capítulo 1 - as escondidas

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Konan narrando

É... mais uma vez estou aqui sozinha nessa escola enorme, deitada de brusso em um banco qualquer e me distraindo com meus pequenos patinhos de origami.

Já me acostumei com a solidão, só tenho minha mãe e ela trabalha o dia inteiro para no fim ganhar pouco. Entendo ela e por isso não reclamo, ficar sozinha até que não é tão ruim quanto parece.

Pelo menos acredito que há coisas piores para eu me preocupar, mesmo tento apenas 10 anos já conheço bem o mundo lá fora.

Todos os dias são exatamente a mesma coisa, já que não tenho amigos minha vida é totalmente entediante.

Não tenho ninguém para conversar ou brincar de coisas simples como quem chega primeiro na fila ou quem come mais rápido.

Apenas porque não consigo manter uma amizade e nem qualquer laço desse tipo com alguém.

Falta de vontade não foi o que faltou, já tentei com muitas pessoas da minha própria sala e nunca deu certo.

Dizem que eu sou muito quieta, que não me escutam por falar baixo e sempre, mas sempre fazem a famosa pergunta sobre o gato que "comeu minha língua".

Não que eu me incomode com essas brincadeiras, na verdade nem ligo, mas as vezes eu só queria ter alguém. Nem que fosse somente uma pessoa já estava ótimo.

- pois é patinho, somos só nós de novo... - falo sozinha e apoio minha cabeça no braço esquerdo enquanto balanço os pés no ar

Olho para o lado assim que vejo Yahiko passando pelo corredor, ele estava rindo junto do seu melhor amigo, é incrível como eles nunca se desgrudam.

De repente parece que tudo fica em câmera lenta, ele passa bem ao meu lado com um sorriso radiante no rosto. Sua risada é o som mais encantador que já escutei.

Dou um sorrisinho de lado e volto a olhar para meus amiguinhos de papel logo que ele some de vista por entre os armários.

Eu nunca cheguei a falar com ele, a falta de coragem sempre me impede de fazer as coisas. E principalmente o medo... o medo de que ele faça como os outros e não me veja. Definitivamente sou invisível nesse lugar.

Não culpo as pessoas daqui, até acho elas legais. Quero muito ser como elas algum dia, falar tudo que penso sem ser julgada e que me ouçam, me ouçam de verdade. Além dos ouvidos.

- já deu o sinal - a senhora que cuidava da gente fora da sala toca no meu braço fazendo com que voltasse para realidade num instante - pode ir

Apenas assenti com um pequeno sorriso gentil e corri para minha classe com medo de me atrasar e ter que passar por aquilo de novo...

Da última vez tive que pedir licença e desculpa a todos por me atrasar. Não parece nada demais e realmente não é, a não ser que te façam repetir várias vezes dizendo que está baixo demais.

Não é de propósito, minha voz é naturalmente assim. Mas eles simplesmente não entendem isso e acham que estou com frescura.

Entro na sala e respiro aliviada por ver que ainda estou adiantada, nem metade deles estão aqui e agradeço mentalmente por isso.

Sento em minha cadeira que ficava nos fundos e fico desenhando em meu caderno para passar o tempo enquanto a professora não chega.

Levo um susto ao ver alguns garotos caindo com tudo no chão após tentarem passar ao mesmo tempo pela porta, é típico deles.

Rio sozinha achando graça de Kisame que estava como um doido tentando sair de baixo dos outros. Eles começaram a brigar ali mesmo.

- EU DISSE QUE NÃO IA DAR CERTO - Deidara berrou

- vocês tão me esmagando... - o pobre Itachi estava quase chorando

- a vão se ferrar vocês! - Hidan como sempre o único que fala palavrão

Fico rindo baixinho no meu canto, eles vivem brigando, mas estão sempre juntos. Devem se gostar mesmo.

- kakuzu, seu pé ta na minha bunda - o tobi tem uma voz bem fina... acho isso tão fofo

Eles resmungam tentando se desenroscar um dos outros e correm para seus lugares assim que conseguem.

- ok NUNCA mais vamos fazer isso de novo - Itachi juntou as mãos e encarou cada um que em resposta concordaram rapidinho

- eu vou contar para a professora - disse Sasori encostado na cadeira com um sorrizinho sacana

Ele foi o único que não participou disso, também era amigo deles mas ao contrário da maioria usava a cabeça.

- não ouse... - deidara o encarou, mas logo foi interrompido pela senhora Anko que já entrou chamando a atenção de todos

A turma inteira se calou na hora e todos se viraram para frente. Olhei para o lado disfarçadamente e vi que haviam dois lugares vazios... me pergunto o que Yahiko e Nagato estão fazendo fora em horário de aula.

Assim que começo a pensar sobre vejo os mesmos batendo na porta e a abrindo com cuidado.

A atenção de todos se volta para os garotos e Yahiko entra rindo sem jeito enquanto coça a nuca tentando disfarçar.

Já seu amigo o segue em silêncio a fim de não ser notado pela professora.

A mesma cruza os braços e faz os dois pararem no meio do caminho que faziam até suas carteiras.

- dois passos para trás mocinhos

Eles obedecem e ficam imóveis em frente a sala toda.

- o que vocês tem a dizer sobre isso?

- sabe como que é né professora... - Yahiko tenta enrolar, mas sempre foi péssimo com desculpas - eu estava no banheiro

Mentira. Posso não ser intima dele nem nada disso, mas qualquer um sabe quando ele está mentindo.

Anko já sem a paciência que nunca teve, apenas resmunga e os manda se sentarem.

- ufa... - o garoto respira fundo e sorri aliviado apoiando as mãos atrás da cabeça

- a gente não pode chegar atrasado todos os dias e você sabe disso - Nagato sussurrou em meio ao silêncio que se estendia ao mesmo tempo que ambos se sentaram

- sim, mas vai me dizer que não era impotante - ele debocha com uma piscada

- Yahiko, pegar repetição de lache escondido não é importante - ele olha para o amigo que apenas bufa revirando os olhos

- fala mais alto, acho que o pessoal lá da outra sala não te escutou - sussurrou em tom de sarcasmo

Solto uma risada nasal sendo o mais sútil possível para passar despercebida. Era mesmo a cara dele fazer isso, já se meteu na diretoria muitas vezes por problemas parecidos.

As vezes até chego a pensar que ele passa fome, mas sei que é ele só quer chamar atenção. É assim desde que entrei nessa escola a anos atrás.

Ele ficou emburrado a aula toda, acho tão bonitinho o jeito como ele fica bravo por motivos bestas e minutos depois já está rindo de novo como se nada tivesse acontecido. É algo só dele.

Anjo de papel - yahikonanOnde histórias criam vida. Descubra agora