4. Pedido de Namoro

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Olá pessoal, preparei um capítulo com todo o carinho pra vocês.
Comentem aí, que eu amo ler o feedback de vocês. E se puderem votar no capítulo, ajuda demais.
Espero que estejam gostando, um beijo e bom final de semana à todos.

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Rafaella Kalimann's Point of View 
 
07:28 AM de 30 de setembro de 2020 

Aproveitei do fato de ter acordado minutos antes do horário que era necessário, para que pudesse analisar minha filha no mais belo sono profundo. Acompanhei com o olhar, o movimento recorrente do seu peito, - subindo, descendo, e assim sucessivamente - sua respiração estava estável. Essa era uma das poucas noites que dormira um tempo excessivamente longo, pois há alguns dias que acordara durante as madrugadas alegando falta de ar. O médico que atendera no hospital, - após algumas exames e um diagnóstico preciso - afirmou ser asma. Como ele mesmo disse, é comum entre as crianças na idade dela, e há alguns casos em adultos, na atualidade.  
 
Entretanto vê-la assustada, fazia com que não conseguisse controlar as lágrimas, mas minha irmã me lembrara que eu deveria ser a pessoa mais forte. Era necessário que alguém passasse confiança para a pequena, então assim eu faço. E permito-me expelir as lágrimas somente quando estava no silêncio do meu quarto em pleno breu da noite. 
 
Eu consigo imaginar uma versão em que Gizelly estivesse aqui conosco, e ela que desempenharia essa função, pois nunca vi alguém que cuidasse de outro ser humano com tamanha eficiência, ou pelo menos isso funcionava só comigo. Assumo que sempre abaixava a guarda para um resfriado leve, mas Gizelly parecia nem se abalar, eu invejo-a por isso. 
 
Esses pequenos detalhes na personalidade, é notável em Sofia. É engraçado quando a pequenina se irrita com uma situação simples, mas que foge do seu controle. No mesmo instante a garota entrelaça os braços na altura do peito e deixa com que uma expressão emburrada se forme em seu rosto. - idêntica a que Gizelly fazia, pelo mesmo motivo.  
 
Esses pensamentos trazem a tona outros, e mais outros, e assim por diante. Não poderia negar que meu coração acelerava cada vez que me recordava dos nossos momentos juntas. E de cada mania besta que ela tinha, algumas delas que conseguiam me deixar excessivamente irritada, bom, a maioria era com esse propósito.
 
20:17 PM de 15 de novembro de 2010 
 
Lembro-me desta data como se fosse ontem, fora um dos melhores dias da minha vida.
 
Meu coração palpitava no peito, de forma descompassada. Se fosse em outro caso poderia jurar que era arritmia cardíaca, ou qualquer um desses problemas cardiovasculares que eu não possuía muito conhecimento a respeito.  
 
Minhas mãos suavam como as de uma adolescente quando fora realizar seu primeiro beijo, e é assim que me sentia. 
 
Gizelly adentrou a cobertura do prédio, iluminada apenas por poucas velas, - deixando o ambiente um tanto quanto agradável - seus olhos marejaram, enquanto suas mãos batalhavam contra as lágrimas de emoção que insistiam em cair e estragar sua maquiagem. 
 
Não havia escrito um roteiro para essa noite, pois me permitia ser criativa, afinal se tratava da mulher em que fora o motivo dos meus sorrisos apaixonados. E confesso que era horrível planejar uma ocasião que agradasse a capixaba. Pois ela detestava qualquer coisa "clichê" e "romântica", como ela mesma dissera. Mas teria que suportar, apenas por hoje. 
 
Passamos a noite como se fosse qualquer uma das outras, porque todas elas eram incríveis. Nós jantamos algo que preparei, e só tive certeza de que ficara do seu agrado porque treinei realizar esse prato, pelo menos umas três vezes na semana, durante dois meses e meio. E assim tive a aprovação de muitos amigos, nos quais foram usados de cobaia. 
 
