Após uma série de acontecimentos ruins que transformaram a vida feliz de Harper Simmons em uma vida triste e solitária, não restava muita a ela que não fosse arrastar seus dias monótonos, culpando-se por escolhas que fez no passado e pensando se em...
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21 de maio, quinta-feira
09:15PM
Abro a boca, prestes a dizer "oi", ou qualquer coisa que eu consiga. E não consigo. Começo a chorar outra vez e estendo meus braços, como a garotinha mimada que essa família costuma me fazer ser. Catarina ri e revira seus olhos, encerra a ligação e se aproxima a passos largos, ajoelhando e me puxando para os seus braços, explodindo em meu peito uma das melhores coisas que eu poderia sentir, segura e amada.
— Meu amor — indaga, apertando-me a ponto de roubar boa parte do meu ar — droga, Abby, que saudade!
— Me desculpe...
— Ela está assim desde que chegou?
— Assim como?
Afasto-me de Catarina, vendo meus pais afirmarem. Ela ri e segura meu rosto, analisando-me com cuidado, buscando entender o que nossos pais tentavam entender antes. Empurro suas mãos e cruzo meus braços, virando o rosto para o lado. Não sei o que querem dizer com "assim", afinal, não estou de forma alguma.
Agora lembrei o que me incomoda tanto: para eles sou uma criança que não sabe falar sobre os próprios sentimentos. Ou talvez saibam que sou uma boa mentirosa e estão sempre procurando a sujeira...
— Madrinha!
A garotinha Nora é a minha salvação, correndo do hall com seus braços abertos e se lançando em meu colo. Assim tira a atenção que sua mãe tinha sobre mim. Nora se encolhe em meus braços, rindo e me apertando, e me fazendo notar o quanto senti falta de estar em casa. Senti falta desses abraços, dessa sensação de ser bem-vinda e tão amada. Fazendo-me até crer que todo esse tempo vivi tampando buracos em meu peito, que sós e completam com essas pessoas.
