Capítulo 14 - Ocitocina

712 132 29
                                    

Richard

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Richard

Ela está demorando, será que fugiu pelos fundos? Jordan aparece com os 2 pratos e olha em volta.

_ Cacete, já foi largado? Você realmente precisa de terapia para aprender a tratar bem as mulheres à sua volta.

_ Você enlouqueceu, ela foi ao banheiro. _ Respondo pegando a caneca de cerveja na bandeja.

_ Mas é bom finalmente te ver com alguma mulher, sabe.. Você apenas viveu sua vida toda para a marinha, depois foi a vez do Hotel e agora vive para o time da sua família. Seja um pouco feliz, já está na idade e nem tudo é só trabalho.

_ Você não vê que essa mulher é nova demais, pare de falar besteiras. _ Tento encerrar o assunto sem nexo.

_ Ela não é maior de idade? O que tem, você está sendo preconceituoso consigo mesmo. Eu sou casado com uma mulher de trinta anos e tenho mais de cinquenta, que mal tem? Se ela te escolheu sabe que você é uma pessoa vivida e entende isso.

_ Não tenho interesse amoroso nela Jordan e não preciso de mulher nenhuma para ser feliz.

_ Então que seja um homem, não sei seus gostos mas não se feche para o mundo isso é triste.

_ Ok, tá bom agora volte para sua cozinha e me deixe comer em paz._ Pego o prato, o homem ainda me encara em silêncio e balança a cabeça saindo de meu campo de visão.

Não tenho paciência para o Jordan sentimental. Ele ficou assim desde que se casou, acho que é por isso que parei de frequentar seu restaurante, o cara sempre fala de me apresentar alguém. Agora vejo que foi uma péssima ideia trazer Olívia para comer aqui, por um momento me esqueci do jeito dele, apenas lembrei da boa comida e do ambiente agradável.

Entrando no salão vejo a fisioterapeuta caminhar de volta para mesa, ela se sentar e quando para em seu lugar sinto um aroma doce vindo dela. Olívia passou perfume? Paro a encarando e percebo que havia se maquiado e até prendeu os cabelos em um rabo de cavalo.

_ Desculpe a demora. _ Diz ao puxar o prato com hambúrguer e caneca de cerveja ainda cheia. Ela dá um longo gole e sorri encarando a comida. Faço o mesmo e mergulho a batata no molho. Comemos em silêncio, não sei o que dizer e se tocar novamente no assunto de James ficará suspeito demais.

_Os playoffs estão perto. _ Jogo a informação no ar.

_ Será que Peter vai conseguir jogar?

_ Sim, o médico já me deu a certeza. _ Respondo tomando outro gole da bebida. _ Hum e como foi o tempo que passou fora, Londres certo? Deve ter muitas histórias para contar..

É, realmente estou me esforçando, Jordan deveria ficar agradecido por isso. Sorrindo ela limpa as mãos.

_ Sinceramente sou meio careta. A primeira vez que saí com minha turma passei o dia seguinte sofrendo de uma enorme ressaca, não consegui acompanhá-los bebendo, ainda mais quando um Irlandês comandava a reunião. Então eu consegui achar meu limite, além do humor deles eu sempre era feita de boba.

Acho que toquei em um assunto que pode render já que ela se mostra tão alegre ao falar da cidade em que viveu os últimos 5 anos.

_ Por exemplo, logo que cheguei lá tiraram uma com minha cara. Deixe-me ver se lembro. _ Ficando em silêncio ela sorria de olhos fechados. Largo o prato e apoio os cotovelos na mesa a encarando pensar.

_ Ah, certa vez estava no metrô e por algum motivo o trem havia atrasado e uma pessoa me solta "Eu adoro quando meu trem atrasa, é explendido". _Imitando o sotaque ela dá uma risada. _ Custei para entender que esse era o tipo de humor deles, algo mais sarcástico mas você deve conhecer, certo?

