Extraña Sensación

Capítulo 39

"Bom, o paciente apresenta sinais vitais ruins, a temperatura está acima do normal, assim como o pulso e a pressão está baixa. Blackout, raciocínio lento e confusão são sintomas dessa droga que suspeitamos e se for isso mesmo a senhorita terá que dar depoimento à polícia porque é uma droga ilícita." - O doutor diz.

"Tudo faz sentido..." - meu coração acelera e fico ofegante, de repente é como se faltasse ar. Minhas pernas ficam bambas e sinto um calor subir pelo meu corpo, sinto que estou fraca e Poncho me ajuda a sentar. Uma enfermeira vem com um aparelho de pressão e coloca no meu braço.

"Mas doutor, como ele está do acidente?" - Dona Tereza prontamente diz.

"Ele não teve ferimentos graves mas ficará desacordado por algumas horas, o que será bom para ele descansar."

"Quando vamos poder vê-lo?" - Annie logo pergunta.

"Em breve. Vamos acionar a polícia para cuidar do caso." - O médico olha para mim - "Por favor senhorita, conte tudo o que sabe."

Assinto e pego meu celular, ligo para Cardoso e peço para ele vir com urgência para o hospital e um tempo depois ele chega. Vamos para um lugar reservado e começo a contar tudo o que sei.

"Você acha que foi Belinda?" - Pergunto ansiosa.

"Tudo indica que sim. Há alguma possibilidade dessa Natalia estar envolvida com Belinda?"

"Tem... sinceramente não confio em mais ninguém."

"E essa Alice que você falou? Ela pode estar também?" - Cardoso indaga e nesse momento minha ficha cai... Alice estava com um comportamento estranho hoje, queria me fazer acreditar que ele não mudou, claro! Isso ficaria na minha cabeça e assim seria mais fácil de acreditar que Christopher realmente tinha feito aquilo!

"Pode! E tive uma ideia, vou ligar pedindo para ela vir aqui dando a desculpa de que Ucker está internado e quando ela chegar aqui dará depoimento à polícia."

"Perfeito! Agora é só esperar a polícia chegar."

"Temos que fazer Alice confessar."

"A gente dá um jeito de fazer isso, Dul." - assinto e volto a ficar com o pessoal na sala de espera.

Ficamos um tempo na sala de espera até que o médico aparece com a polícia civil, confesso que estou tensa com tudo isso e muito arrependida por não ter desconfiado de nada antes, talvez nada disso teria acontecido.

"Dra. Saviñón, sou o delegado Palumbo da polícia civil de São Paulo, pode me acompanhar por favor?" - assinto e vou com ele até uma sala reservada - "Estou trabalhando com o investigador Cardoso no caso e já estou a par de tudo, só preciso que me diga o que você viu hoje."

Começo a contar tudo, desde quando descobrimos sobre Belinda até o momento em que o médico nos contou sobre o que pode ter sido usado, digo como estou nervosa e como me sinto culpada por não acreditar nele, mas o delegado tenta me acalmar e diz que vai agir sobre Belinda e os demais.

"Licença, a Alice chegou." - Cardoso diz encostado no batente da porta.

"Ótimo! Entrem." - O delegado diz e assim eles fazem.

Quando a vejo meu sangue ferve, não posso acreditar que ela pode estar envolvida nisso mas infelizmente faz sentido, ainda mais vendo que ela está chorando. Eles sentam com a gente e Cardoso pede para Alice começar a explicar o que sabe e que essa é a melhor forma de diminuir sua penalidade como cúmplice.

"Há alguns dias Belinda me pediu ajuda para espionar a vida do dr. Uckermann e da dra. Saviñon, claro que no começo eu recusei mas ela ofereceu mais de cinquenta mil reais para fazer isso e eu não tenho boas condições financeiras então acabei aceitando. Esperava Dulce me contar as coisas e quando não contava eu acabava perguntando." - nesse momento eu me sinto uma idiota por ser tão boca aberta. - "Até que o investigador entrou em ação e para não ser presa e fugir para outro país, Belinda resolveu agir. Primeiro ela quis separar os dois fazendo Dulce achar que Christopher havia traído e pediu para Natalia fazer isso porque sabia que ficaria na cara se ela mesma fizesse."