Deidara narrando
Estavamos na diretoria a um bom tempo recebendo uma longa bronca sobre violência aos colegas. Uma grande baboseira, acho um desperdício de saliva já que ninguém aqui está realmente se importando.
Acredito que agora entendo porque nos chamam de pior sala da escola, eu particularmente levo isso como elogio. Não tem nada melhor do que ser reconhecido de alguma forma.
- e isso é tudo - o diretor Hiruzen finalmente termina sua tagarelice
Começamos a conversar entre nós enquanto nos levantamos seguindo para a porta, mas somos parados. Já devia esperar que ele não nos deixaria sair assim numa boa.
- vocês vão ficar na sala C para refletirem sobre o que fizeram - bufo em revolta
- podemos ir agora? - Yahiko pergunta já no seu limite
- não - o que mais esse velho quer em? - tenho mais uma coisinha para vocês - ele pega algumas folhas de uma gaveta e entrega para Itachi
- porque folhas vazias? - o garoto questiona as analisando
- por que eu quero que vocês façam uma redação se desculpando pelos seus atos
Esse velhote só pode estar de brincadeira com a nossa cara. Eu me recuso a fazer isso, mas não vou dizer nada por medo de ele fazer mais um discurso sufocante. Então saimos da sala dele em meio a reclamações de todos, obviamente ninguém estava contente com isso.
- sorte dele que bater em velho é crime hm! - fulmino a porta atrás de nós conforme nos afastamos
- quem ele pensa que é? - Hidan esbraveja
- o diretor? - Kakuzu responde com sarcasmo, recebendo um gesto obsceno com o dedo em resposta
- agora já foi, não adianta ficar reclamando - Yahiko diz andando a frente de nós
- não esquece que estamos aqui por sua causa - Sasori diz
- escuta aqui seu... - ele é interrompido por Kisame
- ado ado ado quem falar agora é arrombado - ele berra e todos se calam no mesmo instante, golpe baixo eu diria
Depois de mais alguns longos minutos andando em direção ao lugar certo, finalmente o achamos.
- chegamos - Yahiko abre a porta da sala em que nós passaríamos as próximas horas
- ele falou - Kisame sussurra para Itachi em meio a risos
- não arrume mais briga não, amigo - ele pressiona o lábio contra o outro segurando o riso também, mas que imaturos
Entramos um por vez e nos espalhamos pelas carreiras da sala. Itachi como o mais responsável aqui, distribuiu os papéis para os alunos e em um piscar de olhos já haviam aviõezinhos voando por cima da minha cabeça, não esperava menos deles.
- o meu voou mais alto - disse Hidan mostrando a língua e de pé em cima da mesa
- nem vem, foi o meu e todo mundo viu - Sasori diz da outra ponta
Apenas reviro os olhos para a cena e observo todos conversando sem parar. Então em meio ao barulho começo a procurar por Tobi que não estava ali. Já está ficando normal esse negócio de ele sumir de repente. Quando me dou conta, vejo ele sentado no chão do fundo da sala. Me pergunto o que raios ele está fazendo ali sozinho e ainda por cima quieto.
Por impulso acabo me levantando do meu lugar a indo até ele. Me abaixo no chão ficando ao lado do Tobi que parece nem notar minha presença e isso me irrita.
- Tobi - o chamo e ele nem se mexe - o Tobi! - nada ainda... - Tobi?
Passo minha mão na frente do rosto dele e sou totalmente ignorado. Eu juro que vou meter um socão na cara desse idiota, aí eu quero ver não me escutar.
- hm? - ele vira o rosto para mim
Franzo o cenho estranhando ele estar desanimado e não me chamando de senpai ou sei lá o que esses otakus doidos falam.
- cê ta bem? - tombo a cabeça para frente o encarando
- sim - espera... cade a voz irritante dele?
- Tobi que voz é essa? - eu diria que ele está doente ou chegou na puberdade mais cedo
- quero ficar quieto - ele para de me olhar e encosta a cabeça na parede
Desde quando ele ficou todo depressivo e com voz de um fumante na adolescência?
- quem é você e o que fez com meu amigo? - digo assustado
- então eu sou seu amiguinho - ele sorri com os olhos e de repente a voz de retardado voltou
- AH! - dou um berro apontando para ele
- para de grita escandaloso - ele está me ofendendo? o Tobi? a gente trocou os papéis e eu não estou sabendo?
- dá pra parar com a brincadeira Tobi? - reviro os olhos
- Dei, se eu te contar uma coisa você promete não falar para ninguém? - falando assim ele até parece uma pessoa normal... falando assim, todo sério
- fala aí - finjo não me importar e cruzo os braços
- é outra personalidade - ele olha para frente
- ta brincando né? - falo totalmente confuso e ameaço rir, mas ele nega com a cabeça e então só consigo dizer - ah... - e também desvio o olhar
É uma situação um pouco estranha, principalmente porque eu não sei praticamente nada sobre isso, a não ser que geralmente uma segunda personalidade vem de um trauma. Aprendi isso quando estava fazendo um trabalho de escola.
- pois é... eu assumo a personalidade de outra pessoa quando estou triste - ele abraça os joelhos ainda olhando fixamente para frente
- quando... quando começou? - fico o observando
- nem eu sei direito, mas disseram que são normais os lapsos de memória - ele dá de ombros como se já tivesse se acostumado com isso
- ahm... eu sinto mui... - ele me interrompe
- não é culpa sua
Coço a nuca meio sem graça por me sentir deslocado nessa conversa. Nunca falei sobre nada sério com o Tobi e isso é estranho... muito estranho. Se eu sou o único que sabe então quer dizer que ele confia em mim... quase dou um sorriso, mas lembro que eu sou o grosso insensível da amizade.
- é melhor eu... deixar você sozinho não acha? - quando estou prestes a levantar ele olha para mim
- fica, mas sem dizer nada - assim que ele diz isso automaticamente me sento novamente - só... fica
Encosto minha cabeça na parede e fico pensando sobre isso, em partes é bom porque assim ele não vai me irritar o dia inteiro, mas... isso deve ser horrível. Me sinto mal por ele, admito que sou um péssimo amigo por xingar a cada segundo e coisas assim, mas incrivelmente ele continua comigo em qualquer situação. Queria saber porque.
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Anjo de papel - yahikonan
FanfictionKonan tem uma queda pelo Yahiko. Ela nunca falou com ele por conta da insegurança, mas resolve começar a mandar cartinhas para o garoto sempre assinadas como "anjo de papel" o problema é quando ele decide descobrir quem é que está por trás disso.