Capítulo 08 - Sonhei com Você (revisado)

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- Acabei de ver Keana dando com a mão e segurando na mão daquele cara de preto que está em nossa mesa ao lado.

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Uma súbita raiva me consome, inacreditável. Era inacreditável. Gatilhos. Eu não conseguia colocar em palavras a raiva que me abatia. Eu cansei, sinceramente. Aquilo para mim foi a gota da água.

Saio daquela mesa em disparada para a parte de cima da lagoa, pulo na água de roupa mesmo, sem me importar com nada. Fico debaixo da água até que meus pulmões gritem por socorro. Retorno a superfície quando não aguento mais, começando a tossir por ter ficado tempo demais embaixo da água.

- Tenha calma, não é a solução. - Tio Marcelo se encontra ao meu lado com um olhar preocupado. - Sei que você gosta dela, mas veja se isso realmente vale a pena. - Me dá dois tapinhas nas costas, me passando conforto.

Ficamos ali por não sei quanto tempo, e minhas mãos já estão calejadas, minha tia se juntou a nós, decido pular da ponte, já que ainda havia adrenalina percorrendo em minhas veias. Saio da água em direção a orla da ponte, subo, e em um abrupto ato de coragem, corro em direção a água, quando pulo, tudo fica em câmera lenta. A sensação de estar voando, abro meus braços como se estivesse no ar, de repente, sinto a água banhar os meus pés, e meu corpo submerso, vou até o fundo e coloco minhas mãos em meus joelhos, segurando-o. Estou em paz absoluta, mesmo que momentânea. Quando novamente sinto o ar se tornando necessário, volto a superfície.

- Isso foi fascinante. - Tio Marcelo novamente próximo a mim.

- Sabe esses caras que estavam próximo a Keana e a Nicks? - Dessa vez minha tia prende minha atenção. Acento com a cabeça. - Eles eram envolvidos com a Mikele, compravam drogas com ela.

- Boa companhia para elas então. - Digo ríspida e indiferente. Minha hora com Keana havia acabado, algo em mim havia mudado, não sei se era um surto maníaco que estava me ocorrendo naquele momento, mas eu sentia minhas veias infladas. - Vamos voltar. - Decido saindo da água sendo acompanhada por meus tios. Eu sabia que ela estaria na mesa, e na verdade, eu queria que estivesse mesmo.

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"Primeiro prende o cabelo, flexiona o joelho, vem no agachamento, desce, desce, desce."

A música rolava alto em uma das dezenas de caixas de som que tocava na parte debaixo da cachoeira. E eu com minha forma desengonçada de dançar, já chego no maior rebolado.

- Uau, o que que tinha nessa água, que voltou desse jeito. - Heloísa me encara sugestiva.

- É só sair com o Marcelo que ela volta desse jeito. - Madrinha Marie e suas especulações maldosas interferem.

Ignoro as duas perguntas e decido dançar como se não houvesse amanhã. Ao som daquela batida envolvente, não consigo definir quem cantava a música, mas era latina, o que me fez sentir vontade de tirar minha roupa, e é exatamente o que eu faço. Com as roupas encharcadas pela água, vou rebolando na batida enquanto tiro primeiro a blusa, lentamente. Eu não fazia academia, ou exercícios físicos frequentes, mas eu era uma latina, considerada " dentro dos padrões de beleza", e eu pelo menos do meu corpo eu gostava e sentia amor por ele ser da forma que era. Minhas coxas não eram diferentes, eram grossas e torneadas. Agacho um pouco ao som da batida, e quando me levanto desabotoou o short, levanto a vista um pouco, para ver o olhar de todos que estavam na mesa sobre mim, e todos que estavam nas mesas próximas a que estávamos, me olhando. Fico nervosa, mas quando ouço:

"Miéntele a todos tus seguidore'
Dile que los tiempo' de ahora son mejore'
No creo que cuando te llame me ignores
Si después de mí ya no habrán más amores."

Até o Para Sempre - Camren (Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora