Capítulo 2

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- Eu acho que sim, Boscha – Skara ajeitou a roupa cuidadosamente. - Vamos fazer uma semana de teste, se elu provar sua utilidade, elu fica, se não conseguir – Ela gesticulava calmamente. - Elu para de andar conosco

- Achei justo – Boscha sorriu e olhou o demônio à sua frente.

- E-eu não hei de discordar – Elu passou a mão delicadamente nos cabelos que lhe caiam a frente dos olhos e segurou o capuz com a mesma mão, não tinha 100% de certeza se aquilo seria o melhor para si mesmo, mas pelo menos ficaria perto de Boscha. - Se estão de acordo eu também estou. - Skara acenou para alguém, o que chamou a atenção do demônio.

Logo o grupinho de amigas de Boscha e Skara se aproximaram, as apresentações foram feitas, a quantidade de pessoas deixou Beast um pouco acanhado. A garota de cabelos platinados tratou de explicar o porquê de ê alune nove estar com elas, todas concordaram que aquela podia ser uma boa ideia. Quando o grupo entrou na escola, indo em direção de seus armários, ês demais alunes não deixaram de perceber "a pessoa nova" que andava junto do grupo da Boscha, tanta atenção deixava o demônio desconfortável, esperava não ser descoberto de forma alguma.

A bruxa de cabelos rosados não deixou de perceber a forma que o demônio agia, toda aquela atenção também não lhe era confortável, não mais, não depois daquilo, sua vontade era de se aproximar dele e conversar, tentar animá-lo ou algo do tipo, mas ela não foi, por dois motivos 1. Não poderia demonstrar fraqueza e 2. Mesmo se pudesse, não saberia como agir, ela nunca, em situação alguma, soube como apoiar emocionalmente as amigas... talvez esse fosse o motivo para Amity ter ido embora? Ah, a Blight, Boscha havia evitado aquela garota desde o que aconteceu no jogo, isso sem admitir que já a estava evitando antes.

Isso era algo que Beast poderia simpatizar, ela também estava numa missão de evitar todo e qualquer contato com um Blight, seus motivos são diferentes, mas as duas tinham isso em comum. Como era o meio do semestre, Beast ainda não tinha um armário designado, aparentemente todos estavam ocupados ou em algum tipo de manutenção, ela precisou concordar em não ter nenhum lugar para guardar seus livros e cadernos até que aparecesse alguma vaga, não havia realmente se preocupado com isso, anos tendo o armário invadido e vandalizado lhe ensinaram a nunca guardar nada neles, a menos que ela realmente não gostasse do material didático, o peso dos livros em sua bolsa era grande, nada que um bom par de músculos não aguentasse.

O grupo foi se dispersando à medida que cada membro ia até seu armário e depois classe, até que só restasse uma Boscha despreocupadamente recolhendo seus materiais que seriam utilizados naquela aula e uma Beast tentando ao máximo descobrir por contra própria onde seriam as aulas de ilusionismo, sua primeira matéria do dia, o desespero que estar perdida lhe causava foi bem claro para a bruxa, não havia ninguém em volta delas, claro, faltava pouco para o início das aulas, então a rosada decidiu estender a mão e ajudar a novata.

- Qual sua primeira aula? - Ela disse baixo e no tom mais despreocupado possível.

- Ilusionismo – O demônio mordeu o interior do lábio inferior numa ação involuntária, estava nervoso, era claro, havia seguido a deixa da outra e usado um tom baixo. A resposta deixou a mais nova pensativa.

- Acho que eu sei qual a sua sala – Ela explicou exatamente como chegar na tal sala, Beast ficou em total silêncio e com os olhos grudados nos pés da garota a sua frente, ouvindo tudo com a maior atenção. Quando terminou de receber as direções, o demônio repetiu as mesmas mentalmente, decorando da melhor forma possível antes de novamente erguer a cabeça e olhar Boscha.

- E-entendi, obrigada – Ele abriu um leve sorriso e tirou um óculos do bolso, colocando no rosto cuidadosamente. Aquilo lembrou a de cabelos rosas de Willow, essa lembrança deixou-a nervosa e Beast percebeu. – Boscha... tudo bem? - Elu falou da forma mais baixa, porém audível que pôde

- S-sim – Boscha se afastou um passo. - Melhor eu ir pra minha sala, s-senão - Ela estava pronta pra fugir, quando sua mão foi segurada com delicadeza, mas firme o suficiente para fazê-la parar.

- Respire curto, solte longo – Elu fez o exercício de respiração. - Assim, faça comigo – Elu fez isso mais uma vez, dessa vez Boscha imitou o ato, fizeram o exercício 5 vezes, quando chegaram ao último a rosada se sentia mais calma – Pronto, agora você pode ir, tenha uma boa aula e cuidado com os espíritos distratores - Elu usou um tom divertido pra última parte.

- Obri-

- Não precisa agradecer – Beast a interrompeu num tom doce e seguiu pela direção dada por Boscha anteriormente, deixando pra trás uma rosada confusa.

O demônio seguiu seu caminho pelos corredores, conseguiu, com algum milagre, achar sua sala de primeira, se juntando a um "velho" amigo, Caliste, que lhe guiou pela matéria até que Beast entrasse nos trancos, dalí foi ladeira abaixo, elu era um demônio inteligente que aprendia rápido e sua amiga sabia disso. As aulas passaram incrivelmente rápido pro demônio latino, cada matéria uma nova alegria, um novo aprendizado, era, com toda certeza, um grande nerd com n maiúsculo.

Já para Boscha, as aulas passaram lentas, principalmente aquelas em que dividia turma com qualquer um dos amigos de Willow, ou até a própria, ela se manteve em silêncio em todas as aulas, não queria receber sequer um único pingo de atenção desnecessária, uma ou outra vez sua mente viajava para longe da matéria em direção a um demônio sempre encapuzado, ela não fazia a mínima ideia do porquê, mas Beast lhe causava um forte sentimento de curiosidade, talvez fosse o olho de duas cores ou quem sabe o fato de nunca tirar o capuz ou talvez os espinhos nos ombros? Não, não poderiam ser os espinhos, eles não eram tão especiais assim... quem sabe fossem as marcas na face? Ah, sim, Boscha tinha reparado nas linhas rosadas nas bochechas delu, bem como nas azuladas no queixo, a sombra do capuz as disfarçavam, mas elas se sobressaiam com a proximidade. Nunca havia visto ninguém com marcas como aquelas e também nunca havia conhecido alguém que agisse como elu, com um respeito exagerado, parecia até mesmo um servente. 

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