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    A nuvem de poeira subiu nublando o dia antes ensolarado, a área onde estávamos foi devastada, gritos desesperados eram ouvidos a quilômetros de distância.

Tudo era confusão e dor.

    Minha mente girando em um pedido mudo: _ Ai, tá doendo muito eu não consigo respirar. NARUTO ME AJUDA!!!

    E mais uma vez me sento na cama assustada, e mais uma noite sou assombrada pelo pesadelo horrível que sempre me perturba em noites tensas como essa. E lá vou eu nesse meu maldito ritual de todas as noites, passos lentos, pé após pé indo em direção a cozinha pra beber um pouco de chá.

Três dias.

Já fazem três dias.

Desde que Naruto saiu de casa minhas noites se resumiram a isso, pesadelos, choro e chá.

    Sei que estou sendo egoísta; de novo, sei que ele está certo em se sentir traído, sei que não o mereço. Eu fiz tudo errado; de novo. Mas eu o quero de volta. Quero aquele sorriso largo, quero aquele abraço acolhedor, quero o meu amor de novo pra mim.

    Mais um nascer do sol que assisto da janela de nossa sala, mas dessa vez não estou ouvindo o seu ressonar ao meu lado, não sinto o calor do seu corpo onde me aconcheguei tantas noites depois de longas conversas recheada de risadas e carinhos.

Sinto sua falta.

    Ando por essa casa como se não pertencesse mais a ela, meus passos são pesados, pela culpa, pela saudade, pela dor. Reconheço meu erro, mas não estou pronta a abrir mão do meu ego, não posso voltar atrás e dar o braço a torcer.


***


    Pronta para mais um dia o observando de longe, as roupas ninja me ajudam muito nessa tarefa e me camuflam bem. Naruto está tão abatido que sinto vontade de correr em sua direção e abraçá-lo forte, dizer que eu estou aqui e que entendo sua posição, mas mais uma vez eu não posso. Se eu fizer isso ele terá vencido e eu não estou pronta pra perder.

    Seus ombros estão caídos, os sorrisos que ele direciona as pessoas que o cumprimentam é raso, sem chegar até os olhos. Os cabelos úmidos denunciam o banho recente, mas a roupa está amarrotada sem dúvidas ele vestiu a primeira coisa que encontrou na mochila. Meu coração não aguenta o assistir assim, pior é saber que em dois dias terei de dar minha resposta a ele. Se eu sair da ANBU ele se dará por satisfeito, mas e eu? Eu vou conseguir abrir mão? Eu QUERO abrir mão?

    _ Hinata.

    _ Shikamaru?! Você quase me matou do coração, não ouvi você se aproximando.

Ele sorriu pequeno, sem humor e sei que ele está tão arrasado quanto eu. E tudo por minha culpa, está cada vez mais sufocante ser eu.

    _ Desce Hina, precisamos conversar.


***


    _ Shika estamos aqui a quase meia hora, eu já tomei dois cafés e você ainda não me falou nada. O que houve? Por que você me procurou?

Após longos segundos me encarando assisti meu amigo soltar um longo suspiro e levar a mão até a nuca antes de começar a falar.

    _ Hinata, você sabe que eu te adoro não sabe?

Assenti com a cabeça sentindo um buraco se formar em meu estômago, Shikamaru nunca foi o tipo de pessoa que distribui elogios sem uma finalidade.

Nunca maisOnde histórias criam vida. Descubra agora