Capítulo 57

961 51 20
                                    

DULCE

Depois que Christopher sai decido voltar para o sol, quero que meu cabelo seque totalmente. Ele está com algumas ondas, mas não ligo, sinceramente sinto preguiça até de passar uma chapinha. Desde ontem tenho sentido muita sede, com certeza estou bebendo água demais e me tornei uma grande mijona. Um tempo depois vou para o quarto, quero dormir um pouco e vai me ajudar a passar o tempo, já que estou sozinha e sem muita coisa para fazer. Estava pegando no sono quando Carolina me liga, será que aconteceu alguma coisa?

"Oi, está tudo bem?" - pergunto assim que atendo.

"Oi dra. Saviñón, está sim! Só te liguei para confirmar alguns casos que tem data agendada para o tribunal."

"Carolina, todos os meus casos estão com o dr. Novaes e a dra. Santos... precisa falar com eles, querida."

"Ah, perdão! Que cabeça a minha. Desculpa incomodar."

"Sem problemas... mais alguma coisa?" - atrapalhou meu sono sem necessidade.

"Só queria dizer que sinto muito pela morte da sua avó, sua mãe está aqui no escritório em prantos e o doutor..." - eu a interrompo.

"Calma aí... morte da minha avó?"

"Ela faleceu hoje... perdão, você não sabia?" - Caralho! Não!

"É... claro... preciso desligar." - ouço ela dizer algo, mas desligo na cara dela.

Meu coração acelera, isso não pode ser verdade porque ela estava tão bem, tão feliz por estar melhorando da leucemia. Quando menos espero as lágrimas já invadiam meu rosto, preciso saber o que está acontecendo então ligo para Christopher e por sorte ele atende no segundo toque.

"Por favor, me diz que a Carolina está brincando comigo e que minha avó está bem..." - ele fica em silêncio e respira fundo. - "Christopher!" - esbravejo. - "Diz alguma coisa e quero que seja a verdade!"

"Eu sinto muito, amor." - ele engole seco. - "Dona Maria se foi há algumas horas."

As lágrimas escorrem com mais frequência e sinto uma dor no peito que não posso explicar, é como se isso não fosse real e fiquei desconcertada, me custo a acreditar que ela se foi.

Ouço Christopher me chamar no telefone mas não sou capaz de dizer nada, apenas chorar e pensar que não passei tempo suficiente com a minha avó, não consigo, isso é demais para mim. Sinto o ar começar a faltar, o corpo todo trêmulo e uma sensação horrível tomar conta de mim. Christopher desliga e me liga de novo, atendo sem dizer nada.

"Sua mãe e eu estamos indo para casa, você vai ficar bem."

"Por que ela foi aí?" - ele fica em silêncio. - "Ela te pediu para mentir, não foi? Pediu para não me contar nada."

"Amor, não fica brava."

"Pela primeira vez Carolina fez algo que preste, algo que vocês não tiveram coragem de fazer!" - esbravejo, no fundo sei que estou sendo injusta com eles, mas não consigo me segurar.

"Estamos indo para casa, linda. Aguenta aí." - não digo nada, apenas desligo. Sinto um enjoo muito forte e vou para o banheiro, sento ali no chão mesmo e me permito chorar.

"Me perdoa por não estar ao seu lado, vovó... eu sei que ninguém é eterno, mas não esperava que fosse assim, eu queria tanto te apresentar o meu bebê, você iria adorar ter um bisneto, não é?" - digo de olhos fechados e imaginando que ela vai me ouvir, onde quer que esteja. - "Você era o meu anjo aqui na terra e só espero que continue assim sempre." - encosto a cabeça na parede e coloco uma das mãos no rosto. Não posso suportar isso, está doendo demais... não há sensação pior do que perder quem a gente ama e sinceramente não tenho estrutura pra passar por isso.

Extraña SensaciónOnde histórias criam vida. Descubra agora