Procurado

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"Bom dia,

Estamos enviando este e-mail em resposta ao seu pedido de busca pelo imóvel descrito como "armazém com piscina em um local remoto". Bem, precisamos dizer que nunca recebemos um pedido assim tão específico, então não é algo que nós da agência estejamos acostumados. E, apesar de nossas buscas por toda a região, não encontramos nada que se enquadre em sua descrição.

Enviamos um agente especial, Edgar, para procurar nos arredores da cidade, ele entrará em contato o mais rápido que puder. Faremos o possível para ajudá-la a encontrar o local."

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"Você.

Por que me fez procurar um lugar como esse?

Se não tivesse enviado um pedido tão estúpido, isso não teria acontecido comigo. Eu não estaria aqui se não fosse por sua curiosidade idiota! Você nem mesmo vai comprar o maldito armazém, eu sei disso, mas aqui estou eu.

Quinze anos, trabalho para empresas imobiliárias há quinze anos, nesse tempo conheci seu primo, aquele bastardo. Procurar casas e lotes para pessoas sempre foi um trabalho simples, é diferente de ser um detetive, mas não muito. Victor e eu costumávamos competir para ver quem conseguia encontrar e vender mais imóveis, não éramos amigos, somente rivais amistosos. Por isso eu decidi te ajudar, eu o respeitava e ele falou muito sobre você nas vezes em que nos sentamos para conversar.

Mesmo após a morte que ele teve, eu ainda o respeitava e então decidi fazer isso em seu nome. "Não pode ser difícil achar um simples armazém", foi o que pensei. "Ele riria da minha cara se não fosse capaz de encontrar isso para a prima dele".

Dei o meu melhor para fazê-lo, mas nada batia com a maldita descrição que você havia dado. Tão específica, tão perfeita, que eu até podia imaginar o lugar. Não podia desistir assim tão facilmente, então disse aos outros na agência que procuraria sozinho por mais um tempo. Há muitos condomínios na saída da cidade, as antigas periferias foram higienizadas e transformadas em lindos apartamentos assim como os descritos em seu pedido.

Ainda sim não foi fácil.

Me vi indo mais e mais longe da cidade.

Vendo os prédios se afastarem e darem espaço à casinhas menores, pasto e áreas cheias de árvores.

Parecia improvável que eu encontrasse o maldito armazém em qualquer um daqueles lugares. Contudo, quando estava quase desistindo me deparei com mais uma placa apontando para uma área residencial remota. Em uma saída mais à frente, seguindo por uma estrada de terra cercada por vastos terrenos gramados e vazios, após uns dez minutos dirigindo pude avistar as casas e edifícios.

Não era outro daqueles condomínios fechados, parecia uma pequena vila. Meu GPS continuava dando instruções de como retornar para a estrada principal, mas não me dizia exatamente o nome do lugar onde me encontrava. Assumi que ainda estivesse na região metropolitana, não podia ter viajado assim tão longe, já que o sol das três horas ainda brilhava.

As casas eram um pouco diferentes, mais rústicas, com uma arquitetura antiga como em cidades do interior. Os poucos edifícios altos também pareciam velhos, precisando de uma renovação, e as ruas eram de pedra. Realmente parecia o centro histórico de uma cidade colonial, com um coreto no meio da interseção e postes de luz como grandes lampiões.

As pessoas me observavam curiosas, algumas saíam de dentro dos estabelecimentos para me observar dirigir devagar pelas ruas. Franzi a testa e estacionei em frente ao prédio do correio. Quando se procura por imóveis este é sempre o melhor lugar para perguntar primeiro.

Tirei meu chapéu ao sair do carro e recebi olhares ainda mais curiosos das pessoas ali.

—Bem vindo, em que posso ajudá-lo, jovem forasteiro? — O homem atrás do balcão sorriu quando entrei.

O QUE OS OLHOS NÃO PODEM VER - CONTOS DE TERROROnde histórias criam vida. Descubra agora