34.

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tw: automutilação 

sozinha.

sempre termino sozinha. mesmo depois de tantas tentativas, eu ainda estou sozinha. estou sempre sozinha e não aguento mais essa solidão. essa exaustão de estar em uma constante busca por alguém para preencher esse vazio. e vou deixando pedacinhos pra trás. saio cada vez menor, fraca, machucada. e não deixo lembranças.

fico frustrada, magoada, angustiada, constrangida, substituída. um grande peso. eu faço de tudo, tudo por você. por todos vocês. dou tudo o que eu tenho de bom e de ruim e me afundo nisso como se fosse a última vez que eu pudesse amar. e não recebo nada em troca. fico nas migalhas.

e então me encontro sozinha, escutando as mesmas músicas, em uma briga constante dentro de mim. essa dor nunca vai embora. tento concerta-la com todas as distrações possíveis, mas é impossível de calar. essas vozes, essa culpa, esse peso extraordinariamente meu. somente meu. não aguento mais segurar isso.

eu continuo retrocedendo, querendo externalizar essa bagunça inacabável.

talvez se sangrar um pouco, talvez se eu comer mais uma vez, talvez se eu continuar na cama. se eu der um ponto final.

continuo insistindo no erro e esperando que talvez agora seja diferente. mas não é, nunca é. nunca vai ser.

quero que doa tanto que me faça esquecer, quero que doa tanto que me faça estabilizar. quero que doa tanto que eu consiga tirar de mim. que vaze pelos meus braços e pernas até que eu possa seguir em frente. a tristeza extrapola os limites, e então se torna raiva. a mesma raiva inconsolável de todas as vezes que eu escuto aquela música, todas as vezes que vejo aquelas fotos, todas as vezes que leio aquelas mensagens, leio aqueles textos, vejo aqueles anéis idiotas, escuto a playlist dedicada a você.

a cada recaída, eu me afundo mais. e não vejo a hora de não conseguir mais sair daqui. de estar tão presa que eu não tente mais uma vez.

nunca mais.

après des blessuresOnde histórias criam vida. Descubra agora