Capítulo 8

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"Ei, estou em casa," sussurrou Kenma, enfiando a cabeça no quarto compartilhado.  Kuroo estava deitado na cama, livro em mãos, óculos de leitura ligeiramente inclinados em seu rosto.

  Ele ergueu os olhos quando ouviu Kenma, fechando o livro e colocando-o ao lado dele. 

  "Bem-vindo de volta, como foi o trabalho?"

  Kenma estava ciente de que Kuroo agora vivia sua vida profissional através dele; ele pediu demissão da universidade alguns meses atrás e passava a maior parte do tempo no apartamento deles.

  Kuroo estava evidentemente ficando mais fraco. Passava menos tempo se movendo, mais deitado e tentando controlar sua respiração, ou lendo livros para tirar sua mente de outras coisas. Olhando para ele agora, Kenma percebeu que suas bochechas estavam ligeiramente fundas, seu rosto mais magro do que Kenma poderia se lembrar.

  "O trabalho foi bem. Estaremos lançando um jogo em alguns meses, se tudo correr conforme o planejado." Kenma se aproximou de Kuroo, inclinando-se para dar um beijo em sua testa, fazendo Kuroo cantarolar baixinho. "O que você fez hoje?"

  "Li, principalmente. Assisti ao jogo de Bo na T.V.. Me perguntei quando você chegaria em casa."

  Kenma tentou não pensar no fato de que Kuroo não era tão falante como antes, sua voz não era tão animada. Isso não o incomodava, ele estava aprendendo a conduzir conversas como Kuroo costumava fazer por ele no passado.

  "Parece um dia bom, eles ganharam?" Kenma perguntou enquanto entrava no closet, tirando o terno que tinha que usar no escritório e trocando-o por um velho par de calças de moletom e uma das camisetas de Kuroo.

  "Sim, você deveria ter visto a cortada de Bo, foi uma loucura." Mesmo sem ver seu rosto, Kenma podia ouvir a saudade na voz de Kuroo.

  Ele sentia falta do vôlei, Kenma percebeu pela maneira como olhava as fotos antigas dos dias de Nekoma, sempre gostava muito das partidas que assistiam na televisão e, no final das contas, parecia desanimado depois de cada uma.

  Kenma não sabia como consertar isso.

  Depois que ele terminou de se trocar e soltou o cabelo, ele voltou para a cama, jogando-se aos pés dela. A exaustão da vida, ao que parecia, estava finalmente o alcançando.

  "Você está cansado?" Kuroo perguntou de onde ele estava sentado, fora do alcance de seus braços.

  Kenma gemeu em resposta, esperando que transmitisse sua mensagem.

  "Trabalho é uma merda."

  "Mas você é bom nisso. Estou orgulhoso de você." A voz de Kuroo era tão sincera e séria que Kenma sentiu o calor florescer em seu peito. "Você pode superar isso."

  "Eu sei. É apenas cansativo," Kenma murmurou no colchão. Devido à infinita eternidade de reuniões, Kenma quase não tinha conseguido passar tanto tempo com Kuroo quanto gostaria. Ele detestava deixá-lo sozinho em um apartamento vazio por horas a fio. "Estou pensando em vender a empresa."

  Ele não tinha contado a ninguém isso ainda. A ideia residia no fundo de sua mente há um tempo, uma possibilidade que liberaria sua agenda, sem mencionar a significativa falta de estresse que ele estaria sob. Parecia uma vitória.

  Kuroo, por outro lado, achava que não. 

  "Você não pode vender! Isso é o trabalho de toda a sua vida desde que você estava na faculdade, vai durar muito tempo. Por que você jogaria fora agora?"

  Kenma cantarolou novamente. Ele não estava preparado para dizer a Kuroo que essencialmente jogaria fora por ele; Kuroo não precisava dessa culpa.

A Galáxia é Infinita (Pensei Que Nós Também) | Tradução Onde histórias criam vida. Descubra agora