CAPÍTULO 20

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*** capítulo sem correção ortográfica ***

Ayla

Quando acordo Thales não está mais do meu lado, ele se foi e tenho certeza de que ele sequer dormiu meu coração acelera ao lembrar que ele esteve aqui comigo, como nos velhos tempos. Quer dizer, não tanto assim.
Nas outras vezes eu não senti como se fosse morrer se não o tocasse, nem que meu corpo inteiro se desmancharia quando ele me olhava, nunca senti meu coração disparar ao ouvir ele dormir e nunca, jamais imaginei coisas enquanto ele me beijava.
Ele nunca me beijava.
Meu coração ainda está acelerado e ele piora quando lembro a forma como ele estava sobre mim, sua boca na minha, meus pensamentos confusos e agitados. E depois, como me senti em paz ao segurar a sua mão enquanto adormecia olhando para seu rosto lindo.
Deus, foi apenas um beijo e me sinto como se tivesse entregado muito mais do que isso a ele.
Demoro um pouco para levantar, tenho a sensação de que no momento em que eu passar por aquela porta vou acordar e perceber que tudo o que aconteceu ontem foi um sonho. Me viro de lado abraçando o travesseiro em que ele deitou e tentando sentir o seu cheiro, fecho meus olhos e repasso o nosso beijo por tanto tempo que só quando meu pai grita meu nome é que percebo que estou atrasada para a escola.
— Já vou! — grito enquanto enfio a camiseta pela cabeça, visto uma calça jeans e coloco meus tênis, gostaria de poder me arrumar um pouco mais, passar um batom talvez ou sei lá, mas não tenho tempo e me obrigo a pensar que ele ainda é o Thales, o meu2 melhor amigo que já me viu nas piores situações e mesmo assim ainda me beijou na noite passada.
— O que houve? — meu pai pergunta quando nota que estou passando manteiga no pão a mais de dois minutos.
— Nada. — digo sem olhar para ele.
— A Ayla tá apaixonada... a Ayla tá apaixonada... — Guilherme começa a cantarolar e Marcos bate palma.
— Querem parar? — exijo tentando fazer cara feia, mas os gêmeos ignoram e continuam cantarolando.
— A Ayla gosta do Thales... a Ayla gosta do Thales.
— De onde vocês tiraram isso?
— Eu ouvi ele no seu quarto ontem a noite. — Marcos fala e sinto meu rosto esquentar.
— Vocês estão malucos! — minha voz soa um pouco histérica demais quando tento fazer eles pararem de falar e dou graças a Deus por minha pele escura ou estaria vermelha como um pimentão.
Okay, talvez nesse momento nem mesmo a minha cor seja capaz de esconder meu embaraço... droga! os gêmeos ouviram tudo.
— Já chega meninos, vão escovar os dentes que já estamos atrasados. — meu pai ordena enquanto se levanta retirando as coisas da mesa, ele aguarda até que ouve os meninos brigarem no banheiro para ver quem escova os dentes primeiro e volta a se sentar na minha frente.
Ai. Meu. Deus.
— O senhor não está acreditando naqueles dois pestinhas não é?
— Ayla, eu vi o Thales ir embora essa manhã, eram cinco e quinze para ser mais preciso. — ele une as mãos em cima da mesa e nesse momento eu daria um rim para poder desaparecer.
— Não é o que o senhor está pensando. — começo a falar e me complico com as palavras.
— Não é? Ótimo, mas eu não nasci ontem Ayla, eu sei bem o que um rapaz quer quando entra no quarto de uma garota na calada da noite.
Escondo meu rosto em minhas mãos enquanto meu pai descreve o que houve ontem entre mim e Thales como algo sujo e errado.
— Talvez o senhor não saiba de tudo pai. — falo tentando me defender, mas a forma como ele me olha me faz sentir do tamanho de uma ervilha.
— Ayla eu gosto do Thales, gosto de verdade e você sabe disso, mas você é minha filha e a sua segurança está em primeiro lugar para mim.
— Meu Deus, o senhor acha o que? Que o Thales vai me matar? — começo a ficar nervosa e a combinação constrangimento mais irritação é algo muito perigoso.
— Claro que não, eu só não quero que você se deixe levar pelos... — ele pigarreia e sinto o sangue sumir do meu rosto. — Hormônios.
Abro e fecho a boca algumas vezes e me levanto deixando meu café da manhã intacto sobre a mesa.
— Eu preciso ir, estou atrasada. — pego minha mochila no chão ao meu lado enquanto meu pai me olha como se eu tivesse feito algo errado. — Só para o senhor saber, ontem eu dei o meu primeiro beijo, então se contar o fato que demorei nove anos para beijar o garoto que eu gosto, acho que o senhor pode ficar tranquilo que não vou me deixar levar por hormônios. — me viro para sair da cozinha no exato instante em que os gêmeos entram como se fossem uma manada de búfalos selvagens e não apenas dois garotos.
