As aulas passaram calmamente, Beast e Boscha quase não se viram, parecia que elu não estava usando os corredores ou que talvez elus só estivesse usando corredores diferentes? Ou elu tinha desistido de continuar sendo amigue de Boscha e a estava evitando? O nervosismo subia pela coluna da rosada, sua ansiedade lhe perturbava sem pausa.
A verdade? Beast decidira não andar durante aquele dia e ia e voltava pelos corredores montade em seu bastão, sempre com um feitiço de ilusão para manter-lhe escondide do olhar de curioso, não era normal que uma bruxa tivesse um bastão ainda na escola, mas, bem, elu não era uma bruxa normal, com certeza não.
Quando por fim o intervalo, ou como Beast chamava, recreio, chegou, finalmente a rosada pôde se encontrar com ê garote, que lhe recebeu com um sorriso doce e amigável, o que fez com que seu medo de que elu tivesse repensado sua decisão desaparecesse, depois de se sentarem à mesa, uma conversa fluiu entre o grupo, uma que até mesmo ê novate participava, não tão engajade quanto o resto, mas ainda assim não estava em total silêncio, aparentemente levara as palavras pronunciadas por Boscha de forma séria, talvez estivesse mesmo sendo elu mesme agora, de certa forma era um exemplo que a própria queria seguir.
Com um leve suspiro, ela voltou a comer, sem tirar a atenção das palavras trocadas entre suas amigas, Beast escrevia algo em um papel e, levando em consideração o interesse de Skara, provavelmente era uma música, os olhos bicoloridos delu prestavam uma atenção extra ao papel, como se essa fosse uma música que carregava uma pressão maior que a do dia anterior. O motivo era que sem Caliste, Beast sentia-se meio incomodado em trabalhar nas canções que provavelmente performariam em conjunto sozinho, era melhor prepararem juntos, se sentia mais seguro com a ajuda do melhor amigo.
- Beast, você tá esquecendo sua comida – Bo apontou com certa preocupação. - Você tem que se alimentar bem pra manter a saúde
- Oh, é mesmo, gracias – Elu soltou docemente, comendo um grande pedaço de seu lanche, por algum motivo, que não era capaz de entender, o ar da mesa pareceu pesar. - O que... tá... rolando...?
- Você fala a mesma língua estranha da humana? - Quem perguntou foi Cat.
- Espanhol? Sim... - Ê garote inclinou a cabeça pro lado. - Ume prime me ensinou, por que?
- Pensei que apenas humanos falassem essas línguas estranhas – Boscha falou sem pensar muito, mas logo se arrependeu ao perceber o olhar indignado dê novate.
- Estranhas? Pois saiba que espanhol é uma língua linda – Elu franziu o cenho, claramente um tanto irritade. - E também é uma língua irmã de uma das minhas línguas maternas, o português, não é porque é diferente que é estranho – Beast cruzou os braços.
- Desculpa – O tom genuíno da voz da rosada fez com que suas amigas lhe olhassem com certo espanto, com exceção de Skara, que a olhava com orgulho.
- Perdoada, mas tome mais cuidado com as palavras – O demônio suspirou e voltou a comer. - Deveria dar uma chance às coisas, ao invés de simplesmente julgá-las baseado em sua falta de saber sobre ela
- Quando Boscha disse pra você se soltar eu não imaginei que você fosse começar a dar patada – Skara brincou, fazendo com que o grupinho soltasse uma leve risada conjunta, parte do ar pesado que rodeava a mesa se desfez.
- Mas eu sou um cachorro, o que eu faço é dar patada – O tom brincalhão ajudou a dissolver ainda mais aquele clima desconfortável, não demorou muito e a conversa mais confortável retornou.
Porém, Beast sabia, podia sentir, literalmente, que suas palavras haviam afetado o grupo todo, talvez agora elas fossem pensar mais antes de fazer algo contra alguém, em especial Luz? Ou talvez fosse apenas uma pulga atrás da orelha que fosse ser ignorada? Para ser sincero, ele não fazia a mínima ideia, esperava com todo o coração que fosse a primeira opção, torcia para que conseguisse diminuir, nem que fosse um pouco, a quantidade de bullying vivenciado pelos alunos de Hexside, se conseguisse seria a primeira conquista realmente grandiosa que teria em tempos ou talvez a segunda.
Já Boscha martelava as palavras do demônio de olhos parcialmente heterocromados, queria se lembrar delas, decorá-las, decodificá-las, aprendê-las, como faria para realmente dar chances a coisas novas? Sua mente lhe sussurrou que um primeiro passo seria, talvez, não se fechar ao novo? Fazia sentido, muito sentido, não podia negar, mas depois de tantos anos presa na mesma ordem, no mesmo ambiente, na mesma pressão, seria capaz de mudar? De se tornar alguém melhor?
Seus olhos se guiaram timidamente na direção da mesa onde Willow, Luz e Gus faziam um certo fuzuê, brincavam os três, a garota de olhos azulados sabia bem que Amity provavelmente os observava com uma paixão clara no olhar, ela era péssima em esconder, mas Boscha era autoconsciente o suficiente para saber que não era muito melhor que ela, já que seus três olhos eram sempre guiados na direção da mesma mesa que hipnotizava sua ex-amiga, mas seu foco era diferente que o dela e, torcia, seus sentimentos também.
Não estava apaixonada, com certeza não, não era possível que estivesse, olhava Willow simplesmente porque a garota havia provado ser alguém com poder e que era totalmente capaz de derrotar Boscha dentro de seu próprio jogo... certo? Nesse ponto a de cabelos rosa já não fazia ideia, se estivesse mesmo apaixonada, que direito tinha? Havia passado ANOS no pé da meia bru- não, aquele apelido idiota não, a Park não era uma meia bruxa, não, essa era a própria Boscha, Willow se provara poderosa e incrivelmente forte, enquanto a rosada apenas provara ser tão fraca que precisou recorrer a uma regra injusta para vencer.
Willow jamais sentiria por Boscha o que ela, talvez, quem sabe, sentia por ela e, sinceramente, ela tinha todo direito de nunca querer ver o rosto da de três olhos de novo na vida, mesmo que fossem obrigadas a se encontrarem quase todos os dias de suas vidas por conta da escola, a rosada passava a sentir vergonha de suas decisões passadas, seus olhos desviaram-se à sua refeição, não tinha direito de gostar da Park, nada que fizesse, nem toda a mudança do mundo apagaria o que fizera, se tornava cada vez mais consciente disso... mas o que será que Willow sentia ao vê-la? Talvez... seria possível que Beast pudesse ajudar-lhe a descobrir o lado de suas vítimas?
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A melhor versão de você
FanficApós a partida contra Willow e suas amigas, Boscha se sentia estranha, deixada de lado, se sentia menor, não sabia como reagir a esses sentimentos e pior, não sabia como escondê-los. Beast é um jovem demônio de passado sombrio e misterioso, mudou-s...