[N.A: Sugiro que leia "O Canto da Floresta", "Silêncio" e "Circo dos Anônimos" para ter um entendimento mais profundo dessa história, mas se não quiser não acho que vá atrapalhar muito]
Desde que comecei a receber esses e-mails, só consegui salvar uma única pessoa, mas se há uma forma de ajudar outras, eu não vou desistir tão facilmente. Por isso enviei um e-mail para Alice, a garota está viajando ao lado de minha amiga e uma de minhas alunas em busca de outro aluno meu. Nunca esperei que três das pessoas que foram vitimadas por essas criaturas, e me contaram suas histórias, acabariam se unindo para salvar alguém. Contudo, desde que isso tudo começou, nada saiu como eu esperava, pelo menos dessa vez algo bom pode sair disso tudo.
"30 de Outubro.
Fico surpresa de já saber o que está acontecendo.
Bem, encontrei Elise em meio a minha busca por Hugo, ela estava fugindo do hospital psiquiátrico e eu estava dirigindo até lá. Ela ameaçou atirar em mim para roubar meu carro, mas consegui convencê-la a não fazer nenhuma besteira. Quando lhe contei que estava procurando por meu amigo que foi sequestrado por criaturas sem rosto, ela acreditou em mim em um piscar de olhos e decidiu me ajudar.
Fiquei com medo de andar por aí com uma pessoa claramente desestabilizada ao meu lado, mas aquela missão era perigosa com ou sem companhia. Ter uma companheira cheia de tiques e que falava sobre cigarras em seu sono parecia mais seguro do que enfrentar aquelas pessoas sozinha. Não foi fácil rastrear aquele caminhão, ele desaparecia e aparecia com frequência, trocou de placa algumas vezes e até mesmo mudou de cor, mas nunca parou em um lugar por muito tempo.
Isso até se juntar àquele circo.
Nunca gostei de circos, tenho medo de palhaços, pensei em desistir enquanto os observávamos de longe. Andando em suas pernas de pau e ajudando aquelas pessoas a descarregar o caminhão, não consegui ver Hugo entre os outros, mas sabia que ele estava lá. Elise tomou interesse pela coisa quando reconheceu alguém entre os funcionários do circo.
Um homem alto e com o rosto esfolado, uma visão grotesca que me fez encolher de agonia. Ela disse que era seu irmão, o responsável por sua estadia no hospital psiquiátrico e por seu recém adquirido medo de cigarras. O ódio em seu olhar me deixou assustada, de repente ela tinha uma razão para estar ali e estava pronta para se dedicar cem por cento à causa. Comprou armas e me ensinou a usar uma, disse que iríamos precisar e eu não quis acreditar.
Seguimos o circo até os arredores da cidade natal de Elise.
No meio da mata, rodeado por uma cerca de ferro e lotado de pessoas sem rosto, algumas delas com a pele esfolada, outras só... Não tinham nada em seu rosto. Contorcidos de uma forma impossível em cima de um carro, algumas daquelas criaturas pareciam protegê-lo. Elise não hesitou, ela parecia saber o que estava acontecendo então só desceu do carro, destravou sua espingarda e começou a atirar.
Tive que ficar para trás e defender nosso carro, uma chuva forte caía e um vento frio soprava.
A música do circo era tão alta que me deixou com dor de cabeça, minhas mãos tremendo por causa da medicação, nem mesmo o medo ou a dor me fizeram baixar a arma.
Ainda mais quando aquelas coisas corriam na minha direção.
Não eram humanos.
Não podiam ser.
Logo ela voltou com uma garota baixinha ao seu lado, suja de sangue e ferida a menina tirou algo do outro carro estacionado na entrada e entrou no meu depressa. Elise me disse para nos tirar dali e eu o fiz o mais rápido que podia, acho que nunca dirigi assim tão depressa antes. Até agora me lembro do chiar daquelas criaturas, da música em looping, do sangue... A mulher não me disse o que aconteceu lá dentro, a garota estava ferida e com medo demais para falar, então não perguntei nada.
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O QUE OS OLHOS NÃO PODEM VER - CONTOS DE TERROR
TerrorCOLEÇÃO DE CONTOS INTERLIGADOS DE TERROR PSICOLÓGICO E SOBRENATURAL: Desde a madrugada do dia primeiro de outubro venho recebendo emails estranhos que não posso ignorar. Não sei o que está acontecendo, cada um deles conta uma história mais assustado...