Recebi vários e-mails estranhos, todos com datas diferentes, mas que chegaram literalmente ao mesmo tempo. Dessa vez eu conheço o remetente, é meu primo Victor, um colecionador excêntrico que não se dá bem com a maioria das pessoas da nossa família. Nós dois, apesar de não fazer muito sentido, somos bem próximos e costumamos manter contato com frequência.
Ele gosta de peixes, sempre gostou, então começou a colecionar espécies exóticas. O estranho não foi receber algo relacionado a um peixe e sim a forma como ele escreveu cada uma das mensagens.
A primeira parecia normal:
"01° de Setembro.
Oi, prima, adivinha? Encontrei um peixe novo no mercado, ele é lindo, as escamas dele são azuis como o céu sem nuvens e os olhos dele são impressionantes. Sério, amarelos como milho e tão brilhantes, vou te enviar uma foto.
Ele é tão pequeno, chega a ser fofo".
Não havia anexo com foto alguma, só um monte de números no final do corpo do e-mail.
"03 de Setembro.
Um dos meus peixes sumiu.
Não o novo, um dos antigos que vivia no mesmo aquário.
Ele não sumiu exatamente, foi mais... Não sei como explicar, sem soar estranho. Acho que algum animal entrou pela janela e o devorou já que não o encontrei nem seu cadáver em canto algum do aquário. É uma pena... Era uma espécie tão bonita."
"06 de Setembro.
Outros dois peixes sumiram, dessa vez de aquários diferentes. Não faz sentido! Eu tranquei as janelas e as portas, nenhum bicho poderia ter entrado. Não faz sentido, como peixes podem sumir? Eles não podem simplesmente sair voando dos aquários.
Eles estavam lá quando fui alimentá-los hoje cedo, mas quando voltei do trabalho? Desapareceram.
Vou comprar um tipo diferente de aquário, um com proteções para evitar isso. Não quero que meu peixe novo desapareça também, ele está crescendo e ficando mais bonito."
Havia mais um monte de números aleatórios no fim da página, então assumi que fosse outra foto. O email seguinte tinha a data do dia 08 de Setembro, com somente uma foto de um aquário.
"09 de Setembro.
Um dos meus aquários rachou e a água se espalhou por todo o tapete, os peixes não estavam lá. Não sei o que está acontecendo, já foram cinco? Seis? Perdi a conta.
Não sei para onde eles estão indo, nem mesmo tenho ideia. Não tenho dinheiro para comprar mais, já estou gastando muito com novos aquários e ração para eles. O peixe novo é um peixe de água salgada, precisa de tratamento especial. Fora que está crescendo tanto, vou precisar de um aquário novo."
"15 de Setembro.
Todos eles, meus bebês...
Prima, eles sumiram, não sei onde estão, não consigo encontrá-los. Só sobraram dois, meu peixe dourado e o espécime raro do mar. Como eles sumiram? Eu nem notei.
Os aquários estão vazios, rachados, a água encharcou meu tapete, mas não encontrei um rastro sequer dos cadáveres. Parei de ir trabalhar há alguns dias, como poderia? Preciso ficar de olho neles.
Meus peixes, meus animaizinhos, você sabe, eles são a coisa mais importante que eu tenho. Prima, eu preciso da sua ajuda, você é escritora e ganha bem, pode me ajudar, não pode? Eu preciso protegê-los."
"17 de Setembro.
Minha mãe ligou, ela disse que meus colegas de trabalho entraram em contato. Estavam preocupados porque eu parei de ir trabalhar... Mentirosos. Ninguém vende casas melhor do que eu, sou o melhor corretor daquela agência, é com o dinheiro que eles estão preocupados.
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O QUE OS OLHOS NÃO PODEM VER - CONTOS DE TERROR
HorrorCOLEÇÃO DE CONTOS INTERLIGADOS DE TERROR PSICOLÓGICO E SOBRENATURAL: Desde a madrugada do dia primeiro de outubro venho recebendo emails estranhos que não posso ignorar. Não sei o que está acontecendo, cada um deles conta uma história mais assustado...