⤷twenty-eight

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LANCASTER, olivia.

Eu esperava que minha família continuasse olhando de um modo ameaçador e intimidador para o Nathan, mas foi só o garoto entrar que foi recebido por abraços e elogios.

Só faltou todo mundo latir para o Nathan, isso me deixava irritada. A única pessoa que ficou estranha foi o Mark. Provavelmente meu primo estava aprontando alguma, já que ele ficou um bom tempo conversando a sós com minha vó.

Todos estão reunidos na sala apreciando algumas histórias vergonhosas sobre mim, enquanto a dona Esther arrumava a mesa de jantar.

Revirei meus olhos e olhei para tia Melissa, que estava encarando Nathan. Essa mulher não sabe nem disfarçar, deve estar julgando o coitado pelo pensamento pra depois falar mal.

— A comida já está na mesa, venham. — Vovó Esther apareceu na sala, com um pano nos ombros. Ela mantinha um sorriso dócil no rosto.

Fui a primeira a levantar do sofá, sendo seguida pelo resto do pessoal. Entrei na sala de jantar e respirei fundo, sentindo o aroma da comida adentrar minhas narinas. Comida de vó tinha até um cheiro diferente.

— Querido, eu fiz frango com o meu molho especial. — Ela falou assim que Nathan parou ao lado dela. — Espero que não seja um daqueles animais que seu povo pensam que são mágicos.

— Que? — Tio Freddie foi o primeiro a ficar confuso. Pousou a mão na testa da Esther e ficou encarando ela.

— Mark disse que ele é seguidor de hinduísmo, então pensei que você fosse indiano também. — Ela ficou mais confusa ainda. Todos voltaram a atenção para Mark. Ele assobiou e prestou atenção na comida.

— Mark Lancaster, eu vou te dar uma surra. — Vovó falou ao perceber que era mais uma das pegadinhas dele. Tirou o pano do ombro e foi tentar acertar nele, mas o desgraçado apenas soltou uma risada e desviou.

Ignorei todos e fui terminar de colocar minha comida. Me sentei na cadeira e Mark se sentou de frente para mim, Katerina ao lado dele e Nathan ao meu lado. Tio Freddie aproveitou e se sentou também.

Já tínhamos colocado a comida no prato, enquanto os mais velhos estavam jogando conversa fora.

— Nathan, você tem algum irmão solteiro? — Katerina perguntou esboçando um sorriso sacana nos lábios.

— Não, mas tenho alguns amigos. Se quiser posso te apresentar depois. — Nathan respondeu todo educado, mas não conseguiu segurar uma risada nasal.

— Ótimo! — Ela assentiu com a cabeça animada, antes de dar uma garfada na comida. — Tem que ser alguém que tenha fetiche em ser fiel e corno.

Tio Freddie se engasgou com a comida e rapidamente pegou a garrafa de vinho, nem se deu ao trabalho de colocar na taça.

— Porque a tia Anne e Daisy não vieram também? — Mark tentou fazer com que o clima não ficasse tão desconfortável, depois o que Katerina falou.

— Ah, elas disseram que hoje era o dia de jogar fofoca fora e falar mal da família. — Vovô Maycon falou ao se aproximar da mesa e se sentou. Pegou um prato para colocar comida, junto com os outros que pararam de conversar para vir comer também.

Típico das duas. Elas adoravam falar mal de todo mundo, principalmente da Melissa.

Comecei a comer em silêncio e apreciar o sabor da comida. Não é todo dia que minha vó ficava de bom humor pra cozinhar.

Minha paz foi embora em menos de um minuto, quando meu pai começou a falar.

— É lindo ver a Olivia namorando, pensei que ela fosse ficar encalhada pro resto da vida. — Ele disse, fazendo uma feição boba e orgulhosa para mim. Me segurei muito pra não revirar os olhos.

— Isso é ótimo. — Minha mãe visivelmente animada. — Posso jogar na cara das outras pessoas que a Olivia tem alguém.

Levantei o olhar e pude perceber que ela encarava a tia Melissa.

Eu não tinha um minuto de paz nessa família, agora eu entendo o quanto a Melissa sofre.

— Não podemos esquecer que a Katerina e o Mark estão encalhados. — Freddie falou em um tom zombeteiro.

— Por que você e a Clarisse terminaram? — Perguntei depois de engolir a comida. Clarisse era a namorada mais legal que Mark tinha arrumado, comparado as outras.

— É complicado, mas já estamos se resolvendo. — Mark disse dando de ombros, como se não estivesse nem ai.

— Eu espero que ela não volte com você. — Katerina foi a primeira a alfinetar Mark, antes de Freddie. — Eu voltaria, mas não sou o exemplo pra ninguém.

Mark revirou os olhos e mostrou o dedo do meio para ela. Mas acabou recebendo um tapa da vó Esther.

Virei minha atenção para Nathan e ele estava quase se matando de rir, assim como os outros. Beijei a bochecha dele, me esquecendo completamente que estava com raiva. É impossível ficar com raiva dele.

Ele podia tentar ser o mais intimidador possível, mas era só dar um sorriso fofo que perdia toda a postura. A covinha na bochecha dele ficou visível, quando ele sorriu.

— Olivia já falou que te ama? — Katerina perguntou, fazendo com que eu desviasse a atenção do moreno. Ela estava sorrindo também, enquanto encarava nós dois. — Ela costuma ser muito precoce com essas coisas, sabe? É só abraçar a Olivia que ela já demonstra todo o amor do mundo. Emocionada demais!

Arregalei os olhos com a pergunta da Katerina. O clima ficou tenso logo após Nathan negar. Todo mundo encarou Katerina seriamente, e ela se tocou logo depois.

— Foi um prazer conhecer vocês, mas tenho que ir ver o que a Hope quer. — Nathan falou inventando uma desculpa qualquer, sem nem ao menos terminar a comida. Ele sorriu um pouco forçado e acenou, antes de sair do cômodo.

Eu vou te matar. — Falei para Katerina.

Respirei fundo, jogando minha cabeça para trás e olhando para o lustre da sala de jantar. Tudo estava dando errado na minha vida.

𝑪𝑨𝑳𝑶𝑻𝑬𝑰𝑹𝑨 • 𝒏𝒂𝒕𝒆 𝒎𝒂𝒍𝒐𝒍𝒆𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora