Capítulo 10

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'' Há muito tempo atrás era apenas uma menina, agora estou me reconhecendo como uma mulher.''

— T.Q.O.

DARYA.

Acordo com o incessante bater de meu avô na porta, esse ato poderia ser confundido com uma cena de filme se em algum momento ele gritasse falando que a casa estava em chamas, já que geralmente quando uma pessoa bate a porta do seu quarto em uma manhã de domingo de uma maneira tão desesperadora, é de se esperar que a casa esteja em chamas e quem está a bater é um bombeiro, mas não nesse caso:

—O que foi vovô?—Falei abrindo a porta e dando de cara com o mesmo, que vestia um avental escrito em português "O mundo não dá voltas, ele capota" que fora um presente de Bryana, que por algum motivo era aficionada pelo Brasil .

—Chegou um presente para você.—O encarei esperando que dissesse mais alguma coisa que justificasse me acordar às seis da manhã em um domingo.—É só isso.—Diz ao perceber que eu esperava uma continuação.

—Você é inacreditável.—Suspiro sabendo que após já estar acordada não conseguirei dormir novamente.—Vou me arrumar e já desço.—Fecho a porta e sigo em direção ao banheiro.

Escovo meus dentes evitando me olhar no espelho e encarar meu estado que eu tinha certeza ser deplorável, eu nunca entenderia esse pequeno fato, segundo as lendas ao redor do mundo que eu conhecia, sereias eram mulheres sensuais que seduziam os marinheiros para o fundo mar, então porque eu não era assim?. Apesar de agora ter meus 18 anos eu não parecia ter isso, conhecia garotas de 14 anos que pareciam ser bem mais velhas do que eu, com corpos que pareciam ser mais formados que o meu, e eram mais bonitas.

Como sereia eu não deveria ser diferente? Ao lavar meu rosto o encaro no espelho, notando a confirmação do que estava falando, uma sereia que é um ser místico não deveria acordar com o cabelo dessa maneira, parecia que eu nunca havia penteado os cabelos na vida.

Passo as escorva em meu cabelo sentindo minha cabeça doer ao sentir os fios se desemaranhar, tento manter meus pensamentos em outras coisas, afinal não era legal começar o dia destruindo minha autoestima por algo que eu não posso controlar, troco meu pijama por uma roupa decente e desço para tomar meu café da manhã e ver o tal presente que havia chegado:

—Coloquei seu presente em cima da mesinha na sala.—Meu avô diz ao notar minha presença na cozinha.

—Obrigada, antes de abrir vou comer um pouco.—Sorrio para o meu avô que acabava de tirar as panquecas do fogo.—Bom dia.—Falei para Eros que se encontrava tomando uma xícara de café enquanto lia o jornal.

—Bom dia.—Suas palavras são dirigidas a mim, mas seu olhar permanece no jornal.

—Pelo visto as notícias estão mais interessantes que eu.—Indago sentado à mesa e me servindo com um pouco de cereal.

—Talvez.—O garoto levanta seus olhos e pela primeira vez desde o momento em que encontrei os focaliza em mim.—O jornal está marcando grandes ondas para hoje, e isso não é bom sinal.

—Do que está falando? geralmente as ondas tendem a ficar grandes nessa época do ano.—Contestei sua preocupação.

—Se eu estou falando é porque é algo sério, essas ondas têm tendência a ficar cada vez pior.—Explica deixando o jornal de lado.—Mas não há nada que podemos fazer, e a primeiro momento não tende a ser devastadora.—Assenti concordando com suas palavras.—O que me importa agora é seu treinamento.

—Achei que estava indo bem.—Comento confusa.

—E está, mas hoje quero treinar combate, afinal seus poderes são ativados por sentimentos, então há uma chance de por algum motivo eles falharem e precisarmos de outros meios.—Explica calmamente enquanto degusta uma torrada.

A Princesa Perdida das Sereias (Concluído )Onde histórias criam vida. Descubra agora