4| A feira

1K 84 51
                                    

Hoje é a feira de inscrições para o teste das casa, Carol e eu saímos cedo, diria que era 7:30 da manhã, ela com a cara toda amassada de sono, e eu toda animada pra conhecer as outras casas, mesmo que a Loud seja uma boa, quero saber das outras.

E se a gente entrar pra aquela casa das gostosas? — Carol pergunta.

A KAPPA? — pergunto de volta.

Talvez.

— Com certeza ela não é pra mim, não me encaixo no padrão de beleza delas, você até que daria, Carol — infelizmente eu estava certa, essas garotas são ricas, com um corpo perfeito, cabelos hidratados, loiras, pele macia, eu nem comigo me imaginar assim.

Meu corpo é magro, gosto dele assim, não queria entrar em algum lugar que fosse me mudar completamente, sem contar que nunca me aceitariam.

Que tal a dos cantores ali? — Carol aponta para um grupo cantando, uma casa que participa de campeonatos de canto.

Sabe cantar, Carol?

— Não, mas parece ser legal — Viro os olhos.

A academia de matemática? — Pergunto para ela.

Babi, pelo amor de Deus, matemática? Nós nem somos de exatas — Carol responde com deboche.

Tá então qual? — Retruco.

Carol da uma olhada em volta, há várias tendas com vários veteranos em volta delas. Cada um com um papel em cima da mesa, para se inscrever e depois ir no teste de aprovação.

Tem a do Direito — Carol finalmente acha uma descente.

A casa do direito era com certeza a nossa, eles ajudavam no tribunal, resolviam casos simples, e ainda ajudavam nas notas, apesar de todos falarem que é nem um pouco divertido, pode ser bom para nós.

Pode me explicar mais um pouco? — Carol pergunta para o cara atrás da barraca do direito, talvez se interessássemos já assinaria.

Tento prestar atenção, mas a rainha da lerdeza, nomeada Babi, não consegue sequer ouvir uma palavra do que o cara diz, por um lado eu diria que Carol e ele estavam flertando, mas seria muita baixaria. Eu estava prestando atenção na Loud, um grupinho que fazia barulho no final das barracas.

Legal, mas e o seu número, passa quando? — Agora eu tinha certeza que Carol estava flertando com ele.

Decidi dar um tempo dali, andei um pouco para conseguir ver melhor a barraca da Loud, o propósito deles era diferente, reunir as pessoas mais inteligentes, calculistas, os que usam e abusam da inteligência artificial, gamers.

Carol vem cá — Puxo ela pelo braço e vamos caminhando até a barraca da Loud.

Babi, só falta a sua assinatura — Carol diz, e eu me gelo.

Você assinou??? — Pergunto.

Não era pra assinar?

— Depois a gente resolve isso, vamos conhecer a Loud — digo.

Tinha um garoto atrás da barraca, cabelos pretos e musculoso, como o de Victor, mas não era ele, ao lado, Milena está sorrindo aos braços de um garoto, eles se beijam, Milena parece ser muito feliz aqui, mas atrapalho tudo quando ela me vê.

Oi! Veio se inscrever? — ela pergunta.

Eu vim dar uma olhada — Digo.

Vou te apresentar os meus amigos — ela me puxa, esquecendo totalmente de Carol, mas não liga muito, além do mais, Carol não para de olhar para o menino da outra barraca.

Esse é o Marcos, meu namorado, ali atrás tá o Arthur, mais pra frente... aquele entregando panfletos é o Samuel — Ela aponta para cada pessoa que mostra, por um lado isso seria falta de educação, mas por outro, agora sei o nome dos veteranos da Loud — Ah e como você provavelmente já sabe, aquele é o Coringa, ou Victor, sei lá como você pode chamar ele.

Victor estava conversando com uma daquelas gostosas da KAPPA, encostado em uma moto a uns 15m de nós, parecia ser uma conversa muito íntima.

Legal... — Digo, depois de tudo isso.

Parece que Carol já está fazendo amizade — Milena olha pra barraca deles.

E de novo Carol dando em cima de qualquer menino bonito. Mas ela tá totalmente diferente, só faltava latir, e por incrível que pareça me deixou lá e saiu com Arthur, toda sorridente.
O clima fica sem graça, Milena e Marcos me deixam de vela na cara dura, e Samuel vem substituir Arthur.

Então... vai se inscrever? — Samuel pergunta, mesmo eu estando longe.

Ainda não sei, sou muito indecisa com essas coisas — Me aproximo, meus olhos me puxam para olhar em outro rumo, para Victor, onde sorri alegremente e toca a cintura de uma garota, loira e perfeita.

As vagas já estão acabando, mas duvido não te aceitarem — Ele fala, nem olhando pra mim, apenas arrumando os tais panfletos. Isso distrai e me ajuda olhar para Victor disfarçadamente.

Pela minha alegria, ou mais tristeza... ele olha para onde estou, e sem querer meus olhos se encontram com o seus, a garota nem percebe, continua tagarelando e enrolando as pontas do cabelo nos dedos, ele olha pra baixo, e aparenta estar confuso, depois pede desculpas para a garota e vem em nossa direção.

Eu assumo daqui amigo — Ele diz para Samuel e começa arrumar os mesmos panfletos que antes, qual era a necessidade?

Não vai falar nada? — Pergunto.

Não preciso, sabe que estou esperando sua resposta se vai entrar ou não — Confesso que não entendi, ele quer ou não quer que eu entre?

É sempre assim? — pergunto, espero que ele entenda o que eu quis dizer.

Sempre como? — ele pergunta de volta, óbvio que ele não entenderia.

Do tipo que diz só uma ou duas palavras e já basta, deixando a gente totalmente confusa ou sem reação — digo olhando pra baixo, quanto sinto seus olhares em mim.

Se me acha assim, talvez eu seja só com você — Ele diz, e eu volto meus olhos para o seus, ficamos alguns segundos sem comentar nada, mas esses segundos passam rápido — Há tantas casas, porque se interessa pela Loud?

— Talvez porque seja a casa mais desejada e acho que tenho potencial para entrar — respondo.

Acha mesmo? — Sinto um leve tom de desafio em sua voz.

Na verdade eu tenho sim potencial — Digo, ele da uma risadinha de canto e olha para o lado — Quer saber? Eu vou fazer o teste.

Assino o papel de inscrições, pego um panfleto e saio calmamente.

Te vejo no teste — Ele diz após eu sair, nem ligo ou olho de volta, mas agora a barraca da Loud está vazia, a feira acabou, e estou em uma casa diferente de Carol.

_____________________

𝐓𝐡𝐞 𝐔𝐧𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐢𝐭𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora