6. Assassino

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Olá meus leitores, não estou tendo muito tempo para escrever, mas prometo tentar voltar o mais rápido possível.
Um beijo, e aproveitem o domingo.

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Gizelly Bicalho's Point of View

20:39 PM de 30 de setembro de 2020

Esperei tanto por isso. Só Deus é testemunha do quanto esperei. Fiquei dia após dia contando com o momento em que a mineira cederia ao seu orgulho e voltaria para o apartamento em que compartilhávamos. Perdi as contas dos cenários que inventei, pois haveriam tantas maneiras dela retornar aos meus braços. Mesmo conhecendo a mais alta e tendo a consciência que ela não daria o braço a torcer, esperava, do fundo do meu coração, que ela cruzasse aquela porta.

Não precisaria bater, porque ela tem a chave. Era só abri-la e entrar. Mesmo que deteste admitir em alto e bom tom, Rafaella me conhecia, e saberia que se ela voltasse a receberia de braços abertos.

Entretanto, os anos se passaram e eu não recebi nenhuma notícia dela. Parecia que a mesma nunca tivera existido, pois não havia muitos registros de sua estadia. E em relação aqueles que ainda restavam, - algumas fotos expostas em porta-retratos e imagens na galeria do celular - eu procurava trancafiá-los no setor mais obscuro das minhas memórias.

Eu não entendo. Porque para uma mulher que negou seus sentimentos olhando nos meus olhos, e sem hesitar, roubar-me um beijo depois de anos. Isso não me parece uma atitude muito sensata. Ela só podia estar brincando comigo, isso era apenas um jogo para ela.

Que droga, Rafaella! Eu te esqueci. Esqueci o sabor adocicado dos seus lábios e até a maciez ao colidirem com os meus. Esqueci a maneira que você acaricia meus cabelos contidos na nuca, e como sente a necessidade de segurar a minha cintura com firmeza - como se eu fosse fugir dali. Admito meu cérebro indicou esse comando, mas não conseguia me afastar dos seus braços.

O beijo foi se encerrando aos poucos e só então pude pensar com clareza. Rafaella sorria de orelha a orelha, vitoriosa com o novo feito.

-E-Eu vou embora - ameacei sair, mas a mineira fez questão de me prender em seus braços.

-Gizelly, por favor, só hoje

-Não Rafaella, você não entende

-Eu não entendo o que? Agora vai dizer que não queria? Porque o seu corpo diz o contrário

-Não coloque palavras na minha boca - estava nervosa e gesticulando.

-Então o que foi? - ela entrelaçou nossos dedos e depositou um beijo nas costas da minha mão.

-Quer saber, deixa pra lá...

-Ah não, Gizelly. A gente precisa conversar

-Mas não tem que ser hoje. Não tô com cabeça pra isso, Kalimann! - Me afastei do ambiente batendo a porta.

O maldito trânsito de São Paulo resolveu colaborar comigo hoje, acho que até o universo resolveu me dar uma folga. Adentrei meu apartamento, e sem pensar duas vezes, encaminhei-me para o quarto.

Caramba Rafaella, por que faz isso comigo? Não percebe a confusão que está na minha cabeça agora?

Não, claro que não. Ela nem se importa com isso, só o fez para cantar vitória em algumas de nossas discussões futuras.

Meu corpo está funcionando no automático. Não sei se vou conseguir dormir essa noite. Ou pelos menos, não dormirei um sono contínuo.

Mesmo com os termômetros da cidade marcando graus mais elevados, decidi que a água morna era o que estava necessitando no momento. Não que eu seja fã de banhos quentes, longe de mim, mas água morna serve-me como um alívio muscular para àqueles que estavam tensionados.

Passado Mal ResolvidoOnde histórias criam vida. Descubra agora