capítulo 17 - por um fio

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Yahiko narrando

Eles entraram em casa e logo bateu o desespero, preciso pensar em uma desculpa o mais rápido possível, na verdade, preciso de muitas desculpas...

Nagato se aproxima de mim novamente ao mesmo tempo que seus pais vem ao meu encontro e para piorar minha situação, suas expressões não eram das melhores.

- ficamos preocupados, o que aconteceu? - disse a senhora Fusou com desespero no olhar, imediatamente me sinto mal por isso

- nada demais mãe... - Nagato ri de nervoso coçando a nuca

- mas vocês estão molhados... e acabou de cair uma tempestade aqui - ela disse passando a mão nos cabelos úmidos do filho

Pelo visto a chuva caiu em toda região, queria saber o que a Konan vai dizer para a família dela... só espero que ninguém saia prejudicado dessa vez.

- foi minha culpa - me intrometo, a final não estou mentindo - eu...

- na verdade a gente foi brincar na chuva, me desculpa... - Nagato me interrompe afim de me livrar

- ta fazendo o maior frio lá fora, ficou doido menino? - ela diz balançando a cabeça em desaprovação e ele apenas ri sem graça

- vai ficar doente - o pai dele alerta dando um tapa de leve em sua cabeça por brincadeira

- eu vou ficar de castigo né? - ele põe as mãos na cintura cabisbaixo

- em casa a gente conversa - a mãe dele o encara profundamente fazendo ele arregalar os olhos com medo

Ele dá um passo para trás ficando ao lado do pai que apenas segura a risada, ele é gentil demais para fazer alguma coisa a respeito.

Um sorriso triste brota em meus lábios olhando a cena, Nagato é sortudo mesmo... Mas então logo volto ao meu estado de pânico assim que eles falam comigo.

- e seus pais? - Fusou me olha sorrindo com os olhos como se nada tivesse acontecido a pouco - nunca consegui conversar com eles

Moça, garanto que não vai querer saber o motivo...

Olho para Nagato como se pudesse perguntar o que eu faço agora, se me descobrirem já era... eu vou voltar para aquele pesadelo que chamam de orfanato. Engulo em seco e tento pensar o mais rapidamente no que dizer.

- ehm... eles estão... - pensa Yahiko, qualquer coisa serve - ali fora

Ótimo, assim eu só me afundo mais, me pergunto até quando vou conseguir manter essa mentira. Depois dessa não dúvido que meus dias estejam contados... Se não me descobrirem hoje foi por pura sorte.

- e deixaram vocês sozinhos aqui? - o senhor Uzumaki pergunta meio confuso

- ahm...

- a gente estava junto com eles e viemos aqui para pegar... - Nagato olha em volta procurando algo - o cachorro - ele aponta para Chibi, incrível como ele ficou quietinho até agora, quase esqueci da sua presença

- ah você tem um cachorrinho, que lindo - a mulher sorri se abaixando para fazer carinho nele

Essa conversa está ficando cada vez mais sufocante, como se a qualquer momento tudo fosse por água abaixo. Por minha causa agora o Nagato está mentindo para os pais e eu estou aqui, sem nem conseguir me mexer.

- é meu cachorro - ele diz contente

- na onde você arranjou? - a mãe dele pergunta

- na rua... vamos embora mãe, já está tarde - ele simplesmente muda de assunto e tenta puxa-la para fora

- na rua? o filho, como assim explica isso aí - ela continua falando enquanto é arrastada por ele

Suspiro aliviado, mas nem todos os meus problemas acabaram. Ise ainda estava lá e olhando fixamente para mim.

- não fica nesse chão gelado - ele me oferece a mão para que eu me levantasse - vem

- ah... - como eu explico que estou todo estrupiado sem dizer que me machuquei? - eu to bem aqui

Dou um sorriso amarelo tentando contornar a situação, mas ele insiste, se eu pudesse sairia correndo agora. Mas como nem tudo é possível, aceito a ajuda e tento ao máximo não expressar dor alguma. Quanto mais eles pensarem que está tudo certo por aqui, melhor.

- obrigado - aceno com a cabeça me concentro em ficar de pé

Minha perna está latejando, acho que nunca senti tanta vontade de chorar como agora, mas respiro fundo e digo a mim mesmo "aguenta firme".

- queria agradecer seus pais por cuidar do Nagato todo esse tempo, será que vão demorar muito para voltar? - ele questiona

- eu aviso eles... - tento não focar na dor e forço um sorriso - pode deixar

- tabom... então até mais - ele sorri para mim e antes de finalmente sair ele diz - te espero lá em casa amanhã - ele não tem noção do quanto isso me deixa feliz, os pais do Nagato são incríveis... principalmente comigo

Assim que ele saí pela porta me jogo na cama gemendo de dor, então depois de um tempo me acalmo e suspiro, pelo menos deu tudo certo no fim... eu espero que eles não comecem a se questionar e nem apareçam aqui de novo.

Me sento devagar na cama e tiro meu sapato finalmente, está totalmente molhado, mas isso é o de menos. O que mais me deixa preocupado é que só agora percebi que havia um pequeno corte, pequeno mas que ardia mais do que chupar um limão puro.

Tento assoprar e só piora, se cuidar sozinho não é fácil, mas com o tempo eu fui aprendendo muitas coisas. Uma delas é que limpar é a melhor solução. Então me levanto indo mancando até o banheiro.

- amanhã tem aula e eu preciso explicar sobre o cartaz, então pode ir cicatrizando logo - falo com minha própria ferida enquanto me sento no chão e coloco um pano molhado e com gelo por cima - eu to lascado... - bufo encostando minha cabeça na parede

Os garotos vão ficar muito bravos quando souberem que trabalhamos duro para nada, já vejo um 0 bem grande no meu boletim. Eles vão me odiar por isso, mas não há nada a fazer agora, uma dia eles esquecem... espero que não tenha ninguém do tipo vingativo entre eles.

De repente volto a pensar sobre tudo que aconteceu, e uma coisa não saí da minha cabeça de jeito nenhum, a possibilidade do Nagato estar certo. Aí então me lembro daquelas cartas... até agora ganhei duas e não faço ideia de onde viram e por que só agora? preciso descobrir quem é que está por trás delas e se tiverem mais...

Sorrio de repente quando uma ideia genial brilhando em minha mente, eu poderia ir mais cedo para a escola e ficar observando meu armário, assim eu vejo exatamente quem é essa pessoa que faz dobraduras tão complicadas...

- Yahiko você é um gênio - balanço a cabeça impressionado com minha própria inteligência

Parando para analisar essa situação eu me pergunto, quando foi que minha vida virou essa doidera?

Anjo de papel - yahikonanOnde histórias criam vida. Descubra agora