1.9; Judie fala - Michael

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Gente, último capítulo narrado por Michael, eu to meio chorosa, mas ok, vamos superar! Quando eu postar o capítulo 20 (que é o "final") vou postar de manhã e de noite vou postar um capítulo extra

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1.9

A vida me abateu hoje de manhã.

Mal passa das nove horas e já estou me remexendo na carteira da aula de pré-calculo, inquieto, querendo ir embora e ver Luke. Todas as tardes depois da escola eu vou para casa dele, ele nunca se lembra do que fizemos no dia anterior, mas pelo menos ele se lembra de mim. Todos os dias ele assume para os seus pais que é gay com o maior medo, sem saber que já havia assumido antes e que foi aceito.

Tudo parece errado.

Concentro-me em Jessica Williams. Desde o inicio dessa aula ela não para de mastigar seu lápis, posso até mesmo ver os pedaços de madeira caindo sobre sua roupa, ela olha para mim, mas não se importa com o fato de eu estar vendo-a mastigar seu próprio lápis, ela sorri e eu vejo que a cor de seu aparelho que semana passada estava rosa, hoje ta vermelho cor de sangue. Ew.

O sinal toca e mesmo que eu ainda tenha outra aula, me animo um pouco, pelo menos algum tempo já se passou.

Saio da sala de pré-calculo e atravesso o corredor principal até a sala de sociologia, o que me deixa mais feliz por essa aula ser com Calum.

Ele está esperando... Sozinho; isso é bom.

Bato a porta de madeira para fechar e percebo que o aquecedor dessa sala está bem mais quente que a outra. Tiro o casaco do colégio e finalmente alcanço Calum sentando-me na carteira ao seu lado.

- Oi, Calum. – Digo.

- Oi. – Ele responde sem muito humor.

Liza está sentada do outro lado, não tem ninguém com ela o que me surpreende porque ela vive rodeada de pessoas idiotas.

- Tudo bem? – Pergunto mesmo que não queira saber se ele ta bem e sim se o namoro dele acabou.

Eu faltei uma semana do colégio porque estava muito preocupado com Luke então não sei o que aconteceu esses dias e não falei com Calum também, apenas contei o que aconteceu com Luke.

- Sim e você? E Luke? – Ele responde, com mais perguntas.

- Nós estamos mais ou menos. Não nosso temluparo, não sei se é exatamente assim que se fala, mas isso está bem, falo da minha autoestima e da saúde de Luke.

- Eu sinto muito por isso, Mike. – Ele me dá um sorriso compreensivo.

- Você e Liza terminaram? – Por fim, pergunto.

- Sim... Você acredita que ela tava transando com o professor?

- Sim.

- O que?

- Isso era... Meio óbvio?!

Paramos de falar, o professor entra na sala e enfrento mais uma hora de tortura pensando se quando eu chegar à casa de Luke hoje ele ainda vai se lembrar de mim. O médico contou que é bem difícil dele esquecer e me pediu para ser otimista, mas mesmo assim continuo um tanto pessimista.

(...)

Quatro horas mais tarde eu estou na casa de Luke. Ele está mais magro, mais fraco, mais pálido e como sempre a essa hora da tarde, ele está dormindo.

- Michael, aceita suco? – Diz a mãe de Luke com metade de sua cabeça para dentro do quarto.

- Sim. – Falo, um pouco sem graça, ainda não me acostumei com isso.

Ela observa Luke dormir, ela sempre o observa quando entra no quarto e não posso culpá-la porque eu faço a mesma coisa. Apesar de ter várias manchas em seu corpo e sua pele estar amarelada, ele continua estranhamente bonito.

Eu sei que quando acontecer, às pessoas vão se lamentar e eu vou ouvir coisas do tipo "Ele não vai querer te ver sofrer" E eu não sou burro, é meio óbvio que ele não vai querer me ver sofrer, mas isso não importa porque eu vou sofrer e vou sofrer muito.

Liz sai do quarto e me dá um sorriso misturado com gratidão e pena.

- Cabelo colorido? – Sussurra Luke.

Tiro meu livro de álgebra do colo e me deito na cama ao lado de Luke; ela está quente porque Luke está quente, não de um jeito malicioso, mas porque ele está morrendo aos poucos e está sempre com muita febre.

- Sim, Luke? – Digo.

- Eu te amo.

- Eu sei disso, é meio difícil não me amar.

Ele ri.

- Não, Mike... – Sua voz está desgastada. – Me diga o que quero ouvir.

- Eu também te amo.

- Isso. – Ele encara o teto e eu o encaro. – Eu sou um cantor? Eu vi que estava em um palco e eu tinha muitos fãs, mas não sei se é verdade. Eu tenho fãs?

- Tem sim. Inclusive eu sou o seu fã número um. Touché?

- Touché.

Já ta escurecendo quando termino de jantar na casa de Calum. Nós não jogamos vídeo game hoje porque eu estou um pouco pra baixo com tudo que vem acontecendo e apesar de Liza ser uma completa vadia, Calum ficou magoado com o chifre. Hoje falamos com Ashton, por Skype, isso foi divertido! Ele não pode sair de casa nem nada do tipo e fiquei mal por ele querer muito ver Luke.

Quando chego em casa, Judie está sentada no sofá enquanto minha mãe bate e xinga a pequena e antiga TV do cômodo.

- Mãe? – Falo.

- Ah! Oi, Michael... Porra! – Ela bate mais uma vez e a TV parece funcionar. – Consegui! Como foi com Luke?

- Como sempre, mas ele não vomitou hoje.

Eu me sento ao lado de Judie deixando a mochila no chão, estou completamente exausto, tão exausto que nem percebo que estou assisto a uma novela completamente melosa com minha irmã e minha mãe.

E quando Srta. Rose acha seu marido traidor no armário de sua melhor amiga, Judie murmura algo, a minha Judie com um tanto de esforço fala;

- Peido.

WANTED NOT TO LOVE [Muke]Onde histórias criam vida. Descubra agora