Capítulo 32- Encontro

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Encontro

Lalisa

Já passou alguns dias após a conferência, aos poucos as coisas estão a voltar ao normal. É claro, há um monte de gente contra o Jackson e acha que tudo isto foi uma traição para com as pessoas que o amam, mas há outras que continuam a dar-lhe muito amor e pensam que a nossa história merece um final feliz.

Ainda me sinto culpada por estar a causar-lhe tantos problemas...

No meio de tanto calvário, ainda há o Sr.James que insiste em encontrar-se comigo, talvez o melhor seja ceder de uma vez por todas. Desta vez vou dizer-lhe para me encontrar num café, em vez de ser eu a deslocar-me até sua casa.

"Será que se pode encontrar comigo hoje?"

"Sim, mas vai ser no local que lhe vou enviar."

"Certo, lá estarei."

O que será que esta a tramar? Ainda não entendi a raiva que o Jackson tem com o pai, é claro que o pai quer que ele siga outro caminho para além da música, mas não acho isso motivo suficiente.

~

- Olá, Sr. James. – sentei-me na cadeira a sua frente.

- Olá, menina Jiwoo, ou devo dizer Lalisa?- senti uma pequena maldade no seu olhar, mas talvez esteja a imaginar coisas.

- Já deve ter visto a conferência, por isso, sabe muito bem que é Lalisa.

- Pois infelizmente vi. – o seu olhar era rigoroso e frio- Vou ser direto, quero que desapareça da vida do meu filho.

- Desculpe?- o choque das suas palavras foi tão grande que a minha mala até escorregou do colo- Desaparecer?

- Lalisa já foste um grande problema, não me faças repetir as coisas duas vezes. Fico triste por seres tu a filha do meu grande amigo, mas neste momento, nem as amizades vão interferir no futuro da empresa e da minha família.

- Fui um problema? Repetir as coisas? Mas do que esta a falar?!

- Já te mandei embora uma vez, a segunda não será impossível.

- Desculpe, mas acho que a conversa acaba aqui!- levantei-me.

- É dinheiro que queres? É poder? Posso dar isso tudo! Não precisas de te aproximar do meu filho para isso. Moças nojentas como tu deviam saber o seu lugar.

Aquele foi o pico máximo da conversa. A minha mão mexeu-se sozinha, peguei no copo de água, que estava a beber e joguei a água bem na sua cara repugnante.

- Você nem merece o filho que tem! Como é que ele pode ter uma pessoa como você como pai? Dinheiro? Poder? Não quero saber disso! O seu filho podia até ser o maior mendigo na rua, mas amá-lo-ia da mesma forma! Eu não sei a que se refere, quando fala de voltar a fazer a mesma coisa, mas sinceramente, pode fazer o que quiser! Neste momento nada nem ninguém me fará sair da vida do Jackson novamente. – virei-me para ir embora.

- Nem mesmo a ruína do negócio do teu pai?- abriu um sorriso perverso.

- Como eu pensei, não lhe resta nem um pingo de boa fé, ele não é seu amigo de longa data? Não viveram grandes momentos? Como pode descer tão baixo.

- Já lhe disse, nem mesmo um amigo ou seja lá quem for, me vai arruinar.

- Ninguém o pode arruinar, certo, mas você pode arruinar a vida do seu filho. Que triste, tenho pena do senhor. Vive uma vida tão amarga. – sai correndo daquele café.

As lágrimas começaram a descer por todo o meu rosto, como é que o seu próprio pai lhe pode sabotar tanto a vida. Agora entendo, todos aqueles olhares de solidão nos tempos de escola, todos aqueles comentários sobre não saber o que é amor de verdade, o Jackson referia-se ao amor de uma família.

É tão triste...

Mensagem

"Lisa, onde estas?

Acordei sem ti ao meu lado, não

gostei da sensação (carinha triste)."

Tenho que me recompor, quando chegar a casa tenho de falar com ele, desta vez não lhe vou esconder nada.

"Estou a caminho de casa.

Desculpa sair sem avisar "

~

- Cheguei!

Estranhei não obter nenhuma resposta, segui pela casa a procura do Jackson.

- Jackson?

- Estou aqui!

Olhei pela janela e lá estava o menino Jackson apanhar um banho de sol junto da piscina. Fui até ele.

- Estou de volta.- sorri.

- Já estava com saudades. – puxou-me para o seu colo deixando-me sentada nas suas pernas.

- Eu também.- dei-lhe um selinho.- Estas em forma ah,ah,ah.- olhei para os seus abs.

- Não me provoques se não já sabes onde vais acabar a tarde toda.

- Ah, ah, ah, pronto já não digo mais nada. – levantei as mãos como sinal de rendição.

- Agora fora de brincadeiras, onde foste esta manhã?

- Bem- hesitei- fui encontrar-me com o teu pai. – a sua expressão mudou rapidamente, os seus olhos pareciam que me iam matar.

- Com o meu pai?! Lisa não tínhamos falado sobre isso? Não te quero com o meu pai, ele não é quem pensas!

- Tem calma, não precisas de gritar comigo.- baixei a cabeça olhando para o chão.

- Desculpa – tocou na minha cabeça- sabes que as coisas com o meu pai não são fáceis. O que foi que te disse desta vez?

- Sabes, desculpa dizer isto, mas o teu pai não vale nada e muito menos te merece como filho. No início começou por me pedir para me desaparecer da tua vida e no final ameaçou destruir a empresa do meu pai. Mas não te preocupes eu não vou a lado nenhum.

- Eu não acredito que teve a coragem de o fazer de novo!- bateu de punho fechado na cadeira- Lisa há uma coisa que tu ainda não sabes.

- E o que é que não sei?- franzi a testa.

- Escuta até ao fim o que tenho para te contar. Há seis anos atrás, não foi a Camila a cabeça de todo aquele plano para nos afastar, foi o meu pai. Antes de entrares na minha vida tinha desistido de tudo aquilo em que acreditava, estava prestes a viver uma vida que não era a minha. Tu fizeste-me ver que há muito mais para além do que nos foi predestinado, meses após te conhecer decidi que iria seguir a música e não ia assumir a empresa. Foi ai que tudo começou, o meu pai admitiu que a culpa era toda tua e fez-te tudo aquilo! A culpa nunca foi tua! Eu já tinha esse sonho há muito tempo, tu apenas me deste coragem sem sequer saberes. Desculpa, passas-te por tudo aquilo por minha causa, tiveste uma vida escolar difícil, tudo- interrompi.

- Jackson, não foi por tua causa, foi por causa da mente distorcida do teu pai. Voltava a passar por tudo aquilo só para estar nos teus braço como estou agora. Desta vez, nada nem ninguém nós vai conseguir separar, entendes-te?- peguei no seu queijo e olhei-o nos olhos.

Beijamo-nos como forma de consentimento.

- Lisa, não estás preocupada com o teu pai?

- Não, eu vou arranjar maneira de correr tudo bem.

- Desta vez também tenho poder para o enfrentar, por isso, não será como há seis anos atrás.

 Obrigada por ler!

Um piano, dois coraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora