Capítulo 9

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Nós acompanhamos a doutora até a sala, nos sentamos. Eu já estava começando a ficar aflita, várias coisas passavam pela minha cabeça, imaginando o que poderia ser tão estranho, mas antes que eu chegasse em alguma conclusão, ela começou a falar:

- Então, eu não sei como isso aconteceu, é como se num passe de mágica o sangue de vocês dois se tornasse um só, não houve tempo nem para o organismo dele aceitar ou não. – Ela começa a falar e eu e Draco, quase que ao mesmo tempo, olhamos um para o outro.

- Como assim, o transplante deu certo ou não? – Pergunto.

- Deu certo até demais, eu nunca vi algo assim na minha vida, todos os pacientes que eu já tive demoram cerca de duas ou três semanas para que o organismo se acostume com o novo sangue e a nova medula óssea, mas o do filho de vocês não levou um dia. Quando a enfermeira responsável foi lá no quarto verificar como ele estava reagindo, vocês devem ter visto, que ela checou várias coisas e por último o sangue, não foi? – Nós concordamos. – Só que quando ela foi analisar o sangue dele não havia mais nada, ela veio correndo me avisar e quando eu vi, fiquei muito surpresa. Por incrível que pareça, ele pode sair hoje mesmo do hospital, mas mesmo assim vai ter que continuar com acompanhamento médico, caso isso seja só um alarme falso.

Eu fiquei tão feliz que não conseguia falar nada. Draco agradeceu por tudo que ela havia feito, pegou todas as informações e medicamentos que seriam necessários e nós saímos da sala dela e voltamos para o quarto que Scorpius se encontrava com Narcisa. Assim que entramos no quarto, ela levantou do sofá e veio correndo e fazendo várias perguntas do tipo, "o que ela disse? ", "Está tudo bem com o meu neto? ", parecia uma metralhadora de tantas perguntas, até que eu e Draco começamos a rir do desespero dela e ela olhou para nós dois com cara de interrogação.

- Mãe, está tudo perfeito, tão perfeito que ele vai para casa hoje mesmo. – Draco responde no meu lugar, a expressão de Narcisa variava entre felicidade e surpresa.

- Mas...Mas como...Como isso é possível? – Perguntou gaguejando.

- Parece que "magicamente" o meu sangue e dele se misturou na mesma hora. – Draco continua falando e na hora do magicamente dá uma risada.

- Meu Merlin, isso é incrível. – Colocou as mãos na boca e veio me abraçar. – Eu falei que iria dar tudo certo, não falei?

- Falou, sim. – Respondo a abraçando de volta.

– Agora vamos arrumar esse menino lindo para sairmos desse lugar. – Ela fala se aproximando dele e fazendo cosquinhas, ele riu tanta que deve ter tido dor na barriga. Depois de um tempo conversando, a doutora veio dar a alta a ele e partimos para a minha casa.

Ao chegarmos em casa, Scorpius pegou a mão de Draco e saiu puxando, levando-o em direção ao seu quarto, enquanto isso, eu e Narcisa ficamos na cozinha conversando.

- Quando você vai contar para ele sobre o mundo bruxo? – Depois de um tempo conversando sobre coisas sem importância ela pergunta.

- Para ser sincera, antes de tudo isso acontecer, eu tinha pensado em dizer só quando ele tivesse a primeira demonstração de magia ou quando recebesse a carta de Hogwarts, mas agora eu não faço ideia. Eu sei que uma hora ou outra ele vai descobrir, mas eu tenho medo.

- Mas Hermione, ele é um bruxo como nós, ele tem que saber. Talvez se ele descobrir sozinho pode ser pior, pensa em quando você descobriu que era bruxa, deve ter sido um choque quando recebeu a visita de Dumbledore avisando que você era uma bruxa, você quer que ele passe por isso ou você prefere que ele saiba agora? – Quando ela falou isso comigo eu comecei a me lembrar da minha reação e a dos meus pais no dia que a carta chegou e decidi que não quero isso para o meu filho.

