37.

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eu fui perdendo o fogo, sabe?

esse sentimento foi diminuindo até algo muito, muito pequeno. e agora eu não consigo mais tocar.

é como se estivéssemos em lados opostos de uma sala, estamos no mesmo lugar, mas não estamos juntos.

e o que me incômoda é o fato de eu acender toda vez que você conversa comigo. o que me incômoda é o fato de que eu não consigo te desligar, te calar, te largar, te esquecer.

preciso te ver uma última vez, preciso do meu livro de volta e preciso te beijar. e então talvez fique mais fácil dar um ponto final -ou talvez seja pior ainda.

e a minha cabeça quer algo completamente diferente do meu corpo. minha cabeça quer fugir pra bem longe e fantasiar sobre você. já meu corpo, bom, ele quer seguir os conselhos. quer se afastar, quer se livrar desse emaranhado que você está me enrolando.

você não vê? me tem bem na palma da sua mão. me diga uma frase bonita e eu vou cair de novo. te odeio por isso.

a necessidade de você as vezes amanhece pequena, quase ridícula, some uma ou duas vezes e depois volta lá no fundo do peito, insignificante, irritante. e as vezes amanhece gritante, pulando e dançando, quase querendo saltar para fora do peito. fica martelando e esperando. xingando e bajulando. turbulenta e escandalosa.

e as vezes, sinto como se estivesse na sua geladeira. talvez o que você sinta por mim seja um grande fingimento, no qual você mesmo caiu. estou aqui, esperando por você, me mande uma mensagem e você terá minha atenção. sou quase como um serviço. e a única pessoa afetada por isso sou eu, você é quem saiu ganhando.

talvez eu esteja fechando os olhos, tampando os ouvidos e quase me mudando de país somente para não ver o que está bem na minha frente. talvez seja muita empatia, muita expectativa e esperança. em vão.

[14/05/21]

après des blessuresOnde histórias criam vida. Descubra agora