Ouvimos música e dessa vez acabei cedendo ao doce, apenas para vê-la animada com a situação. Lembro-me de cantar um trecho de uma música em que gostávamos, - enquanto a mesma ecoava em volume baixo, nas caixas de som - sussurrei bem próximo de seu ouvido. Acho que era algo como: 
 
"Pode até parecer fraqueza 
Pois que seja fraqueza então 
A alegria que me dá 
Isso vai sem eu dizer 
 
Se amanhã não for nada disso 
Caberá só a mim esquecer 
O que eu ganho, o que eu perco 
Ninguém precisa saber" 
 
Então entreguei-lhe a aliança de compromisso, enquanto me ajoelhava diante de seus pés. Acho que de todos os momentos clichês que poderia viver, se esses mesmos fossem sem a Gizelly, não haveriam a mínima graça. 
 
Nos encantamos pelos filmes, não por eles serem incríveis, mas porque ambos são fantasiosos. Mostram-nos uma versão mentirosa da vida. Onde já se viu a pessoa que você esbarra na rua, ou então aquele em que discute no metrô, acabar se tornando o amor da sua vida? 
 
Eu penso isso, ou pelo menos pensava antes de encontrar a garota das mechas onduladas. Que surgiu-me como um furacão, fazendo com que perdesse meus conceitos contrários em relação ao amor. 
 
                                  (...) 
 
Quando adentrei o escritório, avistei Gizelly de costas gesticulando enquanto cuspia palavras em direção ao homem de camisa social clara, - não conseguia ligar o nome a pessoa, mas ainda me era familiar. 
 
Aproximei-me com a intenção de sanar minhas dúvidas sobre as novidades do caso, foi então que caiu a minha ficha sobre o homem de cabelos muito bem arrumados e camisa abotoada de forma despojada. 
 
-Ricardo? - a dúvida no meu rosto era visível. 
 
-Olá Rafaella, qual o motivo do espanto? Você sabe que não estaria aqui se não fosse por mim - ele continua o mesmo arrogante de sempre. 
 
-Então você é o tal juiz Marques que tanto falam por aqui, e que contatou o meu chefe sobre esse caso? 
- ele sorriu vitorioso, pois sempre gostou de ser o centro das atenções. 
 
-A gente pensa, Rafaella, mas não fala. Não me invente de alimentar o ego excessivo desse aí - Gizelly nunca gostou dele, me surpreende que estejam trabalhando no mesmo ambiente. 
 
-Lembre-se Bicalho, você trabalha para mim - enfim, ele saiu. Provando mais uma vez que gostava de esbanjar o poder que não tinha. 
 
-Por que você não me disse que estava trabalhando com ele? 
 
-E eu lá me orgulho dessa parte, Rafaella? Se pudesse já teria dado um murro na cara desse aí - ela revirava os olhos -Enfim, voltando no caso. A testemunha de acusação já chegou 
 
-Muito bem, já deu uma lida na ficha dela? A polícia disponibilizou seu depoimento? 
 
-Está tudo aqui - ela me entregou o material necessário. 
 
-Se importa se eu der uma analisada, antes de interrogá-la novamente?  
 
-Fica à vontade, vou pegar um café. Quer um também? - assinto com a cabeça em confirmação. 
 
As primeiras linhas são a mesma burocracia de sempre, algumas anotações que não mereciam a atenção nesse momento. Mas não consegui evitar susto ao ler o nome de quem se tratava a testemunha de acusação. Bianca Andrade. 
 
A capixaba demonstrou tranquilidade ao analisar os papéis, concluo que ela não tenha tido um contato inicial com a mulher, pois garanto que esta estaria se encaminhando para o hospital nesse instante. E provavelmente eu estaria em uma situação semelhante. 

Passado Mal ResolvidoOnde histórias criam vida. Descubra agora