Rafaella Kalimann's Point of View
20:04 PM de 28 de setembro de 2020
O dia de hoje foi selecionado por um motivo, a apresentação dos responsáveis pelo caso e uma análise de entrosamento entre a junção das duas equipes fragmentadas. Mas ao contrário dos meus colegas, - que passeavam pelos corredores do prédio, ainda desconhecido - eu trabalhei, para que pudesse adiantar o quanto antes às provas em que precisávamos. Não faço nenhuma questão de passar nem um minuto a mais nesse escritório, além do necessário, é óbvio.
É evidente que eu tinha noção da repercussão que a minha presença causaria na vida de Gizelly, mas acontece que a importância que este caso causará na minha carreira, irá mudá-la completamente, não estava nos meus planos recusar uma oportunidade dessas. E acredito que ela esteja passando pela mesma situação que eu.
É fácil vocês me odiarem pela forma que Gizelly escreveu-lhes a sua versão da história, mas ao contrário do que deve estar passando pela cabeça de vocês, eu sou inocente. Eu não traí ela, e nem nunca trairia. Tanto que a proposta do casamento partiu da minha pessoa. Mas esse é um assunto que deverá ser discutido mais tarde, de preferência com a presença da capixaba. Só peço para confiarem em mim, eu sou inocente nesse quesito.
Diferentemente dos outros dias, resolvi contrariar os meus institutos e seguir o pessoal até o estabelecimento em frente. Ouvi alguns contos sobre o ponto de refúgio do pessoal do escritório, e pelo que eu entendi era rotina, todas as segundas-feiras, ambos reunirem-se em tal.
Para evitar possíveis desentendimentos, resolvi manter-me em uma distância considerável de Gizelly, o suficiente para que eu pudesse notar a sua presença lá, mas ela não me visse. Parecia mais tranquila bebendo o líquido espumoso do copo posto na sua frente, enquanto massageava seus ombros, permitindo fechar os olhos e aproveitar o momento. Se ela soubesse o quanto eu ainda a amo, e necessito do seu calor corporal, mas infelizmente ela se recusa a acreditar em mim.
14:26 PM de 23 de junho de 2010
A capixaba agarrava minhas coxas com ganância, enquanto permitia-me acariciar as mechas encaracoladas de seus cabelos. Conversámos meras futilidades, e nesse instante ela me contava mais uma de suas histórias amorosas que resultam no total desastre. Não conseguia prestar atenção nas suas palavras, pois me ocupava em memorizar os seus traços faciais.
Ela depositou um tapa estalado em meu antebraço, fazendo com que eu me afastasse de meus pensamentos.
-Rafaella você não prestou atenção em nada do que eu disse? - ela sentou-se para demostrar a sua indignação.
-Me desculpe, estava nas nuvens - levantou-se e foi ao encontro da geladeira, voltando com a embalagem de chocolate nas mãos. Eu gostava das sensações que ela me causava. Parecia que nos conhecíamos a anos, e não apenas poucos dias.
-Vou relevar dessa vez só porque você comprou o chocolate que eu pedi - não evitei um sorriso, e então neguei com a cabeça quando a mesma me ofereceu o doce em que segurava -Vai dizer que não gosta de chocolate agora?
-Eu não gosto - ela fechou a cara furiosa, embora parecesse que ela iria me dar um soco na cara em resposta a informação que recebera, eu achei o formato franzido das suas sobrancelhas um tanto quanto fofo.
-De que planeta você veio alienígena? - nossas risadas entraram em perfeita harmonia.
-Pensa pelo lado positivo, assim sobra mais pra você - ela finalmente pareceu gostar da ideia, e então retomamos a sua posição de origem.
(...)
Sem me dar conta, estava atrás da capixaba, não faço ideia de como criei coragem para chegar até aqui, mas tenho certeza que o álcool influenciou na decisão.
-O que você quer, Rafaella? - sua voz soava rouca, como quando estava bêbada.
-Uma oferta de paz, apenas por essa noite - entreguei-lhe um copo com cerveja, sua favorita.