— Pai o Marcos bebeu enxaguante bucal. — Marcelo dedura o irmão.
— Eu só queria deixar minha barriga limpinha. — ele justifica e logo a gritaria começa.
— A gente ainda vai ter uma conversinha mocinha, eu, você e o Thales. — meu pai grita enquanto fecho a porta sem me preocupar em responder. Tudo o que eu não preciso é enfrentar uma rodada de “como os bebês são feitos com o meu pai”
Fecho o portão com um pouco mais de força que o habitual e me assusto quando encontro Thales sentado ao lado dele.
— Deus do céu, você quer me matar? — coloco minhas mãos sobre meu peito fingindo que meu coração está batendo acelerado só por causa dele. Thales se levanta jogando a mochila nas costas e ignorando minha pergunta.
— Vamos ! — sua voz ainda parece um pouco sonolenta e um sorriso se desmancha em meus lábios quando ele segura minha mão e começamos a andar exatamente como sempre foi.
— Por aqui. — ele me segura pelo cotovelo e viramos para o outro lado.
— Porque vamos dar a volta no quarteirão? — pergunto sem compreender porque ele parece tenso e estamos quase correndo.
— Não quero passar na frente da minha casa. — ele olha para ela enquanto justifica e não falo mais nada, sei pela forma com que ele desvia o olhar que as coisas não devem ter terminado bem para ele.
— Você dormiu bem? — ele pergunta mudando de assunto enquanto solta meu braço e enfia as mãos nos bolsos da calça de moletom e olha para seus pés.
— Sim, senti sua falta. — admito e me sinto patética por expor assim meus sentimentos para ele. Me sinto estranha, como se minhas palavras dissessem muito mais do que deveriam e culpo o beijo por isso.
— Eu também. — ele diz, mas não me olha e isso faz com que eu sinta que há algo que tirou o encanto do nosso beij.
— Você conseguiu dormir?
— Não... — Ele olha para um grupo de alunos que está na nossa frente, Thales parece ainda mais  tenso e olha para todos os lados como se estivesse fugindo de algo. ou de alguém.
Imito seus movimentos, encarando as pessoas como se fossemos perseguidos da justiça.
— Thales, você está be...
Ele me puxa para uma viela empurrando meu corpo até que sinto o choque da parede sobre minhas costas e antes que eu possa pensar em algo, sua boca está sobre a minha, me beijando de um jeito intenso, confuso e sufocante, enrosco minhas mãos na barra da sua camiseta puxando-o para mais perto de mim já que minhas pernas parecem prestes a perder suas funções, Thales segura meu rosto em suas mãos e se afasta um pouco ofegante.
— Eu precisava fazer isso. — ele diz e tudo o que consigo fazer é olhar para a sua língua passeando por seu lábio e para o pomo de adão que se move em seu pescoço bonito me deixando com vontade de beija-lo bem ali.
— Aham... — é tudo o que sai da minha boca porquê de repente me sinto uma assanhada e tudo o que consigo pensar é em como sua perna se encaixou entre as minhas e como ele parece.... perto demais.
Ele percebe meu estado e sorri, meio de lado, torto, fazendo com que seus olhos brilhem. Eu amo seu sorriso, ele aquece meu coração e faz eu me sentir como se pudesse flutuar.
Thales olha para os lados mais uma vez antes de voltar a me beijar, dessa vez um beijo sinto como se ele precisasse me beijar o máximo possível, como se precisasse tocar cada cantinho da minha boca com sua língua e cada pedacinho de mim com suas mãos porque elas estão por todos os lados, subindo e descendo e me deixando zonza.
Estou tão feliz que tenho a sensação que vou contar e descrever cada um dos beijos que ele me der para sempre, porque cada um deles é especial e único, como se fosse o ultimo e o primeiro.
Sua boca se afasta da minha para descer por meu pescoço causando arrepios em minha coluna e me fazendo arfar. Sinto algo...duro em seu corpo e meu coração dispara com a velocidade com que tudo está acontecendo.
— Meu pai viu você saindo do meu quarto. — digo porque preciso que ele pare de me beijar assim.
— Viu? — ele se afasta passando a língua novamente sobre seus lábios que agora estão rosados por causa dos nossos beijos.
— Uhum. Ele acha que nós...
Não termino de falar e pela expressão de Thales percebo que ele não compreendeu, respiro fundo sem coragem de completar a frase, não enquanto ainda sinto seu... corpo, agitado e minhas bochechas começam a esquentar.
— O que? Ele falou isso? — Thales finalmente compreende e tenho a sensação que vou explodir de vergonha.
— Ele falou algo sobre hormônios e... — coloco as mãos no rosto incapaz de olhar para ele.
— Mas que merda eu tomei cuidado para não fazer barulho. — ele se afasta de mim passando as mãos na nuca e olhando para os dois lados da rua novamente, como se estivéssemos sendo vistos. — E o que você disse?
