Um mês para ter você

Day 30

Lauren

Meu estômago está se revirando em agonia e ansiedade desde o momento em que me deitei ontem. Eu vou embora depois de amanhã bem cedo, ainda não caiu totalmente a ficha. Eu vou ficar sem Camila por quanto tempo? Olho meu celular sobre a mesinha de cabeceira e levanto da cama. Com ele em mãos, caminho até minha janela, abrindo a mesma e respirando com força o ar da madrugada. Disquei o número de Camila e comecei a morder o polegar enquanto ela não atendia. Acabei vindo dormir em casa, passar meus últimos dias na casa que vou sentir falta.

-Lolo?- sua voz levemente rouca e sonolenta.

-Oi, Camz. Desculpa por te acordar, eu...

-Está tudo bem?- consigo ouvir o barulho da cama dela.- Precisa que eu vá aí?

-Não, não se preocupe. Eu estou bem, eu só...- solto um longo suspiro e fecho os olhos.- Não consigo dormir. Eu estou pensando demais.

-Em que, meu amor?

-Em nós duas. Eu não quero... Deixar você.- meus olhos começam a queimar com as lágrimas.

-Ei, não precisa chorar. Você sabe que eu vou estar aqui, é só me ligar.

-E se você cansar de me esperar, Camz?

-Lo, eu te amo. Apenas entenda isto, ok? O resto nós vemos depois.

-O depois me assusta.- mordo o lábio inferior.

-A mim também, porém é tudo o que temos agora.

-Mas Camz, e se-

-Lo, pare de pensar tan-

-E se você achar alguém melhor? E se eu voltar e você perceber que não me queria de verdade? E se... Camz? Alô? Você ainda está aí?

Tiro o celular do ouvido e vejo que a ligação havia sido encerrada. Como assim ela simplesmente desligou? Em que ponto eu falei algo que fez sentido na cabeça dela? Balancei a cabeça, tentando espantar os vários pensamentos que resolveram me inundar a essa hora, e sentei sob a janela. A luz que vinha da rua iluminava o quarto, me fazendo balançar os pés e brincar com as sombras que formavam.

Após alguns minutos, alguma coisa é arremessada para dentro do meu quarto, acertando meu tornozelo e me fazendo encolher as pernas. Cobri a boca e esperei, recebendo mais. Isso são pedras? Quando tudo ficou quieto, o que me deixou tensa, meu telefone começou a vibrar ao meu lado. Minhas sobrancelhas se uniram quando vi o nome de Camila na tela.

-Camila?

-Está bem frio, você pode abrir a porta pra mim? Ou me dizer onde tem uma escada, eu estou vendo sua janela aberta.

-Espera, o que?- me levanto e olho pela janela, vendo Camila acenar do gramado.- O que você...?

-Bom, você não acreditou quando eu falei por telefone. Decidi vir ver você. É muito inapropriada uma visita perto das quatro da madrugada?

-Você é louca.- dou risada e consigo vê-la sorrir.

-Por você, Lo. Por você.

***

Sinto um cafuné calmo, o que me faz soltar um longo suspiro e me agarra ainda mais nela. Ouço sua risada baixa e sinto um beijo no topo da minha cabeça logo em seguida.

-Bom dia, babe.

-Me deixa dormir mais um pouquinho?

-Não vai ser estranho seus pais acordarem e me encontrarem aqui?