11| O jantar

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Acordei bem, sem dor de cabeça e de estômago vazio, Carol está dormindo do meu lado, estamos atrasadas. Nos arrumamos na correria, e quando chego na sala, estão todos quietos e olham pra nós duas, inclusive Victor.

Estão atrasadas — Carla diz, penso "sério mesmo? Nem percebi" — Sentem, perderam prova, vão ficar depois do horário pra me ajudar.

Concordamos e sentamos, escuto algumas risadas mas Carla pede silêncio, foi uma tortura assistir a aula sabendo que perdi prova, eu precisava disso, eu precisava de uma nota.

Estão liberados — Carla diz meia hora depois, todos saem — Fiquem Augusto, Passos e Voltan.

Eu já estava sentada mesmo esperando ela me chamar, mas Victor estava saindo da sala.

Essa semana tem uma prova bônus para vocês três, o que tirar a melhor nota ganha — ela diz enquanto recolhe suas coisas.

Mas não seria só os dois? Já que estão concorrendo àquela vaga? — Carol pergunta antes que ela se vá.

Milena disse que você está precisando de nota — Milena deve ter conversado sobre o trato com o seu pai, Carol sorri, falsamente mas fica feliz — A sua nota vai só acrescentar, e a dos dois vão competir, lembrando que você, Passos, já não tem a de hoje, e tira todos os papéis das mesas que os alunos esqueceram.

Ela sai, estamos os três ao lado um do outro, olho para as mesas atrás de nós, tem muita coisa, acho que não vou pegar a aula da tarde hoje.

Voltan devia ficar sem a nota de hoje também — Victor diz, olhamos pra ele.

Mas pra Voltan é apenas um bônus — Alguém diz atrás de nós, é Crusher, esse garoto tá em todo lugar.

Então... eu não preciso te ajudar, não é Babi? — Carol me pergunta, pedindo para eu te dispensar.

Nem pense nisso, você vai me ajudar — digo.

Qual foi Babi? Não consegue terminar tudo sozinha? — Crusher me provoca, faço uma cara de deboche — Hoje eu tenho um encontro com Carol.

Eu te ajudo — Victor diz, Carol sorri e vai correndo em direção a Crusher, que estava na porta da saída.

Não precisa — digo quando os dois saem e começo o trabalho.

Não acho justo estar na sua frente — ele diz enquanto estamos cada um em uma fila de mesas, nem olho pra ele.

Posso tirar uma nota maior que a sua.

— Se tiver uma memória boa para decorar as matérias... — diz ele, isso foi estranho, o que ele quer dizer com memória? Ninguém estava falando disso.

O que está insinuando? — Paro e pergunto, ele da de ombros e nem responde — Tá escondendo alguma coisa de mim, para falar isso do nada...

— Babi — ele me chama, continuo juntando as coisas.

Fala.

— Olha pra mim — paro e finalmente olho pra ele, que está a três fileiras de mim — Lembra de alguma coisa de ontem?

Fico em silêncio, como se estivesse pensando, mas na verdade eu não lembro, de nada... só antes do bar, antes de entrar em um novo bar, antes de ver Gs... eu não sei.

Lembro...

— Então me diz o que aconteceu antes de dormir — ele diz, fico em silêncio.

Tá eu não lembro, desculpa, mas só lembro de entrar em um bar de sei lá qual nome e ver Gs — digo, vejo sua cara de decepção — Você sabe o que aconteceu depois.

— Não — diz ele, baixando a cabeça.

Não fiz uma pergunta, sei que sabe o que aconteceu ontem, mas não quer me dizer porque... não foi legal — digo, indo em sua direção — Precisa me dizer o que aconteceu.

— Aconteceu nada — diz friamente, olhando pra baixo.

Tá bom — ele olha pra mim — eu confio em você. — Pego em seu braço, seus músculos me assustam mas volto a fazer meu trabalho.

Conseguimos terminar antes do almoço, ele saiu sem falar nada, nem olhou pra mim, acho que agora estou sozinha, preciso de tirar um tempo pra mim, vou para o quarto e tiro o resto da tarde para estudar. Quase de noite, Carol chega no quarto.

Sinto que não estou sendo uma boa amiga — ela diz, fico em silêncio — Babi, eu juro que vou ficar mais com você, acontece que o Crusher tá viciado em mim...

— Não precisa, Carol, vim aqui para estudar, não preciso de ninguém — A interrompo.

Ok... — ela entra no banheiro e toma um banho. Minutos depois se arruma como se fosse sair — Não vai tomar banho?

— Já tomei.

— Então se arruma, por que vamos sair — ela diz.

Pra onde? — Pergunto confusa.

Hoje tem jantar da casa, Milena mandou pra todos, e só você não respondeu ela.

— Deixo o celular no silencioso quando vou estudar — respondo — Mas acho que já posso me distrair.

Carol fica feliz, me arrumo vestindo um vestido colado preto, o único que eu tinha mais formal, pelo visto lá seria chique, Crusher nos buscou de terno e tudo na sua BMW, o restaurante era na cidade, não conseguiríamos ir a pé.

Chegamos — Crusher estaciona e entramos no estabelecimento.

Em uma mesa reservada está Mob, Milena, Bradoock e uma outra caloura acompanhando ele, estão sentados nos esperando, acho que todos iram ficar de casal, menos eu e Coringa.

Por que não te vi hoje, Babi? — Milena pergunta pra mim depois que sentamos.

Longa história — digo.

Temos tempo para ouvi-la...

Milena ia dizendo mas para quando olha algo atrás de mim, todos também olham, inclusive eu que quando viro, e vejo Coringa entrando, com uma menina morena, magra e de rosto bonito, ela vem sorrindo, mas Coringa olha pra mim, eu olho pra ela e volto a me sentar direito.

Boa noite — eles chegam até a nossa mesa, fico olhando pra baixo, estou em choque.

Não vai nos apresentar ela? — Milena pergunta.

Gente essa é a Gabi, a conheci quando vim na cidade aquela semana, ela vai nos ajudar a desenvolver o game — ele a apresenta pra todos e todos dizem o seu nome, eu sou a última.

Babi — digo esticando minha mão como os outros.

Victor me falou de você, acho que vou ocupar o seu lugar, não é? — Gabi pergunta, olho para Coringa, todos ficam em silêncio.

Sim, vai ser uma honra tê-la na nossa casa — Mob responde no meu lugar, fico quieta, ela era famosa, produziu jogos famosíssimos, e ainda era bonita, completamente melhor do que eu.

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𝐓𝐡𝐞 𝐔𝐧𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐢𝐭𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora