Rafaella Kalimann's Point of View
19:02 PM de 05 de outubro de 2020
Não, isso não pode estar acontecendo. Ela não merecia morrer desse jeito, ninguém merece. Nós tivemos nossas desavenças, mas ela era inocente, não deveria ter sido submetida a essa situação.
A minha respiração estava desregulada, as lágrimas insistiam em escorrer pelas minhas bochechas, e a parte que mais me doía, era a culpa que carregava. Por mais que todos digam que eu não havia um porcento se quer do peso da sua morte nas minhas costas, eu pensava bem ao contrário.
A delegada já deve ter perdido as contas de quantas vezes me mandou para casa, segundo as palavras dela mesma, eu estava sofrendo um surto pós traumático e necessitava de repouso mental e um afastamento temporário deste caso, mas como ela não tem nenhuma formação em medicina, decidi não lhe dar ouvidos.
Circulei entorno dos móveis da sala, enquanto fingia escutar as palavras de Mariana. Minha cabeça transbordava teorias, impedindo que mais nenhuma informação entre em meus pensamentos.
-Isso é culpa minha - a mesma frase martelava no meu cérebro -Eu devia ter escutado antes - a capixaba atravessa a minha frente, me obrigando a agarrá-la com firmeza para evitar uma possível queda, devido o contato dos nossos corpos.
Eu estava acabada mentalmente e fisicamente, não dormia direito e agora tinha sangue nas minhas mãos, mas estar próxima a morena fazia com que esses pensamentos pessimistas se afastassem. Nesse momentos éramos apenas nós duas, e era só ela que eu necessitava mesmo. Suas mãos acariciavam minhas bochechas, enquanto mantínhamos nossas faces unidas. Estava mais calma.
-Eu sinto muito, mas nós vamos conseguir acabar com isso. Ele vai pagar por todo mal que fez - não conseguia contornar as lágrimas.
-A culpa é minha - foi a única coisa que consegui dizer.
-Rafaella olha pra mim - quando meus olhos encontram os seus eu sabia que estava segura -Não foi você, a culpa não é sua. Ele machucou ela, porque é uma pessoa horrível. E sabe por que ele te falou o contrário? - neguei com a cabeça -Porque ele quer se livrar da culpa, não tem coragem para assumir os seus erros, mas você, você é boa demais
-Não, eu não sou - não consegui encarar seus olhos castanhos por muito tempo, pois estava envergonhada, a culpa gerava essa consequência.
-Rafaella, você é a pessoa mais doce e bondosa que eu já conheci - mesmo que discordasse, estava escutando -Você se lembra aquela vez que estávamos entrando em uma lanchonete no horário de almoço. Nós não tínhamos levado muito dinheiro, apenas o suficiente para um lanche, mas no momento que você viu aquele garotinho do outro lado da rua, você entregou a sua única fonte de alimento daquela tarde. E eu estou aqui de testemunha do tamanho da fome que você estava sentindo, mas mesmo assim você entregou o sanduíche para ele
-Eu não podia passar reto, sabendo que tinha uma criança passando fome - constantei.
-E depois desse dia você começou a levar um sanduíche na bolsa todo os dias, se aquele garotinho está bem nos dias de hoje, o mérito é seu - ela conseguiu arrancar-me um sorrio -Você é generosa, gentil, e se entregou de corpo e alma neste caso. Não havia mais nada que pudéssemos ter feito - finalmente me permiti aconchegar-me em seus braços. O restante dos integrantes desta sala, estavam comovidos, e todos cientes da complicação da situação.
Alguém bateu na porta antes que mais palavras fossem ditas. Era Felipe, com novas informações, acredito eu.
-Me desculpem, não queria atrapalhar - a capixaba e eu nos afastamos e concordamos em dar prosseguimento no caso -Eu trouxe o laudo do legista - ele diz apontando para o papel em mãos.
-E o que diz aí?