-Está bem, agora some - ela revirou os olhos quando sentei ao seu lado.
No instante em que eu planejava engatar-nos em um diálogo, meu celular vibrava indicando uma ligação. Antes de arrastar o dedo para atender, li o nome do indivíduo que atrapalhara a minha tentativa de reconciliação, na tela do aparelho, era Manoela - minha irmã mais nova.
-Oi Manu, aconteceu alguma coisa? - estava com medo da sua resposta.
-É a Sofia, Rafa, ela não está bem. Não para de chamar por você, será que tem como vir pra casa? - disse a ela que estava a caminho e desliguei a chamada. Estava tão transtornada com as palavras da minha irmã que nem me despedi de Gizelly.
Graças à Deus, o trânsito de São Paulo colaborou comigo e em poucos minutos já estava adentrando o apartamento que dividia com Manoela. Abri a porta do quarto e encontrei minha filha choramingando palavras desconexas.
-O que aconteceu, meu amor? - ela me abraçou, enquanto eu sentava na beirada da cama.
-Ela já está medicada, mas como a febre tá alta achei melhor te chamar, você é mãe. E as mães sempre sabem o que fazer.
-Obrigada, Manu. Pode deixar que eu cuido dela agora - a mais baixa assentiu e dirigiu-se para o seu quarto.
A campainha tocou e eu estranhei o fato do porteiro não anunciar a chegada de ninguém. Avisei a minha filha que só iria atender a porta e depois a minha atenção iria ser toda pra ela. Mesmo relutante, ela concordou.
Abri a porta e lá estava ela, Gizelly Bicalho, levemente embriagada, na porta da minha casa. O que foi? - ela sorriu.
-Você não muda não é mesmo? - estava com medo da Sofia aparecer e eu ter que explicar a situação para Gizelly, ela não precisava saber que tinha uma filha. Eu não estava pronta pra contar, pelo menos não agora.
-Eu não quero discutir, Gizelly, já está tarde. Guarde suas ofensas até amanhã de manhã - antes que eu pudesse fechar a porta, a mesma colocou a mão, me impedindo de fazê-lo.
-Eu só vim te entregar o seu celular. Você saiu tão atordoada, que nem notou que estava sem ele
Não tive tempo de agradecer, pois Sofia apareceu ao meu lado implorando por carinho. Nem era necessário dizer que ela era filha da Gizelly, estava visível em seus atos.-Mamãe, 'cê tá demorando - peguei ela no colo, permitindo que a pequena se aninhe no meu corpo.
-Mamãe? - Gizelly estava sem entender.
-Longa história, quem sabe uma hora eu te conte, se você prometer não cuspir ofensas na minha direção - ela balançou a cabeça e suspirou antes de falar.
-Quem sabe um dia, Rafaella
-Até mais, Gizelly
-Até mais, Kalimann
-Tchau titia - Sofia deixou escapar antes que eu fechasse a porta, o que me deixou surpresa, já que a garotinha era tímida na maior parte do tempo, e especialmente com estranhos.
-Tchau, pequena - essa é a Gizelly por quem eu me apaixonei. Por mais que ela estivesse me odiando, não seria capaz de tratar mal uma criança e muito menos um animal. Ela acenou antes de se retirar.
Deitei-me com a Sofia em sua cama, acariciando os fios de cabelos que se enrolavam nas pontas. Eu nunca tive dúvida de que ela tinha traços de Gizelly, aliás era nas suas mais simples atitudes que eu percebia a semelhança entre ambas. E agora era notável que as duas tinham uma conexão.
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Olá pessoal, espero que estejam gostando. Deixem um comentário aí, e é muito importante que votem no capítulo. Um beijo.
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Passado Mal Resolvido
RomanceSinopse: Rafaella e Gizelly tiveram um passado juntas que deixou ferimentos permanentes. Um relacionamento estável que acabou chegando ao fim por conta de uma traição. Será que cinco anos depois e uma reviravolta em ambas as vidas, é o necessário pa...