— Você é linda!
— Não, eu não sou.
— Claro que você é.
— Eu não tenho dentes.
— Eu não gosto de dentes. Você é perfeita do jeito que é.
— Por que eu estou com esses pregos na perna, então?
— São apenas decorativos. Não influenciam na sua real beleza. São apenas adornos.
— Está doendo.
— Vou te dar outro remédio, pode ser?
— Tá. E pó?
— Sim, também, vamos drenar juntos. Vamos ficar meio doidões.
— Vamos? Está doendo mesmo. Você ainda pregará outro ou posso sair da maca?
— Não, fica aí. Eu vou dizer quando sair. Não seja estúpida.
— Desculpa.
— Você é de uma categoria inferior, eu deveria ter mais paciência com você… E essa cara de choro?
— Tá doendo. Muito.
— Ah, frescura sua. Nem cheguei a pregar o osso. Depois eu apliquei anestesia, não apliquei?
— Sim, mas está passando o efeito. Está doendo. Muito.
— Você está se repetindo. Não seja uma boca aberta. Daqui a pouco vou te dar a morfina, mas agora vou te foder.
— Você quer que eu saia daqui?
— Eu mandei você sair daí? Mandei? MANDEI?
— não…
— Então porque você acha que eu quero que você saia? Vai, me explica essa, inteligência.
— Não sei. Desculpa.
— Claro que você não sabe, idiota. Levanta essa perna e põe no meu ombro.
— Não consigo. Está doendo. Por favor.
— Cala a boca e faz o que eu mandei. AGORA.
— Não consigo.
— FAZ! NÃO CHORA. NÃO CHORA PORRA! MERDAAA…
— …
— Escuta, vamos fazer o seguinte, eu só quero te foder e ver os pregos de perto, não precisa fazer esse escândalo todo, aposto que não tá doendo nada. A garota da semana passada nem abriu a boca, agora você que é minha veterana, minha PRE-FE-RI-DA, esta aí, fazendo graça.
— A-a ga-garota da semana passada estava morta!
— Não é desculpa. Vamos, baby. Você sabe que eu te amo. Não seja ranzinza. Vamos baby, vamos…