- Me dê só um tempo para pensar em uma maneira de contar sem que ele fique perdido. – Narcisa concordou.

Eu e ela ficamos conversando por bastante tempo. Narcisa era uma mulher muito legal, carinhosa, compreensiva, amorosa, e principalmente, protetora, se ela gostasse de uma pessoa, não importa quem seja ou o que ela fez, Narcisa a defenderia quando, onde e de quem fosse.

Depois do que eu escutei no tempo de Hogwarts naquela conversa entre Draco e Blásio, que nunca existiu, eu achei que ela nunca tivesse gostado de mim, que só tivesse fingido para que sua família ficasse com uma boa fama, e por isso eu fiquei um pouco magoada, afinal de contas, naquela família, além de Draco a única pessoa que eu achava que gostava de mim de verdade, tinha pedido para que Draco fizesse aquilo, porém ao descobrir que tudo foi uma armação de Lucius e de Astória, eu lhe devia um pedido de desculpas, mesmo que ela não soubesse tudo o que eu tinha pensado ou falado sobre ela, eu me sentia na obrigação de fazer isso, então antes que saíssemos da cozinha, eu falei:

- Narcisa, que queria te dizer uma coisa, mas eu não sei nem por onde começar.

- Do começo. – Ela falou brincando, para descontrair. – Desculpa, não aquentei, pode falar estou te ouvindo.

- Então, quando eu escutei aquela conversa entre Draco e Blasio, eu fiquei com muita raiva dele, mas uma parte de mim ficou bastante magoada com o que você tinha pedido para ele fazer, eu pensava que você gostasse de mim e depois que minha mãe morreu por causa da guerra, eu passei a te considerar você e a Molly, o mais próximo de uma mãe que eu tinha, só que ao ouvir aquilo, foi como se eu tivesse perdido de novo a minha mãe, não sei se você consegue me entender. Eu imaginei que você tivesse fingido gostar de mim e depois que eu ouvi aquilo, fiquei com um pouco de raiva de você, então agora que eu sei o que realmente aconteceu, queria pedir desculpa pelas coisas que eu pensei sobre você.

- Mas é claro que eu te desculpo, Hermione, se eu estivesse no seu lugar e a mãe de Lucius fizesse algo parecido eu ficaria do mesmo jeito, ou talvez bem pior, você nem precisava ter se desculpado. – Assim que termina de falar abre os braços para que eu a abraçasse. – Vem cá, minha filha, me dá um abraço. – Eu corro para abraçá-la.

Enquanto nos abraçávamos, ouvimos um barulho vindo do corredor em direção a cozinha.

- Para, eu vou falar com a minha mãe. – Ouço a voz de Scorpius, enquanto ele ri.

- Eu não tenho medo da sua mãe. – Ele fala o desafiando e rindo.

- Ah é, ela já te bateu duas vezes para fazer mais uma vez não custa. – Ele cruza os braços no exato momento que entram na cozinha.

- O que está acontecendo? – Os dois olharam para mim e para Narcisa ao mesmo tempo e Scorpius veio correndo na minha direção.

- Mamãe, ele tá fazendo cosquinha em mim, fala pra ele que não pode, eu não gosto. – Fala fazendo biquinho.

- Quem tem que falar isso para ele é você, não eu, vai até lá e fala para ele: " papai não faz cosquinha em mim, por que eu não gosto, tá bom? " E faz esse biquinho que fez agora. – Falo e assim que termino, viro ele de costas para mim o empurrando em direção a Draco.

- Papai, não faz cosquinha em mim, por que eu não gosto, tá bom? – Ele fala fazendo exatamente o que eu disse.

Draco olha pra mim com cara de desconfiado e depois olha para Scorpius. A mudança de expressão de Draco foi a coisa mais fofa que eu vi no dia de hoje, foi de desconfiado para cheio de amor. Olhei para Narcisa e ela estava sorrindo, e assim eu percebi que ter ido atrás de Draco foi a coisa mais certa que eu fiz.

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