunto, rispidamente, apertando com mais força o travesseiro em meu colo.

Ele se senta na cama, ao meu lado.

- Cadê Luke? Como ele ta? – Calum tenta mudar de assunto, alimentando o fogo que já arde em minhas veias.

-HÁ QUANTO TEMPO?! – Eu grito.

Eu o encaro me sentindo ofendido. Quero que ele vá embora para que eu possa chorar, mas também quero que fique para me explicar tudo.

- Não muito tempo. Uma ou duas semanas.

- Por que não me contou? – Tem água se acumulando nos meus olhos e meu queixo treme.

Não vou chorar. Não posso.

- Eu pedi para Luke contar, e ele ia.

Então eu me lembro de quando estávamos no balanço e aquelas coisas que Luke me disse agora fazem sentindo.

- Eu to gostando dele e... Ele vai morrer.

Solto o ar ruidosamente. Ainda estou agarrando o travesseiro com uma mão e a outra eu aperto o punho com tanta força que minhas curtas unhas conseguem me cortar.

Calum ler minha expressão corporal e entende.

- Isso não vem ao caso – diz ele. – Você não pode deixar Luke agora.

- Eu não vou – respondo. – Você devia ter me contado.

- Eu nunca te vi feliz antes. Não queria estragar isso.

- Preciso ficar sozinho. – Falo, agora mais calmo.

Calum ergue uma das sobrancelhas e se levanta da cama, ele me abraça, mas eu não o abraço de volta, talvez esteja tão abalado que nem mesmo consigo levantar meus braços para envolvê-lo.

- Sinto muito. – ele sussurra em meu ouvido.

Quando Calum fecha a porta eu não seguro mais, eu não consigo. Todas as lágrimas se escorrem pelo meu rosto. Não estou chorando porque Luke tem câncer, mas porque ele sempre teve e sempre foi feliz. Nunca reclamou.

E agora quero me bater por ter falado dele no verbo passado, como se ele já tivesse morrido.

(...)

Apesar de passar da meia-noite, ouço o toque do celular abafado pelo travesseiro, soar pela quarta vez em uma hora. Há mensagens, mas não quero abri-las porque sei que são de Luke.

Eu só quero esquecer o que aconteceu, mas sei que não posso. Eu só quero que essas lembranças que ficam passando na minha cabeça parem um pouco, só quero não pensar em Luke por pelo menos um minuto, eu só quero parar de chorar.

Eu caminho como uma tartaruga para fora do meu quarto e entro no quarto da minha mãe sem bater. Tento me encaixar no meio dela e Judie. Eu paro de chorar.

- Posso dormir aqui, mãe? – Sussurro.

- Você me chamou de mãe. – Não consigo vê-la no escuro, mas sei que está sorrindo.

Ela me envolve com seus braços e deita sua cabeça na parte de trás da curva de meu pescoço. Eu gosto disso, me sinto com seis anos de novo.

Não falo nada para minha mãe, mas fico pensando em Luke até pegar no sono.

–––~ –––

A mão de alguém segura meu cotovelo direito quando me preparo para tirar o livro de pré-calculo do meu armário. Eu não fiz nenhuma tarefa o ano todo, isso pode fazer com que eu reprove, portanto estou tentando aproveitar minhas 2 horas de período de estudo para se fazer o que realmente deve ser feito nesse tempo; estudar.

- Oi. – Digo, virando-me para encarar a pessoa que me segura.

Eu esperava vê-lo, mas ainda assim não esperava que fosse ser tão estranho. Em seus olhos azuis perfeitos, vejo raiva, mágoa, mas ainda assim um toque de felicidade.

- Oi. – Diz ele, baixinho. – Precisamos conversar?

- Eu não sei. – respondo enquanto fecho o armário agarrando meu livro como se fosse um bicho de pelúcia. – Me desculpe.

Dou um passo para a direita, tentando passar por Luke e fugir dessa conversa, mas ele se antecipa e bloqueia minha passagem, ele se curva um pouco e olha bem nos meus olhos antes de falar;

- Pelo o que você está realmente se desculpando?

- Anh... Eu não sei! Acho que por ter saído da sua casa sem dizer absolutamente nada. – Me sinto envergonhado por ter que admitir isso para ele. – Sabe, Luke? Eu acho melhor esquecermos tudo isso.

- Tudo isso o que? Sobre eu ter câncer? Isso é uma coisa que não tem como esquecer e você vai precisar suportar isso porque vai chegar a hora em que...

- PARA! – Grito.

A garota que usa o armário vizinho me olha com desprezo.

- Muito maduro, Michael. Valeu. – Ele se vira para o corredor principal na direção em que preciso seguir.

Espero até que Luke suma da minha visão e então vou para o período de estudos, no caminho escuto muitos múrmuros e penso que sejam sobre mim e Luke, até que escuto uma das almas infelizes falar o nome de "Ashton". Tento esquecer isso e pensar em Luke. Abro as enormes portas da biblioteca e fico mais confortável por sentir o ar quente do aquecedor.

Luke está sozinho em uma mesa, eu sento na sua frente e ele levanta o olhar para mim e mesmo com todas as forças que posso ter, eu não resisto.

- Não vamos esquecer nada então. Vamos viver. – Digo, ele sorri, eu agradeço por isso.

- Agora me conte... O que você ama em mim?

Eu solto um risinho baixo.

- Bem, o primeiro e meio óbvio é que você é lindo.

- Isso é óbvio – ele responde.

- Tem os seus olhos... Ah! Eu me apaixonei pelo cheiro do seu suéter que agora que estamos temlupando não vou mais devolver.

- Você falando temlupando é estranho.

- Estranho seria falar namorando, é muito comum. – Brinco.

- Você é esquisito.

- Vejamos... O que mais? Acho que amo você porque é o tipo de pessoa que consegue fazer amizade com um cara, ou aborrecê-lo no primeiro dia de aula.

- Esse cara vale a pena.

- Ah, e porque você tem crises de riso que eu adoro ouvir. – Ele ri.

- Obrigado cabelo colorido... Obrigado por ser o melhor temlupado do mundo.

WANTED NOT TO LOVE [Muke]Onde histórias criam vida. Descubra agora