Prólogo.

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Mais uma vez me desperto subitamente durante a madrugada. Sinto o suor gélido escorrer em minhas têmporas direto para meu maxilar. Sento-me na cama e esfrego o rosto na tentativa inválida de afastar as memórias repetitivas que invadem meu sono constantemente. Por que isso está acontecendo? Por que dia após dia isso acontece comigo? Procuro meu par de pantufas com os pés enquanto faço um coque frouxo e pego meu celular sobre o criadomudo ao lado da cama. Desço as escadas cuidadosamente para não acordar o resto da casa e me encaminho para a cozinha, em busca de um copo d'água para me acalmar.

- Teve um pesadelo de novo, querida?

Pulei ao ouvir minha mãe atrás de mim acendendo as luzes da cozinha.

- Mama! Que susto! - coloquei o copo sobre a pia e me virei para olhá-la. - Sim, sonhei com aquilo outra vez.

— Se quiser posso te marcar com um psicólogo, mi hija.

- Não mamãe, eu não sou louca, estou bem sã. Não preciso ir ao psicólogo.

Ouço minha mãe rir enquanto me abraça e afaga meus cabelos.

- Certo. Vá descansar, em algumas horas você tem aula. - beijou o topo da minha cabeça.

***

Ouço o despertador e agradeço mentalmente por não ter que tentar voltar a dormir. Passei a noite praticamente em claro, depois de sonhar com aquelas cenas a ansiedade tomou conta do meu corpo.
Me arrumo brevemente para a escola e desço as escadas correndo. Apressada, acabo acertando meu pé na perna da mesa da cozinha, fazendo a mesma balançar e eu cair no chão.

- Kaki! Você está bem? Se machucou? - Meu pai perguntou pondo seu café na mesa.

- Sim, tudo bem, papa. - Disse levantando rápido e ajeitando minha roupa que agora está amassada. - Só quero ir logo para a aula.

- Hmm, parece que alguém está ansiosa. - Minha mãe disse recolhendo os pratos da mesa e os pondo na pia.

- Quem sabe. - dou de ombros enquanto pego algumas frutas - Talvez acabe mais cedo se eu ir mais cedo.

Hoje será meu primeiro dia no terceiro ano do ensino médio. É óbvio que eu me sinto ansiosa, é ao mesmo tempo uma nova fase, e o fim de um ciclo na minha vida! Felizmente, eu tenho meus amigos comigo. Não imagino como seria ter que passar por essa selva emocional e física sem ter apoio.

- Estou indo. - Mordi uma maçã e afaguei os cabelinhos de minha irmã mais nova, Sofi, que estava sentada a mesa, queita, tomando seu café - Até mais tarde, amo vocês!

Bati a porta e então parei para respirar fundo. Preciso ir arrumada e causar uma boa impressão. Não que seja para impressionar alguém, mas preciso me sentir assim. Preciso me sentir no controle, sentir que sei onde cada coisa vai dar, se não eu desmonto.

- Hey, vaca! - Dinah passa por mim me sacudindo.

- Dinah! - abraço minha melhor amiga - Que saudade eu tava de você!

- Você me viu semana passada, nanica.

- Mesmo assim, você é um pedaço de mim, não sei o que faria sem você.

Fomos conversando e caminhando até paramos na frente da escola. Várias pessoas se abraçando, algumas jogando uma bola de futebol americano, um casal se pegando no canto, e finalmente (menos importante) as garotas que eu odeio. Hailey Baldwin, filha de um milionário, esnobe, estúpida e escrota; Ariana Butera, se acha porque canta bem e tem os pais ricos. Consegue ser mais baixa do que eu e prefere que a chamem de Ari e que não usem seu nome "Butera" para se referirem a ela, prefere seu sobrenome "Grande" (convenhamos, de grande essa garota não tem nada). E por último, Normani Kordei. Ela na verdade não parece ser ruim, só tem más companhias.

Eu vi você morrerOnde histórias criam vida. Descubra agora