CAPÍTULO 11

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Desejo saber o que estão achando. Lembrando que esse é o último capítulo, a opinião de vocês é muito importante para o segundo livro.

Ainda teremos o Prólogo

Inspiro profundamente enquanto apalpo o ar tentando encontrar algo que pudesse tocar

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Inspiro profundamente enquanto apalpo o ar tentando encontrar algo que pudesse tocar. Bianca insistia para me guiar, porém eu precisava fazer tudo sozinha. Eu precisava me despedir sozinha. 

É então que eu encontro algo material, deslizo minhas mãos e descubro que é uma parede. 

— Que cor é essa parede? — Pergunto com a voz rouca sabendo que Bianca está ao meu lado. Ela não queria me deixar sozinha por nem um segundo. 

— Lilás. Responde apenas. Ando na direção contrária a parede sabendo para onde estava indo. 

Assim que encontro a porta, não espero nem um segundo para entrar por ela. Aquele local eu conhecia bem. Como não poderia conhecer meu próprio quarto? Seria praticamente loucura!

Fecho meus olhos e Respiro fundo. Poderia não fazer muita diferença, mesmo com os olhos abertos eu só enxergava escuridão, porém eu precisava fechá-lo, precisava sentir, apreciar, imaginar. 

Sim, precisava imaginar. Ou será que a melhor definição para isso seja lembrar? sinceramente eu não sei. Podem haver milhares de definições para o que estou fazendo agora, mas prefiro definir como: ver o invisível. 

Claro que era apenas para mim. Bianca Miller podia enxergar muito bem as coisas ao meu redor, mas eu precisava fazer diferente, precisava lembrar de cada detalhe daquele local e imaginar que estou enxergando tudo. Para falar a verdade, lembrar do meu quarto não é tão difícil. Lembro que eu vivia passeando por aqui de olhos fechados. Vivia dançando de olhos fechados. 

Meu coração começa a bater de maneira ainda mais acelerada. Eu precisava, meu corpo implorava por aquilo e meu coração acelerava uma batida sempre que eu lembrava. 

Eu preciso! 

— Você… você poderia me deixar sozinha? 

Espero alguns segundos e ouço um "Tudo bem" quase sussurrado por ela. Seus poucos passos são ouvidos por mim e logo em seguida a porta se fechando. 

Dou alguns passos para frente até me certificar de que estou no meio do quarto. Começo a me mover bem devagar, porém a medida que o tempo passava eu aumentava a velocidade de meus movimentos e encontrava um ritmo. 

Não é novidade para mim dançar de olhos fechados, porém agora não era totalmente necessário fechar os olhos. Euos fechava do mesmo jeito. Precisava sentir a familiaridade, mesmo que fosse a última vez

Mesmo que eu obrigasse minha mente a não lembrar, acabei lembrando tudo que aconteceu dois dias atrás. 

O doutor já havia me examinado, porém ele teve que conversar particularmente com minha família. Bianca fez questão de participar da conversa, e o doutor não negou depois da mesma afirmar que não aceitaria ficar de fora de um detalhe sequer da minha saúde. Ela precisava acompanhar de perto todos que precisavam da ajuda da ONG. 

Foram longos minutos, eu não tinha nada par me distrair e tive que ficar imaginando o que eles estavam conversando. Até que a porta se abriu novamente e passos foram ouvidos por mim. 

— Preciso conversar com você — A voz de Minha mãe invade meus ouvidos me fazendo temer o que estaria por vir. 

Não respondo, apenas espero ela falar o que tinha para falar. Porém o nervosismo me pedia para não aceitar aquela conversa. 

— O médico já me falou que você não pode mais ver nada. Talvez seja passageiro, talvez dure para a vida inteira… Porém a única coisa que sei é que não vou pagar para ver. Não vou desperdiçar tempo com a incerteza de que você possa voltar a ver algum dia. Valeria a pena? Talvez. Mas eu não quero. Sinceramente esse dinheiro não irá me obrigar a continuar com essa farça. 

Eu estava completamente confusa. Não era para menos, minha mãe está na minha frente me dizendo uma coisa atrás da outra. Como posso digerir? 

— Eu vou parar de enrolar e contar logo a verdade. Eu não sou e unca fui sua mãe. — Minha boca se abre em confusão. Ela definitivamente estava maluca, ou então aquilo seria apenas uma desculpa para não ter que cuidar de mim. — Não me pergunte nada agora, sua tia pode te tirar todas as suas dúvidas. O que tenho a te dizer é que você é filha de uma prostituta. Sabe… Eu sempre tive nojo de você por isso. — Sua voz exalava rancor. Eu, por outro lado, não consegui expressar nenhum sentimento. Eu apenas focava em tudo que ela me dizia, não sabendo se acreditava de fato. — Pará mim já deu. Liguei para sua tia avisando que não ficarei com você. Reze para que ela não te rejeite. Mas já não é problema meu. Espero não te ver nunca mais! 

Um barulho ecoa pelo quarto quando esbarro em algo e acabo caindo. Aquela lembrança me desconcentrou. Me levanto do chão e logo em seguida a porta é aberta. 

— Está tudo bem? — Pergunta se aproximando. 

— Está sim. — Sei que ela não acreditou na minha palavra. 

— Sua tia já chegou… — O tom de sua voz demonstra o quanto ela está insatisfeita. — Me diga, ela é uma boa pessoa? — Essa pergunta me faz sorrir. Lembro quando Clara e eu passamos um mês na casa de meus tios, foi maravilhoso. Por um mês eu pude ser feliz antes de minha vida virar completamente de cabeça para baixo. 

— Ela é uma ótima pessoa. Não se preocupe! Ela não é nada igual à minha mã… à Carmen. — Tudo era muito confuso. O que eu acreditei a minha vida toda era mentira, mas não consigo acreditar totalmente no que Carmen disse. A minha alternativa será perguntar tudo à minha tia. 

— É melhor irmos. Sua tia está te esperando no carro.

Deixo Bianca me guiar até a rua e lá encontro minha tia. Ela me acolheu em seus braços, prometendo que eu teria uma vida melhor, e foi nisso que foquei meus pensamentos. 

Mas apesar de tudo, aprendi que devo me fortalecer em Deus.

Ele me deu uma segunda chance.







Com Muita Dor, CléoOnde histórias criam vida. Descubra agora