Dormir

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Minhas olheiras já estavam enormes afinal eu não dormia direito a pelo menos duas semanas. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas todos os dias às 3:33 da madrugada eu acordava assustado com a sensação de algo subindo em cima de mim.

Tudo começou depois de um dia em que fiquei até mais tarde no trabalho com alguns amigos, não executando alguma coisa em si mas apenas aproveitando o local que tinha uma mesa de sinuca numa área recreativa. Estávamos conversando sobre coisas aleatórias até que chegamos no fatídico momento de contar histórias de terror que aconteceram conosco.

Eu era o único que não tinha nada propriamente aterrorizante pra contar, como a história de uma fazenda mal assombrada de um deles, porém eles tinham contos cabulosos para contar. Digamos que eu sou facilmente impressionável e passei alguns dias aterrizado pensando em coisas fantasmagóricas que poderiam acontecer comigo enquanto eu estava sozinho em casa.

Parece algo bobo mas talvez seja isso que esteja tirando meu sono a noite, não sei dizer ao certo. Continuei obviamente indo ao trabalho porém meu rendimento estava muito baixo já que a todo momento meus olhos imploravam para serem fechados. Foi o que fatidicamente aconteceu em uma sexta no final da tarde.

Quando faltava um pouco mais de uma hora para encerrar o expediente eu concluí que não conseguiria produzir mais nada de útil, então resolvi debruçar-me sobre a mesa e tirar um cochilo. Imaginei que teria apenas um sono leve e quando as pessoas fossem embora eu acordaria com o barulho geral, porém isso não aconteceu.

Quando despertei já era dez horas da noite e não havia mais uma alma viva naquele prédio, exceto claro pelo segurança mas ele ficava na entrada do prédio no térreo enquanto eu trabalhava no décimo terceiro andar. Juntei minhas coisas depressa, limpei a poça de baba que tinha se formado na minha mesa e fui em direção a porta.

Fiquei feliz pela consideração dos meus colegas de pelo menos deixarem as luzes acesas. Comecei a pensar que meus amigos podiam ter me acordado porém depois imaginei que eles sabiam que eu estava tendo dificuldade para dormir, então talvez pensaram que não havia problema em me deixar aproveitando o sono daquele momento.

Quando cheguei na entrada da sala, levei uma mão ao interruptor para apagar as luzes e com a outra fiz um movimento para meu celular acender a lanterna. Quando desliguei tudo vi que as lâmpadas deram uma pequena piscada. Achei que talvez fosse algo normal e fui para o elevador através do corredor escuro, tendo o led do celular como única fonte de iluminação.

Quando estava no meio do corredor a lanterna do celular começou a falhar em um ritmo compassado. Voltei meu olhar para a porta da sala e as luzes de lá também estavam piscando. Me assustei e corri até o elevador, batendo loucamente o dedo no botão como se aquilo fosse o fazer chegar mais rápido no andar.

Assim que as portas se abriram eu me disparei para dentro, apertando o botão do térreo o mais rápido possível. Enquanto a porta se fechava eu pude ver que na entrada da sala onde eu trabalhava estava uma sombra alta me observando. Eu não conseguia enxergar sua feição ou roupas por conta da intermitência da iluminação, mas eu também não queria voltar lá pra descobrir se aquilo era alguém vivo ou não.

Quando cheguei no térreo as luzes estavam normais porém o corredor estava diferente. Normalmente nas paredes existiam fotos da empresa e das pessoas que trabalhavam ali espalhadas pelos dois lados e, próximo a porta principal, havia uma aparador com espelho onde uma simpática placa de madeira com o nome da empresa ficava apoiada.

Entretanto, quando prossegui o caminho vi que nas paredes haviam pinturas no lugar das fotos e o aparador fora substituído por uma balcão onde um homem estava sentado folheando uma revista. Me aproximei e ele me olhou com uma cara confusa. Ele não era nem um pouco parecido com o segurança do prédio e quando olhei pela janela vi que não havia nenhuma guarita onde ele normalmente ficava.

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⏰ Última atualização: Oct 22, 2020 ⏰

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