Capítulo 15.

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Camila.

  Alguns dias depois...

  Existem tarefas que são difíceis demais para uma pessoa da minha estatura, tais como: pegar um pote que está lá no alto da puta que pariu, trocar uma lâmpada, se inclinar e beijar Shawn - porque, aquele homem é um poste ambulante -, passear com seu pastor-belga sem quase cair pelo menos umas cinco vezes... Thunder tem quase uns trinta quilos, me arrastar para ele, com certeza, não é nenhuma dificuldade. Por mais que eu corra um risco de ser levada por aí, saio com ele sempre que posso, esse garotão precisa se exercitar.
O que eu mais evito é ir no parque que tem próximo a meu apartamento, o motivo? Sempre está cheio de cachorros por lá, cadelinhas no cio, então meu menino não se controla, é o extinto. Mas hoje eu resolvi levá-lo até lá, ele gosta de ir então, mima-lo sempre será minha prioridade.

— Thunder, estamos indo ao parque — seus olhos escuros brilham em excitação, oh merda,  por favor, tenta ser suave comigo, gentil e não esquece da educação que eu te dei. — Ele é um garoto esperto, eu sei disso, seu latido foi como uma resposta de que: sim mamãe, eu vou ser educado.

Hmmmm... A quem eu quero enganar, em?

A primeira coisa que ele fez ao avistar o parque foi começar a correr como um louco, sem que eu sequer esperasse, então sua coleira escapou por minhas mãos e tudo o que me restou foi sair correndo atrás dele.

— THUNDEEEEEER! O QUE FOI QUE EU TE DISSE SOBRE SER EDUCADO?! — Corro como uma louca atrás dele e sinto minhas perninhas, curtas além da conta, queimarem.
— THUNDER SEU CACHORRO MAL, VEM AQUI. — Será que eu sou tão idiota assim ao ponto de acreditar que o Thunder ia me ouvir?

— THUNDER VEN AQUÍ AHORA — grito. — Soy una tonta, bestia, ¿cómo podría... — Paro de resmungar em espanhol e vejo o sem vergonha ir até uma cadelinha, a dona dela me olha feio por Thunder ir cheirar o rabo da cadela e tudo o que posso fazer é lhe dar um olhar de desculpas.

Com dificuldade, caminho até ele minuciosamente pegando de volta o puxador, semicerro os olhos para ele e sua língua vai para fora como se nada tivesse acontecido, seu olhar sapeca me mostrou que ele tinha um total de zero arrependimentos, que o fato de das minhas pernas curtíssimas estarem doendo agora não era sua culpa.

Ah, descarado!

— Eu te digo para ser educado e você sai correndo na primeira oportunidade? Assim não dá para confiar em você Thunder! — Seguro firmemente a coleira e o levo até o banco, me acomodo ali enquanto ainda tento recuperar o ar que eu perdi.

  De repente minha atenção é tomada por alguém que estava parado conversando com uma mulher, uma pessoa muito familiar até, eu conheço aquelas costas já arranhei elas mais vezes do que posso contar, aquela tatuagem na parte traseira do braço lhe denunciou.
A mulher tocava seu peito, braço, ombro, tudo o que podia enquanto conversava com ele, gargalhando a todo momento, a coisa toda ficou pior quando vi ela enlaçar sua cintura, se inclinando na direção de sua boca... Vejo vermelho. Uma angústia toma conta de mim e quero matar essa mulher por estar perto demais do que não é dela.
Shawn se esquiva, deixando que ela beije apenas sua bochecha. Estou cega por um ciúme que nunca senti igual.

  Perto demais, íntimos demais para o meu gosto.

Quero arrancar a mão dela por passar pelos lugares que eu tanto gosto. Será que ela não está vendo o chupão no pescoço dele? Ou os arranhões no ombro? Faça-me o favor, ele tem dona...

NÃO, ELE NÃO TEM!

Storm estava ao seu lado parada, com cara de paisagem — aprende Thunder —, da minha visão periférica vejo ela ainda tentando beija-lo, ela é alta, loira, bonita demais para o meu gosto.
Oh Deus. Sinto o gosto amargo do ciúmes me corroendo e quero tira-lo dali, de perto daquela mulherzinha que com certeza tem todas as chances do mundo de ser a namorada que ele tanto quer. Engulo em seco, me repreendendo por estar me sentindo desse jeito, eu fui a primeira a dizer sobre os "não sentimentos", não posso começar a criar isso agora. Ele não me pertence, não é nada meu, não posso exigir, nem cobrar nada, tampouco menos ir lá, matar essa lambisgóia por estar perto dele.

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