Capítulo 30

1.2K 54 29
                                    

CHRISTOPHER

Dulce entra no banheiro e eu sento no sofá ainda incrédulo de tudo o que minha mulher passou hoje, aquele filho da puta quase a estuprou e se eu não tivesse ouvido seu grito desesperado nem sei o que teria acontecido com ela. 

Tudo isso está mexendo demais comigo e sinto meu coração sangrar quando ouço seu choro vindo do banheiro, Dulce é forte demais e minha admiração por ela só aumenta. Não aguento essa dor então vou para a cozinha e pego uma garrafa nova de vodka, abro e despejo o líquido em um copo, o viro olhando para janela e encho outro, meu corpo grita por ela, para ir até o banheiro e de alguma forma tentar acabar com essa dor, mas ela precisa de um tempo, ela precisa colocar para fora. 

No segundo copo a vontade de fumar me invade e acendo um cigarro, tento não me concentrar no choro dela e a raiva começa a me invadir só de pensar no que aquele canalha fez com a minha Dul. Um tempo passou, eu já havia fumado um pouco mais do que queria e estava acabando aquela garrafa quando Dulce apareceu na sala usando uma calça de moletom e uma camiseta preta minha.

"Sua camiseta foi o mais confortável que achei, tudo bem?" - olho para ela e seus olhos estão inchados e os cabelos presos em um coque bagunçado.

"Claro que sim, Dul." - ela senta ao meu lado no sofá, pega a garrafa de vodka e dá um gole.

"Sei que preciso te contar tudo, mas..." - eu a interrompo.

"Não precisa, você não tem que fazer nada que não queira, nada que te faça sentir desconfortável, ok?" - ela assente e bebe mais um gole.

Sou totalmente pego de surpresa quando ela se aproxima de mim e me abraça, pude sentir como ela não está bem e como, de alguma forma, eu ajudo nisso.

"Minha psicóloga uma vez me disse que falar ajuda... que eu deveria falar sobre as minhas crises, os meus medos e como estou me sentindo. Ucker eu confio em você, confio em te contar sobre isso, só não sei se estou preparada, entende?"

"Claro que entendo, linda. As coisas vão acontecer no seu tempo, quando você sentir que está bem, que está pronta para isso."

"Obrigada. Isso é muito importante para mim." - sorrio e ela faz o mesmo.

Ela encosta as costas no sofá e cruza as pernas em forma de índio, repara mais na mesa de centro da minha sala e nota o cinzeiro dourado com alguns maços de cigarro que eu havia usado.

"Não sabia que você fuma." - ela olha para mim confusa.

"Eu não fumo, quer dizer, eu fumava na época da faculdade e estava há cinco meses limpo... até... - fico sem jeito mas prossigo - "Até o dia em que te contei sobre Belinda. Agora é só algo não dar certo que eu já sinto essa merda de vontade de novo."

"E você quer parar?" - faço que sim com a cabeça e ela pega na minha mão fazendo leves carícias. - "Então eu te ajudo até porque não sou fã disso."

Sem dizer mais nada ela levanta, pega o cinzeiro e joga tudo no lixo, pergunta se tem mais e eu mostro onde coloquei o resto então ela abre as caixinhas e joga todos no lixo e por final joga um pouco de água por cima.

"Ucker quero que toda vez que você sentir essa vontade de fumar, venha falar comigo e eu vou te ajudar, ok? Não importa se estamos brigados, tristes ou chateados um com o outro... você pode contar comigo!"

Ela parecia estar realmente preocupada comigo e eu agradeço pelo apoio, ela sorri e aproveito para fazer o mesmo.

"Ai, sinto minha cabeça explodir, você tem alguma aspirina? - ela coloca a mão na cabeça e faz uma leve massagem tentando aliviar a dor.

Extraña SensaciónOnde histórias criam vida. Descubra agora