Yahiko narrando
Depois de toda aquela loucura finalmente Nagato está com a gente e podemos voltar para casa, já é de noite e com certeza eles vão ficar encrencados, alguns diriam que esse é o lado bom de não ter pais, mas não existe lado bom nisso. Eu daria tudo só para chegar em casa e ver que alguém estava me esperando.
Bom, pelo menos agora meu pé está um pouco melhor, a ponto de eu conseguir andar mesmo que mancando muito e apoiado no Nagato. Quando saímos daquele lugar, já era tarde então Konan insistiu em voltar sozinha, agora somos só eu, ele e o cachorrinho que Nagato achou na floresta, indo para minha casa.
- o que houve com seu pé? - Nagato aponta para o machucado
- um galho... gigante... caiu em cima - falei pausadamente por estar praticamente trotando
- não quer ir para minha casa? talvez minha mãe saiba como cuidar disso - ele sugere e eu nego com a cabeça
- não precisa, já passa - estralo a língua não dando muita importância
- mas é um cabeça dura mesmo - ele dá uma risada nasal voltando a olhar para frente
Antes que eu dissesse algo vejo que chegamos a minha casa. Como já era tarde quase não se viam pessoas andando nas ruas, o que é bom, evita perguntas. Ele me ajuda a entrar em casa e me sento no chão encostando a cabeça na minha cama, eu não iria dormir ainda.
- é melhor você ir... seus pais devem estar desesperados - disse olhando para Nagato que pulou na minha cama
Ele se deitou de brusso e me olhou como se eu tivesse feito alguma coisa. Estranhei de início, franzindo as sobrancelhas, mas então ele continuou.
- eu não quero te deixar sozinho - ele dá de ombros
- não era nem para você estar aqui - fico olhando para o teto
- mas eu estou - ele sorri com um olhar firme e percebo que nada que eu falasse adiantaria de alguma coisa
Não faço nada a respeito, até porque ele deve estar morrendo de cansaço também, o dia foi longo e provavelmente o mais doido da minha vida.
- Nagato - quebro o curto silêncio que se formou
- fala - ele olha para mim
- eu acho que eu estou doente
- como assim? se sente mal? onde dói? - ele põe a mão na minha testa para sentir a temperatura
- não sei explicar - continuo fitando o teto - mas quando a gente estava fazendo o trabalho eu parecia um mongolóide
- a isso você parece todos os dias - ele balança a mão no ar
- Nagato eu estou falando sério, eu estava conversando normalmente com a Konan aí do nada minha cara esquentava - encaro ele com medo nos olhos - e sorria sem motivo, Nagato, eu acho que preciso ir para um médico, eu estou com defeito
- ah... - ele pressiona um lábio contra o outro segurando um sorrizinho enorme - eu sei o que você tem
- ótimo, eu estou morrendo e você aí querendo rir, porque eu sou seu amigo mesmo?
- me escuta seu cabeçudo, você não está doente coisa nenhuma - ele me olha como se tivesse prestes a surtar - você está apaixonadinho
Ele dá um gritinho seguido de empurrões fracos no meu ombro. Desvio o olhar para o chão franzindo as sobrancelhas e reflito sobre isso.
- não estou não - digo
- você é cego? está sim - ele me chacoalha - acorda pra vida
Ele saí da minha cama e fica girando pelo meu quarto enquanto repete a mesma frase só para me provocar.
- é o amoooor que mexe com a minha cabeça e me deixa assim - ele canta e eu permaneço sem reação apenas o seguindo com os olhos
Será que... não, eu me recuso, prefiro que seja doença mesmo. Me apaixonar com essa idade ainda por cima por uma garota que eu nem conversava a semanas atrás? eu não.
- Nagato eu vou te jogar pra fora da minha casa - o encaro
- você não consegue nem andar sozinho - ele senta sob os joelhos na minha frente - aceita que eu estou certo
- a então vai me dizer que meu estômago revirando também é estar apaixonado? - digo debochando daquilo - eu devo estar é com virose isso sim
- credo... para de de ser idiota, se eu to falando é porque é - ele põe as mãos na cintura - já estive errado alguma vez? pois é, não
Chibi vem até mim balançando o rabinho animado, não acredito que ele já está parecendo o Nagato com só meia hora de convivência.
- e como que você sabe disso? - imito ele e dou um sorrizinho - para falar com tanta experiência tem que já ter testado
- anjo, eu vejo novela, sou mais experiente que qualquer um - ele sorri convencido
- um emo que vê novela... eu tiro meus amigos do fundo do poço mesmo
- não tenta mudar de assunto que você sabe que tem culpa no cartório, ta apaixonado sim
- eu estou doente - me lembro de outra coisa - a então me explica meu corpo se gelar por dentro lá naquela floresta
- amor
- é febre seu maluco! - digo indignado - para de assistir novelas, não ta fazendo bem pra você
Um silêncio se estendeu pelo quanto e ficamos nos encarando sem piscar. Eu não vou cair nesse papo furado nem a pau, a Konan é minha amiga e só isso.
Mas então as paranóias começam a falar um pouquinho mais alto e aquele questionamento de antes volta. Talvez não seja tão impossível assim o Nagato estar parcialmente certo, eu disse parcialmente.
- tabom, talvez, mas só talvez eu te escute - ele ameaça sorrir, mas o corto - porém não hoje, saí daqui
Sorrio vitorioso e aponto para a porta, ele me ignora e tem a audácia de jogar meu travesseiro na minha cara.
- eu só vou quando você admitir que gosta da Konan - arregalo um pouco os olhos e coro desviando o olhar - ALA - ele sorri de orelha a orelha e aponta para mim - VOCÊ GOSTA DELA
- cala a boca seu escandaloso - dou um tapa na mão dele
- muda de assunto, mas não nega olha só, típico
- sai da minha casa, anda
- nã... - o interrompo
- SAAAAAI - fico batendo meu travesseiro na cabeça dele - DAQUIIII
- PARO - ele a segura e me olha
- eu não quero falar com você, sai
- tabom eu saio - ele se levanta dando alguns passos para trás e sussura - apaixonado
Semi-cerro os olhos, a sorte dele é que eu não consigo correr. Quando ele saí começo a pensar sobre tudo isso, é muita informação ao mesmo tempo. Logo Nagato volta me olhando assustado, meu coração para quando vejo que os pais deles estão aqui... agora sim eu me ferrei bonito.
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Anjo de papel - yahikonan
FanfictionKonan tem uma queda pelo Yahiko. Ela nunca falou com ele por conta da insegurança, mas resolve começar a mandar cartinhas para o garoto sempre assinadas como "anjo de papel" o problema é quando ele decide descobrir quem é que está por trás disso.