— A verdade, que ontem eu dei o meu primeiro beijo.
Ele volta a olhar para mim e seu rosto se ilumina com a surpresa e o sorriso que surge em seus lábios é tão grande que faz com que ele se pareça com o meu antigo Thales, aquele que embora calado, sempre tinha um sorriso para mim.
— Não foi seu primeiro beijo. — ele me provoca e meu Deus, porque estou me sentindo uma maria mole hoje? Será que daqui para frente sempre me sentirei assim na sua presença?
— Claro que foi.
— Como? E aquele dia?
— Não, é só que aquele foi... — fecho os olhos quando as lembranças daquela tarde chuvosa me invadem e quando sinto meu corpo agitado com o toque dos dedos de Thales em meu rosto começo a compreender o que meu pai quis dizer com hormônios, tenho a sensação de que posso sentir cada um deles gritando dentro do meu corpo nesse momento.
— Foi... — ele sussurra em meu ouvido.
— Triste. — falo rapidamente, de olhos fechados.
Thales se afasta e abro os olhos, ele está me olhando como se estivesse me vendo pela primeira vez na vida, seus braços estão em volta de mim e seus lábios comprimidos como se ele estivesse se contendo.
— Triste? — ele repete e faço que sim com a cabeça.
— Sim, como se você estivesse... — respiro fundo com medo de afastá-lo com minhas palavras. — Tentando me punir.
Thales dá um salto para trás e toda a cor some do seu rosto fazendo com que eu me arrependa imediatamente do que disse.
— Eu nunca te puniria por nada.
— Eu sei, só...
— Nunca mais diga isso.
— Thales, ei, eu só quis dizer que o beijo de ontem foi mais... gostoso.
Thales parece não me ouvir mais, ele caminha de um lado para o outro, as mãos cruzadas na nuca enquanto ele encara o chão sujo da viela onde estamos.
— Thales. — puxo seu braço tentando traze-lo de volta para mim e meu toque faz ele se encolher e uma expressão de dor surgir em seu rosto.
— Te machuquei? — passo a mão no lugar e até mesmo o meu toque o faz se encolher.
— Não, claro que não. — ele puxa o braço de forma arisca e só então percebo que Thales está usando uma camiseta de manga longa, mesmo com o dia prometendo uma temperatura alta já a essa hora da manhã.
— Thales.
— Ayla por favor. — ele me implora, encaro o local onde minha mão está nesse momento e não digo mais nada, ele desvia o olhar e sinto meu coração se apertar por saber que machucaram ele. Volto a tocar seu braço, dessa vez ele não se encolhe, nem se afasta e faço um carinho desejando poder fazer o machucado sarar.
Thales olha para onde minha mão está, seu rosto está sério e sei que ele está guardando muita coisa para si, isso não é legal, minha vó sempre me diz que precisamos desabafar, que ajuda a aliviar a dor e que dividir o fardo faz com que ele se torne mais suportável. Eu quero dividir o fardo com ele, só não sei como fazer isso.
— Ele te viu chegar né? — sussurro sem olhar para seu rosto e mesmo sem esperar nenhuma resposta, continuo. — Você sabe que sempre pode falar comigo não sabe?
Ele assente enquanto encara minha mão que sobe e desce por seu braço, Thales volta a se aproximar enroscando os dedos em meus cabelos de um jeito bruto e quando sua boca se coloca sobre a minha novamente sei que nossa conversa acabou.
— Eu prefiro fazer outra coisa.  Vem cá. — ele me puxa pela nuca e me beija novamente, a cada beijo ele se torna mais ousando, mas gostoso e mais longo e começo a ficar realmente preocupada com o quanto eu gosto de beijar o meu amigo.
Não sei quanto tempo passamos aqui, escondidos do mundo, fingindo que nada de ruim pode nos alcançar nessa viela suja e escondida, nos beijando, nos tocando, nos conhecendo, enquanto eu finjo que não sei que esse garoto que se parece com o meu Thales, que cheira como ele, que tem sua voz e seu sorriso, não é o Thales.
Ele é apenas uma carcaça e nesse momento, está me usando como um subterfugio para fugir da dor que o está destruindo, e estou tão apavorada em perde-lo que eu deixo.

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Olá pessoal!!!
Conforme prometido, aqui está o capítulo extra em comemoração aos 6k

E um capítulo lindo e cheio de carinho para acalmar nossos corações 

Sei que os corações  estão apertadinhos com as últimas descobertas e que temos muitas perguntas.

Mais uma vez convido a todos para participarem do nosso grupo de leitores no WhatsApp,  lá podemos discutir mais sobre os capítulos e as novidades que ainda virão.

https://chat.whatsapp.com/CSDuSCC9Zvx3SWVdbgYkfi

Um bom domingo a todos!

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