I. Agente

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Carta de n° 1

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Carta de n° 1. Celeste


Querida Celeste,


Sei que não gosta quando começo minhas cartas desta forma, sei também como sabe que nunca são bons frutos; mas imagino que conheça meus motivos. Recusei a oferta de Tia Mariela, jamais me adequaria a vida de moça bem portada que uma vida com ela me proporcionaria. Você mais do que ninguém, minha amiga, é testemunha de como sou uma moça que nunca esteve a par dos padrões. Sempre suja de lama pelas caminhadas escondidas com meu cavalo, enquanto todas aprendiam sobre postura e segurar uma xícara adequadamente.

Achei por toda a vida, que o problema estava em mim, mas talvez eu precise encontrar um lugar onde os que estão ao meu redor não vão me encarar se eu estiver de beiço cortado e ter acabado de dar uma surra em alguém por não me submeter a opressores ou para defender uma empregada da casa. Preciso encontrar pessoas com valentia correndo em suas veias, percorrendo todo o seu corpo. Acredito na grandiosa mulher que você vai se tornar, você nasceu para ser exatamente como é; perdoe-me por não fazer merecer todas as vezes em que me defendeu, acreditando em algo que eu poderia vir a ser. Mas nós duas sabemos que nunca iria acontecer. Não sou e nunca serei a frágil Beatriz Urquiza.

Sei que parece precipitado e me mataria se estivesse aqui, mas encontrei alguns endereços em cartas antigas de meu pai, acredito que sejam parte de todas as ligações que ele tentava mantê-las discretas, das quais minha mãe tentava me manter longe, nos levando para um passeio na cidade, espero que ainda se lembre disso. Tenho esperanças de que isso me ajude a descobrir o que de fato está por trás dos mistérios de sua morte repentina. Escreverei sempre que for possível, nada de telefonemas, ok? Ainda sou eu, sempre serei. Mas preciso descobrir quem está por trás da garota que só burla regras. Meu verdadeiro eu.

Estou piscando em sua direção. Bia.






Quando você cresce as pessoas esperam que você tenha maturidade o suficiente para tomar suas próprias (e sábias) decisões. Eu fiz a minha, bom, a primeira e mais importante de todas que pode mudar todo o meu futuro e parece cada vez mais difícil cogitar que pode ter sido uma péssima decisão. Ao olhar pela janela deste trem e pensar que estou deixando tudo que conheço para trás a covardia me envadia como uma criança pequena que corre para os pais suplicando ajuda, mas então você percebe que elas já não estão lá.

Após o falecimento de meus pais, as pessoas esperavam que eu estivesse pronta para assumir as responsabilidades que nunca consegui, que pudesse fazer jus ao legado Urquiza sendo a garotinha de ouro que fui moldada para ser, mas percebi que eu precisava ir a um lugar onde minhas escolhas não fossem medidas de cabo a rabo, tendo pessoas ao meu lado que fossem de igual para igual.

Havia pegado o trem pela manhã, me despedindo de todos logo bem cedo, o que havia sido difícil. Nunca havia arriscado sair de nossa pequena cidade, deixar tudo para trás foi como deixar uma parte de mim. Algumas lágrimas e palavras encorajadoras se fizeram presentes quando abracei meus empregados um por um, estiveram sempre presentes e eu gostava de tratá-los como minha própria família. Eles foram meu grande suporte principalmente depois da morte dos meus pais.

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