-De acordo com o que ele me disse, só havia pequenas perfurações na região do tórax, provavelmente causadas por um objeto perfurante, mas que ainda não foi identificado-Tem certeza que é só isso? - fiz a pergunta que todos ansiavam em fazer.
-Não há sinais de lesões internas, então não, ela não sofreu abuso, se era isso que vocês queriam saber - soltei um suspiro aliviado -Mas estamos de volta a estaca zero
-E o garoto que trouxe as cartas? - indaguei com o intuito de coligar ele aos crimes.
-Ele prestou depoimento, mas estava tão assustado com a ideia de compactuar com um criminoso, que concluímos que ele era apenas um pombo correio
Enquanto criávamos teorias de possíveis envolvimentos, a delegada lançava ofensas para alguém no telefone, com certeza o assunto era sério. E finalizou a ligação batendo o aparelho sobre a mesa.
-Pessoal, nós temos um problema - todos estavam voltados para ela -Preciso de vocês duas comigo lá na recepção - apontou para Gizelly e eu, antes de se retirar da sala.
Descemos as escadas com cautela, com medo do que estava por vir. Será que haviam encontrado mais uma vítima?
Em frente ao balcão principal estava ela, a mulher que tinha a capacidade de arrancar-me arrepios apenas de pronunciar o seu nome. A energia que ela exalava pelos arredores faziam com que aqueles que passavam no mesmo corredor que ela, abaixassem a cabeça, mas não por respeito e sim por medo ou até pavor.Era a minha mãe.
Caramba como ela estava diferente, aparentemente falando. Nos aproximamos antes que o chefe do escritório se pronunciasse.
-Olá Gizelly, já ouvi muito falar de você, e é um prazer finalmente conhecê-la - a mais velha estendeu a mão, mas impedi seu ato antes que as duas se cumprimentassem -Eu sou Genilda Kalimann, sua sogra, mas pelo visto a Rafaella tem vergonha das suas origens
-V-Você é… - a capixaba estava sem palavras, minha mãe tinha o dom de causar essas reações nas pessoas.
-O que você quer aqui? - tomei a frente, não deixaria que ela ofendesse a minha amada daquela forma.
-Eu vim apresentar o novo capitão deste departamento de polícia - ela apontou para o Ricardo, que estava ao seu lado -Oferecemos a chance de trabalhar com a polícia ele aceitou-E precisa da gente pra que?
-Pra informar vocês quem é o novo chefe e responsável por esse caso - Mariana estava sem chão.
-Delegada Gonzalez está dispensada, irei assumir de onde pararam
-Você não pode - ela tentou argumentar.
-Não só posso, como eu faz fiz - ela estava irritada e optou por se afastar, mas em quando tentamos ir atrás para oferecer apoio, Ricardo se pronunciou novamente -Vocês duas tem uma tarefa a fazer
-Isso pode esperar
-Não, não pode - arrogante -Um policial infiltrado nos informou que Hélio esconde documentos importantes em um cartório próximo daqui, o dono recebe propina e acoberta os seus crimes. Eu já consegui um mandato, vocês só precisam ir até lá e falar com o detetive Carlos, ele saberá o que fazer - o capitão entregou-nos as informações que precisaríamos para ir até o local, o que me causou um espanto de imediato.
-Esse lugar fica a duas horas daqui, você tá maluco? - me exaltei.
-Isso não foi um pedido, foi uma ordem! - ele usou seu tom mais autoritário -Prior, vá com elas - e então se afastou em meio as outras pessoas.---------------------x----------------------
Olá pessoal, a fic está se encaminhando para o final e poderá acabar a qualquer momento.
Em breve irei postar o capítulo 13 e 14 de uma vez, já aviso que vem muito aí.
Um beijo, e até mais.
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Passado Mal Resolvido
RomanceSinopse: Rafaella e Gizelly tiveram um passado juntas que deixou ferimentos permanentes. Um relacionamento estável que acabou chegando ao fim por conta de uma traição. Será que cinco anos depois e uma reviravolta em ambas as vidas, é o necessário pa...