13.

21 1 0
                                    

o céu estava tão pálido que se eu o olhasse por tempo suficiente sentia-me fundindo aquele nublado claro.

e pensar que sou como poeira em um universo tão vasto. vivemos tentando nos encaixar, mas não somo feitos para nos encaixar: nem em nós mesmos, nem na nossa outra metade. não somos uma metade.

me senti sozinha, mas eu estava rodeada de mim, rodeada de pensamentos, rodeada de todas as pessoas que eu amei.
e nos imaginei, não da maneira como queria que fosse, mas da maneira que é.

é difícil pra mim trilhar sozinha, viver na agonia da solidão. mas tenho você, mesmo temendo. as vezes eu tropeço no que digo, e acabo me expondo, acabo mostrando algo de mim que não queria que você visse.

sou intensa, quero tudo em abundância, quero você em abundância. mas tudo é muito pouco para quem sente muito, nos acostumamos com algo e então estamos entediados, implorando no silêncio por mais, muito mais, porquê mais uma vez, nos afogamos na monotonia.

acho que era isso que eu tinha medo, que não fosse o suficiente, que eu não fosse suficiente. mas a verdade é que eu sou demais, sou ambiciosa e não quero me rebaixar. gosto de ser demais, de menos tem de monte.

eu espero um sinal, de que você não irá me deixar caso eu chore, grite e esperneie que -mais uma vez- estou cansada.
por que eu me canso em dias, me canso em minutos. me canso de digitar, então preciso ouvir tua voz, me canso da sua voz e então preciso ver seu rosto, e no final, me canso de você por inteiro, e então me canso de mim.

e odeio o fato de ter medo de você, medo de dizer tudo o que se passa dentro de mim, medo de te assustar. não te conheço o suficiente para dizer se você está acostumado com a intensidade.
e eu quero dizer, quero colocar tudo para fora, porém tenho medo da sua fuga. tenho medo que fuja porque você não estava preparado.

e então, eu me encontro sozinha no lago de pensamentos da minha cabeça. onde eu me afogo, mas (sempre) sei como sair.

sei que consigo viver sozinha, a solidão é uma companheira na qual eu não posso me cansar, pois a mesma sempre me acompanha. sei que consigo seguir sozinha caso tudo desapareça. mas depois que se acostuma com algo você nunca irá querer menos que isso.

não quero te prender a mim, quero que saía quando bem quiser. vá embora e siga, ou então, fique comigo, podemos isso dar certo até que achemos quem realmente nos completa -da maneira que quer que completamos.

[31/10/2020]

après des blessuresOnde histórias criam vida. Descubra agora