_ Eu? _ Pergunto vendo-a passar a mãos pelos cabelos e voltar a atenção ao prato._ Admito que nunca fui a Londres. Já fui para Amsterdam, Paris e até mesmo Cairo no Egito, mas Londres não.

_ Aquele lugar é incrível, as pessoas são educadas e pedem obrigado, desculpa e com licença para tudo, eu me sentia no século passado..

Paro analisando que esta é a conversa mais longa que estamos tendo e não é tão ruim.

_ Trabalhei para um casal de idosos, eles deviam ter entre setenta e oitenta anos e moravam sozinhos, até escondi isso do meu pai e foi graças a eles que me virei bem naquela cidade. Aprendi que dificilmente devo confiar nas pessoas já que a chance de eu me ferrar é grande. _ Diz e para assentindo. _ Desculpe, eu não quis dizer isto.

_ Eles estão certos. Veja só, eu não confio em ninguém além de mim mesmo. _ Respondo terminando o sanduíche. Olívia chama o garçom e pede mais batatas e cerveja.

_ Pode deixar que minha parte eu pago, é que estou faminta. _ Fala sem jeito, Olívia pega a bolsa tirando seu telefone de dentro. _ Vou apenas verificar se meu pai está bem, ele me ligou ainda a pouco para dizer que estava desmontando alguns móveis para eu trazer, acho um exagero, não preciso de tanta coisa, apenas minha cama é o suficiente.

Concordo com a cabeça e ela se levanta caminhando em direção a porta, pelas janelas observo-a ao telefone. Dá para entender um pouco o interesse repentino de Peter em Olívia Baker. Ela é uma mulher e reparei nisso apenas agora. Mesmo sendo mais baixa que Laura, a recém contratada tem cabelos escuros na altura dos ombros e um rosto feminino e delicado. Gesticulando ela passa a mão no rabo de cavalo e fica enrolando uma mecha de cabelo nos dedos enquanto balança a cabeça negativamente, parece estar em uma discussão com o homem. Dando um esbarrão em um rapaz ela faz um sinal se desculpando diversas vezes e junta suas mãos como se tentasse se redimir.

Olhando essa cena sinto minha boca seca e a vontade de fumar mais do que nunca.

Suas fritas e cerveja chegam à mesa, e ela olha para dentro tentando enxergar e sorri. Será que disse ao homem que está em minha companhia? Seria um tanto estranho, não estou em um encontro com Olívia Baker e nem quero que interpretem assim. Voltando para dentro passo as mãos arrumando os cabelos e pego meus óculos no bolso.

_ Consegui convencê-lo a deixar as coisa para o fim de semana, então posso ajudá-lo a desmontar.

_ Certo. _ Respondo colocando as mãos no bolso e tateio meu maço de cigarro.

_ Você quer fumar não é? _ Pergunta como se lesse meus pensamentos.

_ Sim! _ Respondo sinceramente. _ Mas?

_ Dá para reparar quando você está angustiado. Pode ir, vou comendo enquanto isso.. _ Mergulhando uma batata no molho levanto-me seguindo pelo caminho que ela veio. Paro na porta e escuto meu telefone tocar, vejo o nome de Peter no visor e aperto o vermelho ignorando a chamada. Me viro em direção a vidraça observando-a beber sua caneca de cerveja.



Explicando o título do capítulo: "Ocitocina, também chamada de oxitocina, é um hormônio produzido pelo hipotálamo e liberado a partir da neuro-hipófise na corrente sanguínea. São encontrados receptores de ocitocina em células de todo o corpo.

Esse hormônio exerce importantes funções no organismo e nas sensações de prazer e afeto. Por esse motivo, também é conhecido como o "hormônio do amor".
Junto com a dopamina, a serotonina e a endorfina, a ocitocina faz parte do grupo chamado de "neurotransmissores da felicidade". Eles possuem a função de aumentar as sensações de bem-estar e diminuir estresse, ansiedade e melhorar quadros depressivos.

O Plano de Richard (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora