Capítulo 19

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CHRISTOPHER

Dulce estava em completo silêncio enquanto estávamos no elevador e isso me incomodou, sei que algo havia acontecido porque ela estava muito diferente antes de encontrarmos Annie e Angelique. Será que haviam dito alguma coisa sobre meu passado com mulheres? Será que Angelique havia dito algo sobre nosso caso? Não... ela não é louca. Só me resta perguntar a ela qual é o problema.

"Dul, o que aconteceu?"

"Nada, Christopher." - ela foi tão seca que tive a certeza de que alguma coisa havia acontecido.

"Foi por causa da Angelique?" - ela não diz nada, apenas me olha rápido e volta a olhar para frente. E por alguns segundos fico pensando no que dizer, mas a porta do elevador abre e ela sai como se estivesse fugindo. De novo.

"Bom dia, dr. Uckermann e dra. Saviñón." - ela dá um bom dia doce para Alice e sem me olhar entra em sua sala.

Antes que eu pudesse dizer algo Alice me chama para entregar alguns documentos de clientes, dou uma olhada por cima e vejo uma carta do agressor de mulheres, ele resolveu me bajular porque o dia do tribunal está cada vez mais perto, é um cretino mesmo. Jogo a carta no lixo e vou para a minha sala, fico pensando no que fazer para que Dulce me conte o que realmente aconteceu, mas algo me dizia para apenas ir trabalhar e assim faço e fico trabalhando o dia todo, apenas almocei rapidamente e depois segui focado até dar a hora de ir embora com Dul, no horário que marcamos. Estávamos saindo mais cedo da empresa para que não chegássemos no Rio tão tarde, podemos recompensar com horas extras depois e tudo bem. "Já terminou aí? Estou saindo agora."

Até por mensagem ela fazia questão de ser seca, respondo dizendo que estou pronto e saio da sala, vejo que ela estava me esperando e conversando com Alice, ela não parecia estar tão brava quanto antes e até sorri quando me vê. Nos despedimos da nossa secretária que nos deseja uma boa viagem e vamos para o estacionamento. Chegamos ainda em um completo silêncio, droga isso está me incomodando demais, odeio clima ruim.

"Dul, você não vai mesmo dizer nada? Nós vamos ficar 5 horas dentro de um carro, acha mesmo que o silêncio é a melhor coisa?" - ela me olha e se aproxima pegando na minha mão.

"Desculpa, você tem razão... Annie me contou algo que eu não gostei e sei lá, me incomodou. Mas eu já cuidei disso." - ela sorri e pude perceber que foi um sorriso forçado.

"O que ela disse?" - ela fica meio sem graça e arruma a franja com uma das mãos, como se estivesse se preparando para dizer isso.

"Que você nunca dorme com nenhuma mulher, pode transar a noite toda, mas não dorme com nenhuma delas. E isso faz sentido, lá em casa você não dormiu comigo, foi para o quarto de hóspedes mesmo depois de ter transado quase que a noite toda." - ela fecha os olhos como se não soubesse como falar o que precisava, mas cria coragem - "E eu não tinha reservado um quarto pra mim porque achei que iríamos ficar no mesmo quarto... fui uma boba por pensar isso, eu sei, mas por um momento pensei. E não se preocupe, eu já reservei o meu, no mesmo hotel que você disse que ficaria."

Então era isso? Annie não estava errada, eu odeio dormir com mulheres mas já não estava na cara que Dul é diferente? "Mas ainda sim é jogadora, não crie esse tipo de laço com ninguém.", esse pensamento invadiu minha mente de forma involuntária e não estava errado.

Não posso dormir com Dulce, por mais que eu queira. Confesso que estou confuso. Como não disse nada, Dul considerou meu silêncio como um sim e soltou minha mão, afastando seu corpo do meu. Alfonso estava certo, eu sou mesmo um imbecil.

"Enfim, vamos? Temos uma longa estrada pela frente." - ela estava sorrindo e parecia estar animada com a nossa viagem, sou sortudo por ter uma mulher que consegue superar essas minhas idiotices. Talvez eu só precise conhecê-la um pouco mais para então dormir com ela.

Extraña SensaciónOnde histórias criam vida. Descubra agora