Após uma série de acontecimentos ruins que transformaram a vida feliz de Harper Simmons em uma vida triste e solitária, não restava muita a ela que não fosse arrastar seus dias monótonos, culpando-se por escolhas que fez no passado e pensando se em...
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24 de dezembro, quinta-feira
10:11AM
É estranho estar em casa na véspera de Natal ou simplesmente não ter saído com minha mãe, Melanie e as crianças para fazer compras. Hoje é definitivamente um dia estranho, mas não veria como sair para comemorar qualquer coisa ou fazer preparos para o Natal. Além desse estranho sentimento que essa data traz, minha barriga está enorme e meus enjoos são constantes. Mais constantes desde ontem, é claro.
Queria que Killian não tivesse ido viajar, assim não estaria sentada sozinha no sofá da nossa sala observando Sr. Potato rosnar para o Elfo Toby. O pobre elfo só está "a serviço do Sr. Noel", sentado no canto da sala como uma pelúcia deve estar, mas para o cachorro isso é um crime e deve ser vigiado vinte e quatro horas por dia!
Faço uma careta e suspiro outra vez.
Minha cabeça volta a ser tomada por pensamentos quando encaro a enorme árvore no canto da sala, cheia de presentes embaixo. Amanhã fará três anos. Três anos desde o dia em que soltei a sua mão e a deixei para trás, e eu estive contando e sentindo intensamente cada segundo desses três anos. De forma dolorosa e avassaladora. Na véspera disso, tudo ficou pior, é claro. Por mais que as coisas sejam diferentes agora, a culpa que sinto nessa data ainda é o mesma, mesmo quando meu marido está se empenhando tanto para tentar encontrar Robin, me fazendo pensar sobre Lily também.
É coisa demais!
Não consigo mais ficar parada aqui nesse maldito sofá sentindo tudo isso. Preciso sair um pouco e acho que sei para onde ir. Quando me ergo, encarando a árvore, sei exatamente o que quero fazer: encerrar de uma vez por todas essa parte da minha vida. Não sei se Robin voltará hoje ou voltará em qualquer dia, mas há algo que venho pensando há alguns meses e preciso fazer.
Está na hora de enfrentar isso.
Volto ao meu quarto hoje pela décima vez, com esse sentimento acelerando meu coração e a noção me obrigando a vestir roupas quentes. Coloco meias, botas, um vestido e sobretudo e por fim, para enfrentar o frio lá de fora, coloco meu gorro, cachecol e luvas. Estou agasalhada e gorda! Olhando no espelho só consigo notar a barriga imensa que carrego, na verdade, a bebê que me faz ter essa barriga imensa. Já são oito meses e ainda não consegui me adaptar a ideia de ter outra filha, sentindo nos últimos dias que estou ocupando o lugar de Robin com outra criança.
